Querida Manuela,

Escrevo-te em nome da maioria dos Portugueses.

Sei que fomos muito maus para ti, não acreditámos em nada que disseste, quando nos avisaste que estávamos na bancarrota, quando disseste que o Estado estava demasiado gordo, quando disseste que não havia dinheiro para o TGV, quando disseste que o Estado tinha posto dinheiro no BCP, quando disseste que o Sócrates não estava a ver a realidade, quando disseste que a Madeira era uma verdadeira democracia.

Andámos a criticar-te e até a gozar, chamámos-te nomes, uns mais bonitos outros mais feios. Rimo-nos quando foste ao Gato Fedorento, rimo-nos do teu cabelo e das tuas ideias relativamente às relações sexuais, rimo-nos de ti nos debates e da tua natural falta de empatia com os eleitores.

Acreditámos em tudo em que o Sócrates disse, ele sim tem uma cara bem bonita e muito sexy! Ele disse que era tudo mentira e que tu é que eras uma azeiteira, que só querias manchar a nossa imagem internacional e dar uma má imagem aos mercados em momento de crise. Ele disse que nunca tinha posto nenhum dinheiro nos bancos, para além do BPN, e que tudo na banca estava bem. Ele disse que estávamos a crescer mais que a Europa e que Portugal já estava a descolar da crise. Ele disse que ia haver mais emprego, mais empresas e mais Magalhães.

Acreditámos que o Freeport é um óptimo sítio para fazer compras mais baratas e que o Sócrates só recebeu o dinheiro por se tratar de interesse nacional. Acreditámos que Rui Pedro Soares era um velho inimigo de Sócrates. Acreditámos que a Manuela Moura Guedes só saiu de pivô do Jornal de Sexta porque ia fazer mais uma plástica. Acreditámos que só foi utilizado a Golden Share na PT para salvaguardar o fundo de pensões da VIVO, nunca se sabe quando seria necessário integrar na segurança social.

E no final do dia vemos que tu é que tinhas razão. Tudo o que nos tinhas dito era afinal verdade. O Sócrates lá ia nos contando umas histórias e nós sempre a cair que nem uns patos.

E por isso te escrevo, a pedir com todo o nosso coração que voltes… estás perdoada por nos dizeres a verdade.

A maioria dos portugueses