segunda-feira, 13 de junho de 2011

Feriados Explicados aos Enviados do FMI

Li e aproveito para partilhar este excelente artigo editorial de Isabel Stilwell, que encaixa perfeitamente neste período de festas:

A primeira tarefa difícil de Passos Coelhos vai ser a de explicar à ‘troika’ que vamos incumprir todos os prazos. Antes de mais, porque é sempre bom que se comece como se pretende continuar, e depois porque os senhores são capazes de estranhar o País parado durante o resto do mês de Junho, e querer saber porquê. Cabe então a Passos Coelhos, coadjuvado por Paulo Portas, explicar-lhes que embora Portugal tenha aprovado a lei do aborto, a lei do casamento entre homossexuais, protestado contra os crucifixos da escola e faça um finca-pé diário em deixar claro que por cá reina a separação clara entre o Estado e a Igreja, dando a ilusão de ser um país muito para a ‘frentex’, na realidade é um País de uma religiosidade profundíssima, alicerçada na maior das devoções aos seus santos populares, insistindo em celebrar (sem passar pela Igreja, bem entendido) qualquer outra data do calendário sagrado. Aliás, este périplo pelos santos dá aos nossos novos líderes uma oportunidade única de iniciar os representantes do FMI na teologia, mas também nas tradições e na gastronomia de cada região. Convém que não se esqueçam de lembrar que o Santo António de Pádua, na realidade é o de Lisboa, Fernando de Bulhões nascido no início do século XII e a quem é atribuído o dom da ubiquidade, o que poupa imenso em transportes, sendo além do mais o consumo de sardinhas um incentivo à produção nacional. Esclarecem-nos, de seguida, que o S. João (Baptista, que o Evangelista é em Dezembro) é o patrono dos empresários do Norte, e que já o S. Pedro revela a solidez de pedra da nossa economia. É claro que vai ser preciso mais latim para traduzir o significado do Corpo de Deus, mas nada comparado com a sabedoria e o parlapiê que implicará fazer entender por que é que paramos de trabalhar para celebrar o Dia de Portugal Falido. Mas, também, se não forem capazes de os fazer entender coisas tão simples, estão perdidos à partida.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Limites de Endividamento na Constituição

Agora que foi eleito um novo governo, acredito que iremos caminhar para uma revisão constitucional. Isto porque a actual constituição não permite ao futuro governo implementar as medidas impostas pela troika em todo o seu alcance.

Muito se terá de fazer, desde as alterações nas leis laborais até ao limite constitucional do endividamento público. Sei que este último ponto já foi discutido no anterior governo. Onde causou algumas divergências, com Sócrates completamente contra e Luís Amado a favor.

Realisticamente, definir um limite de endividamento público na constituição será mais uma vitória para a democracia. Isto porque um governo que governa num período onde o crédito é mais fácil, pode endividar-se sabe-se lá até onde e consegue mostrar “trabalho” muito mais facilmente com recurso ao crédito irresponsável.

Por outro lado, quem governa num período onde o crédito é difícil, terá que contar apenas com o que tem e, por isso, terá muito mais dificuldades em mostrar a “obra” feita a tempo de ganhar eleições.

Limitar o endividamento, para além de defender os contribuintes, põe em pé de igualdade os diversos governos.

Ao mesmo tempo que isto se discute em Portugal, nos EUA discute-se aumentar o limite. As razões dessa discussão são fundamentalmente de política interna, mas existir um limite é saudável para a democracia. Por essa razão, a administração Obama está a ser obrigada a negociar com os Republicanos na oposição um conjunto de medidas de controlo de défice federal.

E terão mesmo que chegar a um acordo, senão os EUA poderão entrar em default técnico, ou seja, existe a ameaça de um atraso de alguns dias no pagamento de juros aos investidores internacionais na dívida americana. Uma situação que a China já descreveu como “brincar com o fogo”.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O Aviso II


Hoje proponho ver esta apresentação. É extremamente interessante, talvez um pouco exagerada, mas faz-nos pensar... É bastante longa (não vi até ao fim), os primeiros minutos são suficientes para perceber a mensagem. Vale a pena ver!

http://www.stansberryresearch.com/pro/1103PSIEOAVD/LPSIM636/PR

Depois de ver esta apresentação, só me lembrava de um quadro que apresentei no blog Circulo Vicioso 


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terça-feira, 7 de junho de 2011

“Solução” Concensual

Muito se tem discutido em torno do novo pacote de ajuda a Grécia, e o que isso iria implicar. Muitos líderes europeus já não estão disponiveis para ajudar sem haver algum tipo de penalização (perda) para os credores.

