segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Barrigas de Aluguer

Saíram os dados relativamente às necessidades de financiamento dos bancos Portugueses junto do BCE. Como já alguns noticiaram, houve uma queda de mais de 19%. Em Agosto o valor situava-se nos 49.1 mil milhões de euros, caindo para os 39.7 mil milhões de euros em Setembro. Isto é bom, não é? Parece que os bancos estão com menos necessidade de financiamento ou será que o mercado interbancário abriu-se novamente para as instituições financeiras Portuguesas?...
Agora vamos falar verdade:
Obviamente os bancos continuam com a necessidade de se financiar, não venderam 10 mil milhões de euros de activos num mês e os mercados continuam fechados para os bancos.
Simplesmente alteraram a sua base de financiamento, dada a pressão política que existia para não recorrer tanto ao BCE.
Mas então onde é que os bancos vão buscar o dinheiro? Os bancos estão a começar a utilizar um mecanismo que foi utilizado em 2008 quando os bancos americanos tiveram que assumir grandes perdas e necessitaram de esvaziar os seus balanços. Foi criado o esquema de “barrigas de aluguer” de activos financeiros. É em muito semelhante à operação que é realizada com o BCE mas neste caso a contraparte é um banco com maior capacidade de balanço. O juro tendencialmente será maior ou até mesmo estruturado, os prazos são mais longos e não se está dependente dos leilões do BCE.
Vejamos a estrutura:
Os benefícios são poucos comparativamente com o BCE, pode-se estruturar o custo de financiamento que se correr bem pode poupar algum juro. Mas acima de tudo retira-se o estigma de ir ao BCE.

Outras soluções ainda mais exóticas passam pela venda de opções sobre títulos. Dado que a volatilidade está alta, o prémio pago à cabeça (upfront) é maior. Dessa forma o banco encaixa dinheiro no momento inicial, ficando apenas exposto à estratégia call ou put (subida ou descida) do preço dos títulos e à volatilidade. Se a estratégia não estiver a correr bem, faz-se o rollover para mais um período.
Concluindo, independentemente das estratégias e da engenheira financeira, a realidade é que os bancos não têm funding e estão apenas a adiar o que realmente é necessário – deleverage dos seus balanços! Vender activos e assumir perdas!
Estão a rolar a situação dia-a-dia, à espera de um melhor dia… e se ele nunca vier? …

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