segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

“Truques”

Li na semana passada um comentário bastante interessante sobre a troca de palavras entre Alexande Soares dos Santos e o primeiro-ministro José Socrates. Deixo aqui para vossa leitura:
Sócrates e a boa educação
José Luís Seixas
Alexandre Soares dos Santos, empresário que nunca dependeu do Estado nem se agachou perante os poderes instituídos, constatou a evidência de que Portugal está em recessão e considerou inadmissível o Governo não esclarecer com verdade os portugueses quando deles reclama tão severos sacrifícios.
Limitou-se, pois, a denunciar o facto e a verberar o seu escamoteio. O Primeiro-Ministro ripostou descabeladamente, apodando-o de ‘rico mal-educado’, ‘mal-educado rico’ ou coisa que o valha. Como se sabe, o conceito de ‘boa educação’ de Sócrates é superlativo, plasmado, aliás, em expressões e comportamentos que integram um interminável acervo de impertinências e jactâncias. Acresce que o Senhor Soares dos Santos alertou, unicamente, para a ‘mentira’. Ora, afirmar-se que este Primeiro-Ministro mente é uma banalidade.
No Parlamento, nos jornais, na rua. E o Senhor Soares dos Santos, que assegura milhares de empregos e que insufla na economia nacional competitividade e competência, terá tanta legitimidade como qualquer dos seus concidadãos para qualificar um governante como mentiroso se acaso o mesmo exibir uma incontrolável propensão para negar a evidência e faltar à verdade.
Com o respeito devido, julgo que o Senhor Soares dos Santos não tem razão. Acho que Sócrates já não mente. Pior. Sócrates acredita ser verdade a mentira que profere…!
Concordo com tudo que foi aqui dito, mas é também verdade que Soares dos Santos quando da pergunta de um jornalista, sobre se havia algum truque para o grupo Jerónimo Martins ter bons resultados, deu uma resposta um pouco assim “Nós (Jerónimo Martins) não temos truques. Truques é lá com o Socrates”.
Esta frase não caíu bem, especialmente quando se está numa conferência de imprensa para a apresentação de resultados. Acho que institucionalmente também não cai bem. Mas não é por isso que deixo de pensar que Soares dos Santos é uma referência como empresário e que eu respeito muito.
Este fim-de-semana estava a discutir a situação do país quando alguém me disse uma grande verdade. Para essa pessoa, o FMI/EU não entrou em Portugal, não porque economicamente seja pior para o país, dado que as taxas que pagamos no mercado já são mais caras que as do FMI/EU, mas sim por uma decisão politica do regime.
Seguindo a sua lógica, essa razão punha-o muito preocupado porque, se politicamente não havia interesse, devia haver muita coisa escondida nas nossas contas que não querem que ninguém veja...
Afinal, Soares dos Santos talvez tenha razão naquilo que disse...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

De Jovem para Jovem - II

Como acho que ontem não esgotei o assunto, vou continuar a dizer o que penso sobre a crise de emprego qualificado para os jovens licenciados da minha geração.

É mais fácil um jovem recém-licenciado em gestão, economia ou engenheria arranjar trabalho, considerado ele um médio aluno, do que um excelente aluno e potencial bom trabalhador licenciado em História, Psicologia, Direito, etc. aqueles cursos que se orientam essencialmente para o sector Estado  e que hoje não têm colocação.

Mas porque é que isso se passa?

Porque o Estado engordou demais nos últimos anos, deixando de ter capacidade de absorção de mais trabalho qualificado. Também foi fomentado no Estado, a todos os níveis,  a politica de emprego para a vida que provocou uma rigidez na estrutura dos recursos humanos que neste momento é quase impossível de transpor.

Temos funcionários públicos que estão desmotivados, sem objectivos concretos e que apenas apresentam os “serviços mínimos” no trabalho. Não são valorizados o mérito, a competência e a excelência.   