Esse ponto foi sempre a discórdia entre a Comissão Europeia, FMI e BCE. Aliás Trichet foi sempre muito crítico sobre uma eventual “soft restructuring” da dívida grega porque isso iria sempre significar um default para os mercados.

Para o BCE a solução não poderá passar por nada que implica um default, mesmo que seja técnico. Não é desejado de modo algum um evento provoque um trigger nos Credit Default Swaps.

Mas aparentemente já parece haver fumo branco. A solução que se encontra neste momento em cima da mesa e que já merceu aprovação do BCE é o roll-over da actual dívida grega.

Isto é, os actuais investidores vão ser incentivados a extender os prazos por mais tempo. Ser-lhes-ão oferecidos incentivos, juros maiores, colaterais, etc para manter a dívida em carteira. Dessa forma, os credores (mercado) continuarão a financiar a Grécia e os outros membros do euro só irão financiar a parte em que os investidores privados não terão interesse em acompanhar a operação.

Se é considerado um default, é apenas uma questão técnica. Já se nota algumas divergências de opiniões entre as agências de rating. A questão prende-se na volutariadade da operação por parte dos credores.

Hoje, segundo a Moody´s, neste caso não existe voluntaridade para os investidores, dado que não existe outra solução. Para eles o roll-over da dívida será considerado um default.

E isto é uma solução? É uma solução para os actuais credores que continuam com a certeza que vão receber o seu dinheiro de volta. É uma solução de curto prazo.

Mas será uma solução para a Grécia? Irá manter ou agravar ainda mais o montante em dívida. Irá pagar um juro mais alto...

Por isso, esta solução não será mais que cavar ainda mais o buraco onde os gregos se meteram, à custa dos seus credores. Só falta saber quem é que vai pagar tudo isto no final do dia...

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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Liberalismo

Os resultados das eleições de ontem abriram um novo caminho para Portugal. Caminho politico claro, porque economicamente já está tudo definido pelo acordo assinado com a troika. Foram agora escolhidos aqueles que o vão executar.
Não escondo que defendo o liberalismo na economia, e a vitória do programa de governo do PSD pode ser encarado por mim como uma vitória. Mas hoje, no dia em que o liberalismo vingou pela primeira vez em Portugal, não sinto euforia nenhuma. Como sabemos, nos partidos uma coisa é o que está no papel, outra coisa são os actos.
Tenho algumas dúvidas que o Partido Social Democráta e o Partido Popular tenham a capacidade de por em prática um conjunto de medida que irá “revolucionar” a nossa sociedade e economia. A minha outra dúvida passa pela capacidade dos portugueses entenderem os beneficios dessas medidas, que não irão ter visibilidade no curto prazo, como os subsídios e companhia, mas onde os resultados irão aparecer apenas no médio e longo prazo.
Fiquei supreendido com o resultado do Bloco de Esquerda. Penso que os portugueses entenderam que aquele partido é apenas um vendedor de ilusões, diz o que todos gostam de ouvir, mas na realidade não funciona, não é praticável, não é realista e não nos levará a lado nenhum.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Nacionalização da Banca

O que eu já vinha a alertar há vários meses veio aconcretizar-se (ver - Realidade Bancária Portuguesa).

A intervenção/nacionalização dos bancos nacionais. Era evidente, para quem os conhece, este desfecho inevitável. Não podia ser outro. A alternativa, seria a sua falência.
E é interessante ver o seu procedimento. Ainda o dinheiro não chegou, o fundo para a capitalização dos bancos ainda não foi criado, mas todos eles já abriram a porta para que as nacionalizações tenham lugar.

