terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mandato de Assassinato do Euro

No passado dia 12 de Outubro, numa conferência em Nova York, Axel Weber membro do BCE e actual presidente do Bundesbank (Banco Central da Alemanha), mandou um “recado” para os mercados sobre a posição alemã relativamente ao programa de compras de Dívida Pública. Weber veio defender uma posição muito forte contra as compras de títulos de dívida por parte do BCE. Tendo chegado ao ponto de ter que vir Trichet desautorizá-lo publicamente.
Relembro que Weber é considerado como o provável sucessor de Trichet, que acaba o seu mandato daqui a cerca de um ano. O actual presidente do BCE pode tê-lo desautorizado, mas a realidade é que o BCE não efectuou nenhuma compra de títulos de dívida pública desde então…
A anteceder este comentário, assistimos a Alemanha negar qualquer hipótese de ser feito um prolongamento dos prazos do empréstimo concedido à Grécia, para além de 2013. Essa “sugestão” foi feita pelo FMI. A justificação prende-se com a boa execução das medidas implementadas naquele país, o que segundo o FMI é um procedimento normal nesses casos.
Com a intransigência vinda da Alemanha dá para fazer já um esboço do que pode acontecer em 2013. Todo o Mercado sabe que, em 2013, a Grécia não conseguirá pagar os 110 mil milhões de Euros. Como a União Europeia não quer ouvir falar de reestruturação da dívida, a única hipótese que resta ao FMI é mesmo prolongar o período de pagamento.
Se a Alemanha não permitir, então estará a emitir um mandato de assassinato do Euro.
Só para concluir, e também para interligar com o comentário de ontem, observemos os seguintes dados sobre a Grécia:

Realisticamente, o que se observa é que o efeito do corte de défice está a ter efeitos claros no crescimento do PIB e que o Rácio Dívida sobre PIB vai continuar a aumentar.

Pois bem, olhando para este último gráfico, está o retrato de tudo. Com todas as medidas tomadas, a dívida sobre o PIB só aumenta. Mas porquê? Vou explicar de uma forma simples: É como termos uma família onde o rendimento anual cai e o endividamento aumenta; pode aumentar menos que o passado, mas aumenta…
Para corrigir esta situação é preciso tempo, se não há tempo, o melhor então é reestruturar a dívida.

1 comentário:

  1. O governo alemão e os eleitores já perceberam que, a prazo, o euro é um mau negócio.

    Eles serão os coveiros mas foi a nossa cegueira que matou o doente.

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