Andámos a formar uma geração inteira de Doutores a quem agora não conseguimos arranjar trabalho. Têm mais competências técnicas que as anteriores gerações, estão mais motivados e com vontade de trabalhar e representam um custo mais baixo de massa salarial. Mas como já temos o “saco” cheio para os próximos 10 anos de efectivos na função pública, estes novos técnicos terão poucas possibilidades de sonhar com um posto de trabalho na sua profissão.  

Finalmente, a questão da precariedade. Sou contra os recibos verdes. É um instrumento que serve para trabalhos pontuais e nunca para um trabalho das 9 às 5 todos os dias. Mas também sou contra o “sonho” da efectividade. Quem quer por força ser efectivo é por que não tem uma verdadeira capacidade de trabalho, porque se tivesse não estaria preocupado com isso.

Quem demonstra resultados não terá concerteza receio pelo seu posto de trabalho. Quem não demonstra trabalho e não é competente, não pode ocupar um lugar eternamente deixando outros, potencialmente mais competentes, sempre de fora.

E é isto que tem matado o nosso mercado de trabalho, a procura louca pela “segurança” que criou uma rigidez no mercado de trabalho insuportável e uma falta de produtividade gritante na nossa economia.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

De Jovem para Jovem – I

Acredito que a maioria dos que acompanham este blog  julgam que o autor é um velho pessimista, um verdadeiro  “profeta da desgraça”.  Mas isso não é verdade.  Sou um jovem como muito outros, não me considero um pessimista e quem me conhece sabe que não o sou.

Escuto agora os jovens da minha geração a reclamar, como ouvimos na letra da música dos Deolinda, e já com as manifestações agendadas da “geração à rasca” prontas para descer a avenida.  Mas  será que têm razão?

Todos nós estudámos, uns mais  e outros menos,  e todos sonhámos ser alguma coisa “quando fossemos grandes”. Fizémos o 12º ano,  escolhemos e concorremos aos cursos  para aquilo que sonhávamos ser. Continuámos a estudar para nos formarmos e, tendo o futuro como horizonte, conseguir trabalhar na profissão escolhida em troca de algo ao final do mês.

Mas para muitos isto não passou de um sonho porque a realidade é bem diferente.

Arranjar trabalho só é possível para alguns e isso acaba por depender, não da qualidade de cada um como candidato, mas apenas da carreira que optou por escolher.  Aqui a diferença que os distingue são os empregadores potenciais para os diferentes cursos.

Se estão dependentes de oportunidades no sector privado é mais fácil encontrar uma saída profissional. Mas aqueles que têm, directa ou indirectamente, uma maior dependência do sector público não terão facilidade em arranjar trabalho.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Ganhar e perder no risco “Portugal”

Contínuando no tema de ontem, apresento-vos agora uma simulação de trade sobre o risco “Portugal”. Se acreditamos que Portugal, mais cedo ou mais tarde, vai ter que fazer um “haircut” na dívida podíamos apenas “shortar” um título, mas qual? E estaríamos expostos a uma posição “short” que acarretaria um “negative carry”.
Vamos estruturar então de uma forma diferente. Que tal “shortarmos” o novo título a 5 anos que tem uma cotação actual de cerca de 97% e comprássemos o título a 10 anos que cota actualmente por volta dos 82%? Ficamos neutros ao risco “Portugal” e o “negative carry” é quase anulado, dado que os cupões são quase iguais. Ficamos neutros ou quase neutros a muitos riscos excepto ao risco de “haircut”. Aí é que ganhamos dinheiro.
Então, vejamos. Em caso de “haircut” da dívida é estabelecido um valor de “corte” da remuneração de 20%, 30% ... logo se verá qual será. Esse valor será aplicado a todos os títulos de dívida e irão cotar todos perto do valor de 100% menos o “haircut”.
Vamos imaginar que o “haircut” será de 30%, significa que os títulos vão cotar perto dos 70%. No nosso trade simulado vamos ganhar 27% no título a cinco anos e vamos perder 12% no título a 10 anos. Isso vai gerar um resultado de 15%.
Independentemente do “haircut” o resultado será sempre o mesmo, tornando esta forma a mais eficiente de ganhar dinheiro com risco “Portugal”.
Tentei fazer uma explicação bastante simples ignorando uma série de “technicalities” neste tipo de operações que podem alterar numa pequena medida os resultados. Mas para mim o interessante era partilhar com os seguidores deste blog a base do trade e o seu racional, para perceberem o que os grandes bancos estrangeiros andam a fazer no mercado.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Estocada Final...