O mais recente exemplo, o BES, alterou os seus estatutos para deixar isso acontecer, a qualquer altura, a qualquer preço.

Deixo-vos aqui o comunicado de alteração de estatutos, penso que vale a pena ler. Reparem no ponto 2:

RELATÓRIO

PROPOSTA DE SUPRESSÃO DO DIREITO DE PREFERÊNCIA DOS ACCIONISTAS

O Conselho de Administração do Banco Espírito Santo, S.A. (“BES”) vai apresentar à
Assembleia Geral uma proposta para supressão do direito de preferência dos accionistas caso
venha a ser deliberado por este Conselho um aumento de capital, nos termos do número 2 do
artigo 4.º do contrato de sociedade (na redacção a ser submetida à Assembleia Geral em 9 de
Junho de 2011), com vista à incorporação de créditos do Estado Português decorrentes do
eventual accionamento da garantia a prestar no âmbito da emissão de obrigações não
subordinadas.

O presente relatório constitui um anexo à proposta relativa ao Ponto Dois da ordem de trabalhos
da Assembleia Geral de 9 de Junho de 2011, tendo sido elaborado nos termos e para os efeitos
do disposto no artigo 460.º, n.º 5, do Código das Sociedades Comerciais.

1. Justificação da Proposta
O BES solicitou ao Banco de Portugal a concessão de uma garantia do Estado Português, nos
termos e para os efeitos do disposto na Lei n.º 60-A/2008, de 20 de Outubro e na Portaria n.º
1219-A/2008, de 23 de Outubro, para um financiamento através da emissão de obrigações não
subordinadas, até ao montante de € 1,250,000,000, com maturidade de três anos.

Em resposta ao referido pedido, o Banco de Portugal solicitou ao BES a alteração dos seus
estatutos de modo a conferir autorização ao Conselho de Administração para deliberar aumentar
o capital social no caso de um eventual accionamento da garantia a ser prestada pelo Estado
Português.
O agravamento das condições financeiras de Portugal motivaram descidas abruptas das notações
de rating da República e do sistema financeiro português, conduzindo a um aumento das
dificuldades no acesso aos mercados financeiros bem como à redução do valor dos colaterais
elegíveis para operações de política monetária do Eurosistema ou de outras operações de
financiamento colateralizadas.

Na actual conjuntura, a referida emissão de obrigações permitirá ao BES reforçar o
cumprimento das suas obrigações no âmbito das suas operações de financiamento
colateralizadas ou de prestação de garantias que se revelem necessárias à prossecução da sua
actividade de concessão de crédito.

Tendo em consideração que, nos termos do artigo 25.º da Lei n.º 63-A/2008, de 24 de
Novembro, o aumento de capital por conversão de crédito do Estado Português é considerado
como aumento de capital em numerário, os accionistas do BES teriam direito de preferência na
subscrição das novas acções.

No entanto, no entendimento do Banco de Portugal, para assegurar o efectivo cumprimento do
disposto na Lei n.º 60-A/2008, de 20 de Outubro e na Portaria n.º 1219-A/2008, de 23 de

Outubro, é imperativo suprimir o direito de preferência dos accionistas caso o Conselho de
Administração venha a deliberar um aumento de capital social, nos termos do número 2 do
artigo 4.º do contrato de sociedade, com vista à incorporação de créditos do Estado Português
decorrentes do eventual accionamento da garantia relativa à emissão de obrigações não
subordinadas.

Caso não se verifique a supressão do direito de preferência, e na eventualidade de accionamento
da garantia, poderia resultar prejudicado o exercício dos direitos conferidos ao Estado Português
no âmbito da Lei n.º 60-A/2008, de 20 de Outubro e na Portaria n.º 1219-A/2008, de 23 de
Outubro.

A concretização da emissão de obrigações não subordinadas garantidas pelo Estado português
assume particular relevância no contexto da gestão do Programa Financeiro do BES pelo que
este Conselho de Administração considera que é necessário adoptar o entendimento do Banco
de Portugal quanto à compatibilização do regime resultante da Lei n.º 60-A/2008, de 20 de
Outubro e na Portaria n.º 1219-A/2008, de 23 de Outubro, com as regras de aumento de capital
previstas no Código das Sociedades Comerciais, encontrando-se plenamente justificada a
proposta de supressão do direito de preferência dos accionistas.

