quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dão-me Crédito? – Versão Crédito Habitação

Na primeira versão do comentário Dão-me Crédito? ficámos a saber como é que os bancos estão (ou não) a resolver o seu problema de crédito mal parado de empresas.
Nesta versão vamos aprender como o crédito habitação não necessita de provisões, não estragando assim as estatísticas de incumprimento nem mesmo os belos resultados dos bancos.
Vejamos então o exemplo:
Eu, Joaquim Fernando, vou ao Banco Y. Peço um belo crédito habitação no valor de 250.000,00€ para comprar a casa dos meus sonhos que o Banco avaliou em 200.000,00€.
Passados uns anos (hoje), dada a terrível crise que estamos todos a passar com mais impostos a pagar e com o custo de vida mais caro, deixo de conseguir pagar as prestações da minha bela casa.
Sou contactado pelo banco que reparou que já não pago as minhas prestações há mais de dois meses e é agendada uma reunião.
Nessa reunião o banco procura saber a minha situação e oferece-se para me ajudar.
É-me, então, proposto um acordo de venda da minha casa ao Banco. O valor acordado da venda é a minha dívida actual mais os meus juros em dívida, mas tenho um acordo de recompra da casa ao mesmo preço daqui a cinco anos! Fantástico, pois até lá só pago uma pequena renda, bem mais barata que a prestação. Ainda dizem que os Bancos não ajudam as pesssoas!

Pois bem, os Bancos deixam de ter crédito mal parado, mas ficam com uma casa no balanço – nos seus activos. E se o preços das casas começar a cair... e se daqui a cinco anos o cliente não quer comprar a casa porque o valor de recompra é superior ao valor real da casa...
A realidade actual já nos mostra que os Bancos detêm muito imobiliário; pior será no futuro.
Acham que os preços das casas já caíram muito? Não, não caíram. Mas porquê? Os Bancos não querem (são donos de mais 50% do park imobiliário). Mas será que eles aguentam? Até quando...

2 comentários:

  1. Meu caro, isso já tenho eu reparado há muito! Os preços não mexem! E o curioso é ver que certos fundos imobiliários veêm o seu valor subir quando a realidade nos mostra o oposto! Estão a subir artificialmente...

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  2. Neste filme, na versão portuguesa também, os bancos estão na origem e no agravamento do problema.

    As velhas tradições dominantes em gerações sucessivas de grandes nomes da banca europeia e asiática foram dizimadas na voragem dos anos 80 e na consolidação made in USA que nos trouxe os novos produtos "financeiros" e outra maneira de avaliar o risco ...

    Estão a varrer para debaixo do tapete, indiferentes às consequências inevitáveis da velha lei da oferta e da procura.

    Excesso de oferta só pode ter como resultado baixa acentuada do preço, neste caso agravada pela quebra do poder aquisitivo e as dificuldades do financiamento.

    Os bancos portugueses sabem isso. Eles sabem que vão ter que pagar mais cedo ou mais tarde, mas nessa altura talvez sejam os angolanos e os chineses com excesso de capital e ambição de acesso ao mercado europeu que assinam os cheques.

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