Temos assistido, nas últimas semanas, à quebra de recordes sucessivos na alta dos juros da nossa dívida com maturidade a cinco anos. Já poucos falam dos outros prazos, parecendo que agora os cinco anos são a nova referência.
Mas o que é que se passa então com o valor da nossa dívida a 5 anos? Será que o mercado tem algum evento em especial que o preocupe nessa especial data? A resposta é não. Isto acontece devido à última emissão de 5 anos que Portugal fez no passado dia 7 de Fevereiro. Foi por muitos apelidada de um enorme sucesso, mas como eu já tinha alertado, o “sucesso” da emissão só se iria ver nos dias seguintes. E o resultado está agora à vista de todos. Vejamos o gráfico da evolução do preço da nova obrigação:
 

Apesar do IGCP só ter emitido 3,5 mil milhões de euros, e fez bem, os compradores dessa dívida não confiaram em Portugal e decidiram vender as suas posições, pressionando fortemente o preço em baixa.
Resumindo, os compradores da nossa dívida nessa emissão não compraram numa perspectiva de ”buy and hold”, ou seja, de investimento. Quem comprou foram os investidores especulativos que procuravam obter algum ganho de curto prazo, mas que, quando o papel começou a desvalorizar, decidiram vender a qualquer preço as suas posições. Os verdadeiros investidores, que compram dívida baseada na qualidade de crédito e que são investidores de médio ou longo prazo, não compram dívida portuguesa. Ora, isto também aconteceu à Grécia pouco tempo antes de ser resgatada.
Os gregos fizeram uma emissão que todos, até eu próprio, considerámos de sucesso, mas que para eles foi a estocada final. Nessa altura, os investidores compraram 8 mil milhões de dívida, mas logo que saíram notícias más, surgiu o pânico e desatou tudo a vender. Sem haver compradores, foi tudo para o charco.
Portanto, parece-me que isto é também o aproximar da estocada final em Portugal.
Depois desta emissão de “sucesso”, o Estado não terá facilidade em colocar mais dívida nos mercados e com a necessidade de financiamento para este ano bem alta, isto vai ser muito complicado...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Facilidade Diária de Financiamento do BCE