2. Aumento de capital por conversão do crédito do Estado Português
Na eventualidade de ser accionada a garantia a prestar pelo Estado Português, o aumento de
capital a deliberar pelo Conselho de Administração será efectuado através da conversão em
capital do crédito do Estado Português.
Assim, caso venha a ser deliberado pelo Conselho de Administração o referido aumento de
capital:

• Todas as acções a emitir serão atribuídas ao Estado Português, não havendo lugar a
qualquer prémio de emissão; e
• A liberação das novas acções decorrerá através da conversão em capital do crédito do
Estado Português.
Na sequência da aprovação do presente relatório justificativo pelo Conselho de Administração
em 16 de Maio de 2011, submete-se o mesmo à apreciação da Assembleia Geral, devendo ser
anexo à proposta de supressão do direito de preferência dos accionistas constante do ponto dois
da ordem de trabalhos.

16 de Maio de 2011

O Conselho de Administração

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Análises das Agências de Rating

Voltando às agências de rating, lembro-me que um almoço que tive no final de 2007 em Londres, logo após o crédit crunch, com várias pessoas de um banco. Nesse almoço, estava um analista que tinha vindo recentemente de uma agência de rating.
Estavamos todos a discutir as razões e as consequências do credit crunch e o papel das agências de rating em tudo isso. E ele conta-nos como era o trabalho dele nessa agência de rating.
Ele era responsável por atribuir ratings a novas estruturas de crédito e fazer a subsequente reavaliação de risco ao longo do tempo. Estávamos no periodo louco do crédito estruturado.
Ele mal tinha tempo para fazer as análises para as novas estruturas, sempre pressionado pelos bancos que queriam emitir a estrutura (já tinham acabado o road show e os investidores queriam investir...), quanto mais para rever a evolução das estruturas já avaliadas e emitidas.
Neste cenário, decidiu ir falar com o seu chefe e expor-lhe a situação. A resposta foi muito simples: “O que gera fees (dinheiro) são atribuições de ratings a novas estruturas (pagas pelos bancos emitentes), por isso concentra-te a despachar os ratings novos. Em relação às revisões de ratings de estruturas, se te sobrar tempo (coisa que nunca acontecia) podes ir revendo as estruturas, mas isso pouco importa”.
Todos nós sabemos como acabou o filme do crédito estruturado...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dividendos dos Bancos

O valor do dividendo não passa muitas vezes pelos resultados atingidos mas mais por outras questões técnicas. Para os investidores de referência num banco, ao contrário dos especuladores, o valor do dividendo distribuido é o mais importante.
Isso representa a sua rentabilidade no investimento, a sua yield. Ao contrário dos investidores especulativos, que procuram o rendimento imediato pela valorização num curto espaço de tempo, os investidores de referência detêm posições dominantes na estrutura accionista.
Esses são os investidores que os bancos querem no seu capital social, e acima de tudo querem manter. Uma estrutura accionista estável num banco é meio caminho andado para o sucesso.
Para além disto tudo, a distribuição de dividendos sobre certa forma faz com que exista maior interesse sobre as acções, logo acaba por as valorizar. Para um banco isso é fundamental. Numa estrutura altamente alavancada sobre os capitais proprios como são os bancos, o valor das acções representam rácios de solvabilidade melhores e com mais capacidade de negócio.
Por isso, a decisão de distribuição de dividendos e a sua quantidade não está só dependente dos teóricos resultados mas sim de uma estratégia accionista.

Verificamos no ano passado bancos portugueses a distribuir dividendos quando realisticamente já existiam fortes problemas de perdas e imparidades nos balanços. Como vemos agora bancos que apresentam “resultados positivos” mas optaram por não distribuir dividendos.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Comité Basileia

Muito se tem falado das agências de rating nos tempos que correm, com todos a pôr em causa o seu trabalho e a sua idoneidade. Fala-se até da possibilidade da criação de uma agência europeia, ligada ou não, ao BCE ou á Comissão Europeia. Na minha opinião, era um passo importante, mas sempre tendo em consideração em que não se repitam os mesmos erros do passado, ou seja, dar-lhe poder a mais.

