domingo, 24 de outubro de 2010

A Base – Continuação

Agora que já todos conseguimos calcular o nosso leverage, vamos então perceber a dimensão do problema.

No orçamento verificámos que a dívida pública deve situar-se nos 82,1% no final do ano de 2010, que o endividamento das famílias Portuguesas no final do 1º Trimestre de 2010 situou-se nos 97% do PIB e que as empresas registaram em igual período um endividamento de cerca de 105% do PIB. Isto quer dizer que temos um endividamento total de cerca de 284,1%. Mas calma, ainda não acabei. Ainda falta o que já foi “desorçamentalizado”. Em 2010 estima-se que as empresas Públicas tenham um total de endividamento de 21,2 mil milhões de Euros, o que representa 12,3% do PIB.
Em relação às PPP (Parcerias Público Privadas), é muito complicado estimar os reais custos para o Estado no futuro, mas tenho estado a estudar muito bem este caso e planeio ter para breve uma análise mais desenvolvida. O Governo apresenta alguns dados no Orçamento mas estão muito pouco tratados e de pouca fiabilidade.
Somando tudo, nós Portugueses – no global (Estado e Privados) – temos um total de endividamento de cerca de 296,4% do PIB!
A primeira conclusão que tiramos deste número é que temos todos de trabalhar de borla quase três anos para pagar toda a nossa dívida! Mais, se considerarmos o nosso PIB de 173 mil milhões de Euros no final de 2010 (estimativa do governo), o total da nossa dívida é então de 512,8 mil milhões de Euros. Para perceberem a gravidade da situação, vou escrever com todos os algarismos: 512.800.000.000,00€!
Concluindo, todos temos crédito a mais e não temos capacidade para tanto! Todos os nossos balanços estão demasiado alavancados. Esse é o real problema que temos em mão: reduzir o nosso crédito! Mas como? O Estado assumiu responsabilidades muito grandes para o futuro, nós comprámos muita coisa a crédito que temos agora de pagar. Pois bem, é um trabalho difícil e a única solução já eu dei no meu comentário O Aviso. Mas sei que não é fácil, nem neste momento nem nos tempos mais próximos, poupar e pagar dívidas vai ser muito, muito difícil. Mas isso é que vai diferenciar quem tem leverage e quem tem muito leverage, quem vai conseguir pagar e quem vai entrar em default!

1 comentário:

  1. A reestruturação da dívida portuguesa (bancarrota)não é uma questão de se irá acontecer, é sobretudo uma questão de como e quando.

    Mas isso não dependerá apenas de nós. Para além dos numeros aterradores, há jogadas de poder interno no seio da UE.

    A recessão da nossa economia, tornando evidente a nossa incapacidade de criar riqueza e valor, traduz-se na nossa incapacidade de pagar aos nossos credores.

    Eventualmente, no pior dos cenários europeus, seremos acompanhados pela Grécia, Irlanda, Espanha e Itália.

    Alguém ainda tem dúvidas como isto tudo vai acabar?

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