Ficámos a saber que na semana que passou, foi batido o recorde dos últimos 20 meses do montante emprestado “overnight” (de um dia para o outro) pelo BCE à taxa de juro marginal (1,75%).
Esta facilidade de financiamento do BCE premite às instituições financeiras irem buscar dinheiro de “urgência” todos os dias num montante ilimitado, mas numa taxa mais penalizadora sobre a de referência.
Na quinta-feira, o BCE revelou que o montante acendeu aos 15.8 mil milhões de euros, valor esse que não era atingido desde Junho de 2009 e só mesmo comparável ao periodo pós Lehman Brothers em Outubro de 2010. Nas vinte e quatro horas seguintes, esse valor continuou muito alto atingindo os 14.7 mil milhões de euros, demonstrado a continuidade das necessidades por parte do banco ou dos bancos envolvidos.
É difícil explicar a razão destas necessidades o que alimenta a possibilidade de vários cenários.
A primeira hipótese, que está a ser avançada pelas fontes “oficiais”, refere um banco que, por alguma razão, não conseguiu ir à Facilidade Semanal do BCE. Falou-se mesmo que teria havido um erro de um “trader” que queria colocar 17,5 mil milhões na Facilidade Semanal mas que só colocou 1,75 mil milhões de euros. Ficando assim obrigado a ir ao mercado buscar o restante montante. Como não consegue fazê-lo, vai buscar diariamente o dinheiro que lhe falta na facilidade diária do BCE.
Realisticamente, como não assistimos a nenhum pânico no mercado devido a esta situação, tudo leva a crer que foi mesmo um erro que só será confirmado esta terça-feira, dia de mais uma Facilidade Semanal, onde o “trader” responsável poderá já ajustar a sua posição numa perspectiva semanal e não diária.
Caso contrário, vão sair reforçadas as preocupações de todos os que receiam uma situação aguda de “stress” no interior do sistema bancário europeu.
Outra hipótese que também foi avançada durante o fim-de-semana reside na necessidade que dois bancos Irlandeses, o Anglo Irish Bank e o Irish National Building Society, tiveram de financiamento e que só conseguiram colmatar indo buscar ao BCE à taxa marginal overnight.
A conclusão, para além de todos os cenários possíveis, é que o mercado monetário interbancário não voltou a ser o que era e parece-me que nunca mais voltará a ser.
Passaram quase 4 anos desde o ínicio da crise, em Agosto de 2007, e nada se normalizou. Os bancos europeus contínuam a estar dependentes do financiamento do BCE, que representa actualmente para muitos deles o único acesso ao dinheiro.
Sabemos todos que o BCE não quer contínuar esta política por mais tempo, mas não tem outra solução enquanto os bancos não limparem os seus balanços e passarem a ser transparentes nas suas contas.
Até isso acontecer, o BCE terá que continuar a assegurar a liquidez do sistema.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Aluno Portugal

Portugal faz-me lembrar aquele aluno estroina que andou o ano inteiro a baldar-se às aulas e a ir às festas todas.
Chegou à véspera do exame e estudou a matéria à força. Fez o teste mas, como já sabe que vai chumbar, culpa a professora porque não ensinou a materia ou porque não explicou bem. Quando chega a nota, diz que a professora foi muito exigente e que não gostava dele. Foi por isso que chumbou!
Este é o nosso retrato perante a Europa. As recentes críticas aos responsáveis europeus demonstram o desepero dos nossos governantes e a sua irresponsabilidade.
Dizem que Portugal tem feito tudo para corrigir as suas finanças públicas, mas desde quando? Será que os nossos governantes não se lembram do que andaram a fazer com as nossas contas em 2009, em plena crise financeira?
Pois, esqueci-me, havia eleições a ganhar. E antes, nestes últimos 10 anos, portaram-se sempre bem e não fizeram nada de mal... O resultado está perante os nossos olhos! E agora, querem apagar tudo?!
Perante isto, o que é que os nossos governantes querem da Europa? Mais um almoço grátis na altura em que a conta já vem a caminho.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Os Resultados da Financial Crisis Inquiry Commission

Deixo-vos hoje um comentário bastante interessante de Michael Lewis, membro da Financial Crisis Inquiry Commission, que teve como objectivo emitir um relatório sobre as causas da actual crise financeira:
A surprising number of my fellow citizens appear to be unaware of my service these past 18 months as a member of the Financial Crisis Inquiry Commission. Thus it may come as news that I have declined to sign the report issued by the majority, or the dissent by the three-member minority, or even the dissent from their dissent, writtenby the now-immortal Peter J. Wallison. I hereby dissent from thedissent from the dissent. My dissent is different from all those other dissents, which is why I am dissenting.
   
I do this, of course, not to call attention to myself. Still less do I seek to enhance the status of my application for employment with JPMorgan Chase. I seek merely to inform the general public of the true causes of our so-called financial crisis.
   
The task is not a simple one. In limiting me to a mere two pages at the end of their 633-page book, the majority and the other dissenters have suppressed not only several apt metaphors, but deep truths.
   
Here, in a far-too-brief executive summary, they are:

Financial Crisis Cause No. 1: Wall Street’s shifting demographics. In the commission’s report Federal Reserve Chairman Bem Bernanke describes recent events as “the worst financial crisis
in global history, including the Great Depression.” The event, in other words, was unprecedented. To understand an event that has never before occurred, we must logically begin with those factors that have never before been present. On Wall Street, the most obvious such factor is women.