Para quem não sabe, quem deu este poder todo às agências de rating foi o comité de Basileia. Este comité tem como objectivo definir as regras prudenciais dos bancos. Define rácios e ponderadores de capitais para os bancos. Estes acabam por ser os guidelines para os investimentos dos bancos. Que irão sempre procurar investir naquilo que terá menos peso nos balanços com a melhor rentabilidade.

Com Basileia I os ponderadores de consumo de capital estavam indexados ao risco país e ao tipo de investimento. Havia pouca dependência do rating, só em alguns casos é que era considerado.

Mas com a introdução de Basileia II em 2004, todo isso mudou. Passando os ponderadores de capital a depender do rating que era atribuído pelas agências. Desta forma, qualquer produto de investimento que um banco quisesse investir, era fundamental ter um bom rating. Dessa forma, pesava menos no balanço e teoricamente teria menos risco. Mas essa avaliação de risco era exclusiva das agências de rating, passando elas a ser determinantes da escolha de investimentos dos bancos.

Foi assim que se criou a bolha dos produtos estruturados de crédito que rebentou em 2007, com os famosos ABS (Asset Backed Securities), CLO (Collateralized Loan Obligations), CDO (Collateralized Debt Obligation), etc. Onde se vendeu risco com o carimbo de “sem risco” das agências de rating.

Neste momento, os bancos já trabalham com Basileia III, onde se manteve este “poder” das agências de rating. Criou também mais uma falsa realidade. Os bancos passaram a ter que ter uma “pool” de activos “sem risco” e liquidos para garantir a liquidez do banco. Foram penalizados fortemente os títulos de instituições financeiras e considerou-se activos sem risco e com alta liquidez títulos de dívida pública... O resultado está à vista de todos.

O problema reside em quem toma todas estas decições. O Comité Basileia é constituído por “teóricos” da contabilidade, da análise financeira e auditores que, de mercados, pouco ou nada percebem. Tudo isto está a levar a erros constantes de avaliação e à destruição do sistema financeiro.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Estatísticas e “Inglês Técnico”

Entraram agora na campanha os famosos cursos das “Novas Oportunidades”. Já dediquei, neste blogue, um comentário ao tema e penso que todos sabem o que acho disto. Realisticamente, é uma mera operação estatistica, para afirmar que temos cada vez mais pessoas com o 12º ano completo, logo com maior conhecimento, melhor educação.

Mas será isso verdade? Será que um curso que se tira em 3-4 meses, a contar uma pseudo-história de vida, substitui o estudo da matemática, português, fisico-quimica, etc. durante 3-6 anos?

Termos mais conhecimento não passa por termos um papel, passa por sabermos mais e saber também como usar esse conhecimento. Como podemos dar o 9º-12º ano a quem mal sabe escrever português ou é incapaz de um raciocínio matemático elementar?

Mas atenção, não estou a dizer que as pessoas que tiram este curos não têm valor. Claro que têm. Alguma optaram por os tirar para enriquecer o seu curriculo, outras tiraram por obrigação, para garantir o subsídio de desemprego.

Mas, independentemente de tudo, não podem dizer que estão tão bem preparadas, com os mesmos conhecimento de quem estudo durante anos para ter o ensino obrigatório completo.

Isto demonstra claramente o facilitismo que este governo aplicou na educação, dentro e fora do sistema escolar. Transmite uma ideia de facilidade aos nossos jovens.

Como é que se explica a alguém que tem que estudar e ser avaliado durante vários anos, enquanto outros, em poucos meses e com menos exigência, conseguem o mesmo grau académico? Não se explica.

Afinal, talvez se explique com a carreira académica do nosso primeiro-ministro...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Crescimento Económico

Na semana passada, o Eurostat revelou os dados da conjuntura económica nos 27 países da União Europeia referentes ao primeiro trimestre de 2011.

