Saíram os dados relativamente às necessidades de financiamento dos bancos Portugueses junto do BCE. Como já alguns noticiaram, houve uma queda de mais de 19%. Em Agosto o valor situava-se nos 49.1 mil milhões de euros, caindo para os 39.7 mil milhões de euros em Setembro. Isto é bom, não é? Parece que os bancos estão com menos necessidade de financiamento ou será que o mercado interbancário abriu-se novamente para as instituições financeiras Portuguesas?...
Agora vamos falar verdade:
Obviamente os bancos continuam com a necessidade de se financiar, não venderam 10 mil milhões de euros de activos num mês e os mercados continuam fechados para os bancos.
Simplesmente alteraram a sua base de financiamento, dada a pressão política que existia para não recorrer tanto ao BCE.
Mas então onde é que os bancos vão buscar o dinheiro? Os bancos estão a começar a utilizar um mecanismo que foi utilizado em 2008 quando os bancos americanos tiveram que assumir grandes perdas e necessitaram de esvaziar os seus balanços. Foi criado o esquema de “barrigas de aluguer” de activos financeiros. É em muito semelhante à operação que é realizada com o BCE mas neste caso a contraparte é um banco com maior capacidade de balanço. O juro tendencialmente será maior ou até mesmo estruturado, os prazos são mais longos e não se está dependente dos leilões do BCE.
Vejamos a estrutura:
Os benefícios são poucos comparativamente com o BCE, pode-se estruturar o custo de financiamento que se correr bem pode poupar algum juro. Mas acima de tudo retira-se o estigma de ir ao BCE.
Outras soluções ainda mais exóticas passam pela venda de opções sobre títulos. Dado que a volatilidade está alta, o prémio pago à cabeça (upfront) é maior. Dessa forma o banco encaixa dinheiro no momento inicial, ficando apenas exposto à estratégia call ou put (subida ou descida) do preço dos títulos e à volatilidade. Se a estratégia não estiver a correr bem, faz-se o rollover para mais um período.
Concluindo, independentemente das estratégias e da engenheira financeira, a realidade é que os bancos não têm funding e estão apenas a adiar o que realmente é necessário – deleverage dos seus balanços! Vender activos e assumir perdas!
Estão a rolar a situação dia-a-dia, à espera de um melhor dia… e se ele nunca vier? …
Sem comentários:
Enviar um comentário