                      Distorted Judgment

Of course, the women who flooded into Wall Street firms before the crisis weren’t typically permitted to take big financial risks. As a rule they remained in the background, as “helpmates.” But their presence clearly distorted the judgment of male bond traders --- though the mechanics of their influence remains unexplored by the commission (on which several women sat).
   
They may have compelled the male risk takers to “show off for the ladies,” for instance, or perhaps they merely asked annoying questions and undermined the risk takers’ confidence.
   
At any rate, one sure sign of the importance of women in the financial crisis is the market’s subsequent response: to purge women from senior Wall Street roles. Wall Street’s gender problem is, for the moment, of merely academic interest. Less academic is...

                        Moral Collapse

Financial Crisis Cause No. 2: The moral collapse of the American working class. AIG head Robert Benmosche has recently pointed out that the reason his firm has enjoyed such great success is precisely because it has avoided selling insurance to the large number of Americans who believe, as Benmosche put it, “that the government is responsible for what happens to me.” (As we know, the government is responsible only for what happens to AIG).
   
The CEO of JPMorgan, Jamie Dimon, has often called our attention to the outrageous amount of banker bashing by Americans outside the financial sector, who seek to blame their troubles on others.

Wall Street leaders now understand that they made a mistake, one born of their innocent and trusting nature. They trusted ordinary Americans to behave more responsibly than they themselves ever would, and these ordinary Americans betrayed their trust.
   
Amazingly, these ordinary Americans don’t even appear to feel guilty for their actions. Like wild animals that have lost their fear of humans, they continue to wander down from the hills to rummage through our garbage cans for sustenance.

                         Best Subprime

Frankly, the commission’s report does nothing to improve public morals. In discussing the role of the 1977 Community Reinvestment Act, for instance, the report notes that the loans made by big banks to meet the act’s requirements -- that is, loans to poor people in crap neighborhoods -- outperformed, dramatically, the general run of subprime loans.
   
Such nitpicking merely obscures the critical point. For at least two centuries the U.S. government has encouraged people who didn’t work on Wall Street to think of themselves as “equal.” Government policies have emboldened ordinary Americans to borrow money they never intended to repay, just like rich people do, and cowed the financial elite into lending it to them. You can’t forget to bear-proof the garbage cans, and expect the bears won’t notice.

Along these same lines I cannot help but point out...

                         Blame China

Financial Crisis Cause No. 3: The Chinese. The willingness of this remote and curious people to sell us goods at ridiculously low prices is disruptive. It encourages our poor to believe they can afford many items which they should not be able to, for instance. And the vast number of dollars these same Chinese people willingly lend to us at absurdly low rates of interest places an unfair burden on our financiers, who must find someplace to put them.
   
This is a far more difficult job than is commonly understood; it often leaves Wall Street people feeling overworked and underappreciated. If we want our financiers to perform even better than they do, we must cease to expect more from them than they can give.
Which brings me to...

Financial Crisis Cause No. 4: Upon our trusting, hard-working and underappreciated financiers we thrust the impossible task of overcoming impersonal historical forces.
   
The most distressing aspect of the commission’s report is its attempt to blame actual human beings for the financial crisis: fraudulent CDO managers, greedy ratings companies, Wall Street bond traders and, especially, Wall Street CEOs. Think about this: If everyone on Wall Street is guilty, how can anyone be? If no one on Wall Street saw it coming, how can anyone be expected to have seen it?

                     Details for Dummies

Anyway, as several Wall Street CEOs tried patiently to explain to the commission, the details were never their responsibility. Martin Sullivan, the CEO of AIG in the three years leading up to its near collapse, even went so far as to prove that he had no idea how much he’d been paid ($107 million).
   
The commission proved incapable of grasping the point: the rare man capable of running a big Wall Street firm remains focused on the big picture. And in the big picture, from the point of view of their firms and their earnings potential, the so-called financial crisis was a blip. They’ve already forgotten about it.
    
And they assume that, eventually, you will, too.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia dos Namorados

Nem tudo na vida é tristezas, aproveitemos o dia de hoje para pensar em coisas mais felizes. Mas nunca sem deixar de pensar na parte económica da vida, porque tudo é dinheiro, quer queiram, quer não.
Sabiam que nesta altura do ano há um aumento de vendas de Viagra e Cialis… Vejamos o gráfico:

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Bolha Imobiliária na China

Continuando no tema dos BRIC´s, mais uma vez apresento um gráfico da bloomberg, mas hoje com legendas para os mais distraídos.
Na minha opinião os BRIC´s tiveram e vão ter um papel muito importante na economia mundial, mas já começam a sentir os problemas económicos que afectam tradicionalmente as economias ocidentais, ditas desenvolvidas.
Vemos isso claramente na China, após um crescimento exponencial começam a surgir os primeiros entraves. É isso que o mercado começa a ver, é isso que o gráfico de ontem quis representar. Começa a haver uma fuga de capitais dos ditos Emergentes para as economias mais tradicionais. Mas todos nós continuamos a acreditar que são esses mesmos Emergentes que vão salvar as economias tradicionais… parece estranho…!
Vejamos este gráfico:

Pois bem, o que observamos é uma cada vez mais provável bolha imobiliária na China. Por isso, não foi de estranhar mais uma subida das taxas de juro na China esta semana. Mas será isso suficiente para arrefecer o clima económico e mantê-lo estável…?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Emissão de Sucesso

Ontem tivémos a emissão de uma nova obrigação a 5 anos da República Portuguesa. Foi por muitos considerada um sucesso. Vamos primeiro que tudo observar as características da obrigação:
Issuer.........: Republic of Portugal
Rating.........: A-/A1/A
Size...........: EUR 3.5 billion
Format.........: Govt Bond OT
Maturity.......: 15 February 2016
Settlement.....: 14 February 2011 (first long coupon)
Spread.........: MS + 360
Coupon.........: 6.40%
Reoffer Price..: 99.762     OBL 159 ref: 97.96
Joint lead.....: Barc/BNPP/Caixa BI/DB/ HSBC/MS
Duration Manag.: Barclays (will also B&D)
O juro pago pelo Estado Português foi de 6.457%. A emissão tem um cupão de 6.40% mas foi emitido com um preço de desconto de 99.962, o que representa uma rentabilidade de 6.457%.
Deixo-vos aqui o comunicado do IGCP pós emissão, onde podemos observar a distribuição geográfica e tipo de compradores deste papel:

Para mim, a emissão representa um sucesso na perspectiva da procura. Penso também que o IGCP fez bem em não se iludir com o montante de procura (cerca de 6 mil milhões de euros) e manter o montante emitido perto do objectivo definido. Caso contrário, poderia “enxarcar” o mercado de papel português e provocar um evento de “stress” com uma corrida a posições vendedoras.
Ora, foi exactamente isso que aconteceu na última emissão da Grecia e que levou à intervenção FMI/EU.
Mas aqui nem tudo são rosas. O que mais me preocupa é o nível do juro: 6.457% para uma maturidade a 5 anos. Recordo que é uma taxa superior e um prazo mais curto ao dos empréstimos concedidos à Grecia e à Irlanda pelo FMI/EU (ver comentário Plano de Resgate da Irlanda).
Então, é isto um bom negócio ou não será, mais uma vez, “atirar” com os custos para a frente e os que vierem a seguir que paguem? Para o governo, este é o preço da nossa independência perante o FMI/EU que vai ser pago pelos nossos impostos e os nossos sacríficios. Será que vale a pena pagar?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mentiras…

Sócrates afasta redução de salários na função pública
16-06-2010 22:15:00
O primeiro ministro José Sócrates rejeitou hoje em Bruxelas o cenário de redução de salários na função pública, afirmando acreditar que as medidas já adoptadas pelo Governo são suficientes para atingir os objectivos orçamentais em 2010 e 2011.    
 Sócrates, que falava à entrada para uma reunião do Partido dos Socialistas Europeus, que antecede a cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia de quinta feira, disse que a redução de salários “não foi a opção” do seu executivo para reduzir o défice orçamental e garantiu que “não será preciso” seguir essa medida.
O primeiro ministro respondia a questões sobre uma eventual redução de salários, depois de, à tarde, o patronato ter proposto ao Governo a adopção de medidas transitórias para melhorar a competitividade das empresas e aumentar o emprego, salientando a necessidade de "liberalizar mais" a contratação e o despedimento.
“Não, não vai ser preciso”, declarou.
E todos nós sabemos o que aconteceu.
Agora Sócrates diz que não vai haver despedimentos na função pública…
Acho que se vai revelar mais uma mentira de Sócrates.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Circulo Vicioso


Em que ponto estamos nós…? E o que virá a seguir…
O autor deste gráfico (Gordon T. Long) tem um site muito interessante. Vale a pena visitar - http://home.comcast.net/~lcmgroupe/2010/Tipping_Points-2010.htm
Nota: A seta inicial é – Consumer Credit Crisis

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Exposição Alemã aos Países Periféricos


default da Espanha significa a necessidade de um bailout de todo o sistema financeiro Alemão.

Nota: Valores em Mil Milhões de USD

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

De Minoria a Maioria

Decidi perder algum tempo a fazer uma simples conta para calcular o meu saldo perante o Estado Português. Nessa conta, incluí todos os impostos e taxas que paguei ao longo dos anos, independentemente da sua natureza.
A esse somatório, deduzi todas as devoluções do Estado, subsídios, qualquer rendimento directo ou indirecto via Estado e qualquer apoio.
Ainda me dei a trabalho de calcular quantas vezes utilizei um centro de saúde ou um hospital público, considerei cada consulta ou exame efectuado a custos idênticos ao sector privado e incluí também o recurso da minha familia ao Serviço Nacional de Saúde, apesar de sempre ter pago as taxas moderadoras.
Somei as vezes que passei nas SCUTs e quanto teria pago com os valores que são agora cobrados aos utentes.
Bem, incluí tudo. Com todas as miudezas, é pior que um balanço de uma empresa!
Mas a conclusão que eu tiro é simples. Tenho claramente um saldo crédor perante o Estado. Ele recebeu muito mais de mim do que eu dele. Talvez isto justifique a minha indignação pelo que se está a passar, um sentimento que é ainda agravado pelo conhecimento que tenho da nossa verdadeira situação.
Sei que faço parte de uma minoria, mas.... e se passarmos para maioria?
Relativamente à consciência do meu saldo perante o Estado, acredito que seremos em breve uma maioria. Já no que toca ao conhecimento da realidade, isso vai depender muito da própria sociedade.
Agora, a questão é saber o que vai acontecer quando todos passarmos a maioria.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Benchmark da Realidade II

Ainda se lembram, logo no ínicio de Outubro do ano passado, quando falei da Irlanda? Foi um dos meus primeiros comentários e disse aqui que ela serviria de benchmark para o que aí vinha.
Expliquei a realidade da situação irlandesa e como as medidas que tinham sido tomadas pelo governo se revelaram insuficientes para evitar a intervenção do FMI/EU no país. Ficou demonstrado que, quem tenta resolver os seus problemas financeiros de uma forma directa e transparente, percebe que não o consegue fazer sozinho. Acaba por ter mesmo que pedir ajuda externa.
Em Portugal e Espanha, muitos não perceberam a lição irlandesa. Para esses, o melhor é esconder a verdadeira dimensão do problema, varrer tudo para debaixo do tapete para ninguém ver. Mas o buraco está lá e, mais tarde ou mais cedo, também os países ibéricos vão necessitar de ajuda.
O caso Irlandês ainda não acabou. Para mim, é o “leading indicator” do que vamos ver na evolução desta crise.
Recordo, para quem esteja menos atento, que o governo irlandês foi obrigado a demitir-se e as eleições para o novo parlamento foram marcadas para o mês de Março. A oposição actual que deve formar o próximo governo já afirmou a necessidade de rever os termos do acordo com o FMI/EU. Perante este novo cenário em Dublin, quais serão as consequências? O que é que irão renegociar? Será que o FMI/EU estarão de acordo? Será que a Alemanha vai permitir?
Por enquanto, estas são perguntas sem resposta, mas em que todas as respostas são importantes.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Bolha

Temos estado a observar um “rally” fantástico no mercado americano que parece que ninguém consegue parar. Mas será esta alta sustentável? Quais são aqui os fundamentais?
Eu não acredito neste “rally” porque os fundamentais não estão lá, mas sei que a razão deste movimento é puramente “liquidity driven”, ou seja, existe dinheiro a mais nas praças dos Estados Unidos que tem que ser colocado pelos investidores a trabalhar.
Isto acontece devido à aposta do FED no QE. A Reserva Federal já injectou cerca de 2 triliões de USD no sistema e este é o resultado.
E será isto bom para a economia americana? Será que traz crescimento económico? O que se começa a ver é que os grandes beneficiários desta politica são as grandes empresas e os bancos que continuam a poder financiar-se facilmente no mercado, com valorizações nas suas cotações em bolsa.
Mas o pequeno e médio tecido empresarial não está a sobreviver, e é nessa franja de negócio que vemos as empresas a fechar, as pessoas a ficarem sem emprego e a economia a entrar em colapso. Na realidade, este QE está a ter um resultado preverso nos EUA. Eu, que sou um frevoroso apoiante da impressão de dinheiro pelo banco central neste tipo de crises, vejo que aqui o resultado está longe do ideial porque o dinheiro concentra-se apenas na área financeira ficando a “economia real” sem acesso a esta “injecção” massiva de capital.
O resultado é esta bolha tremenda que estamos a criar no mercado “equity” americano, sem nenhuma sustentação a prazo.
Pergunto como vai ser quando percebermos que os preços das matérias primas não param de aumentar, que EUA estão com um deficit incontrolável, que não vamos ter crescimento sustentável nos próximos anos e que aquilo que todos acreditávamos ser a nossa salvação, o crescimento dos países emergentes, não passa de mais uma bolha...?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quem não quer o FMI em Portugal?

Ricardo Salgado, Presidente do BES, disse ontem na apresentação dos resultados do Banco que a entrada do FMI em Portugal ia significar a fuga de capitais estrangeiros do nosso país. Mas essa fuga já vai acontecendo e vai continuar a acontecer com FMI ou sem FMI, todos nos sabemos e ele também sabe. Quem é que investe num pais à beira de um default?
Então porque é que Ricardo Salgado não quer o FMI em Portugal? Pois bem, como já alertei, um dos primeiros pontos que o FMI vai fazer quando entrar em Portugal é avaliar a saúde dos bancos nacionais. Rapidamente vai perceber que estão insolventes e que é necessário a injecção de mais capital. Mas os accionistas não vão ter capacidade para tal e será necessário uma intervenção/nacionalização por parte do Estado. E quem é que vai perder com isso? São os actuais accionistas, onde ou vão perder controlo sobre o banco parcialmente/totalmente, ou até podem ver nacionalizações onde os accionistas não vão ganhar nada sobre o valor das suas acções.
No caso do Grupo Espírito Santo ainda pode ser pior, dado o conhecido “elo” muito forte entre os negócios do Estado e do grupo Espírito Santo. Há quem chame o Grupo Espírito Santo o “broker” (corrector) de Portugal, dado estar em todas as áreas de negócios e com ligações muitos fortes com o Estado Português. Com a entrada o FMI muitos dos interesses instalados vão ser “varridos”, passando a existir uma verdadeira concorrência no mercado Estatal.
É caso para dizer, quem não quer o FMI em Portugal, é porque sabe que não vai lucrar com isso.