Ficámos a saber que apenas, repito, apenas Portugal teve uma queda no seu crescimento económico. Todos os outros países cresceram, incluindo a Grécia e a Irlanda.

É um facto que, no trimestre anterior, a Grécia tinha tido um crescimento negativo de 2.8% e, por isso, os 0.8% de crescimento do PIB grego entre Janeiro e Março são a correcção de uma trajectória desfavorável.

A economia grega continua em grandes apertos e a Comissão Europeia prevê que os gregos vão contrair 3.5% este ano, comparando com os nossos 2.2% negativos em 2011.

No entanto, a Comissão está a prever que em 2012 Portugal será a única economia ainda em recessão, com a Grécia já em trajectória de crescimento positivo.

Mas, ouvindo o nosso primeiro-ministro, os dados de Portugal são uma surpresa! (para os distraídos, estou a refugiar-me na ironia...)

Para quem anda a vender que estamos numa crise europeia, onde todos andamos a passar pelo mesmo, pelas mesmas dificuldades, pelos mesmos caminhos, deverá ser difícil de explicar.

Mas não, não é. A culpa é da austeridade. Provoca recessão. Desemprego. Quebra do investimento e do consumo.  

Mas agora pergunto, de quem é a culpa da austeridade?

Será do montante gigantesco de dívida que andámos a acumular nos últimos anos?

Não, não é. A culpa é da oposição que não aprovou o PEC IV.

Mas agora pergunto, porque é que tinhamos de aprovar o PEC IV?

Será do montante gigantesco de dívida que andámos a acumular nos últimos anos?

Não, não é. A culpa é da falta de crescimento económico e do PEC III que não era suficiente.

Mas agora pergunto, com tanto investimento público, não crescemos, e o PEC III não foi suficiente?

Será do montante gigantesco de dívida que andámos a acumular nos últimos anos?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mercados e Políticos

A Bloomberg fez recentemente um survey junto dos mercados financeiros sobre a possibilidade de reestruturação da dívida grega. Mais de 85% dos analistas do painel dos inquiridos acreditam que não haverá outra solução para a Grécia. E desses, 59% dizem que Portugal e a Irlanda vão pelo mesmo caminho. Isto são os mercados a falar.

Como vimos, especialmente nestas duas semanas, para os mercados a reestruturação é uma solução penosa e difícil. Os investidores estão nervosos, sabem que vão perder dinheiro, mas sabem também que, mesmo com receio das consequências que isso terá para eles, não há outra solução para resolver a crise das dívidas soberanas europeias.

Os políticos nem querem ouvir falar de reestruturação de dívidas soberanas, para eles existem sempre outras soluções. Essas soluções apenas compram tempo, a um preço cada vez mais caro, e adiam um problema que se vai agravando à medida que a confiança dos investidores vai diminuindo.

No final do dia, estamos a falar de economia e de dinheiro. Ter ou não ter dinheiro, ter ou não ter capacidade de pagar os créditos, os juros. É apenas isso. E será que a política conseguirá “transformar” uma argumentação rígida em dinheiro…?

As economias europeias mais fracas, cada vez mais endividadas e em ambiente recessivo, com quebras brutais no investimento público e privado, ameaçadas por fracturas sociais que podem revelar-se muito graves, alguma vez irão gerar riqueza, suficiente e sustentada, para pagar as suas dívidas nos montantes e nos prazos acordados com os credores? 

Os mercados não acreditam. Os políticos dizem que sim. Quem terá razão…?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O Nosso Problema…

Hoje todos admitem que o problema de Portugal foi o nível de endividamento a que chegámos, retirando recursos e dinamismo à nossa economia. Mas não foi por falta de avisos.
Já muitas personalidades tinham avisado para as consequências do caminho que estávamos a percorrer.
E realmente nós, portugueses, tivemos uma oportunidade para mudar radicalmente de rumo e fazer com que esta história terminasse de outra maneira.
Não soubemos e não percebemos. Preferimos a crítica fácil e o ataque pessoal. Matámos o mensageiro. Fizémos troça de quem nos avisava...
Mas, como diz o velho ditado, quem ri por último, ri melhor.
Deixo aqui um vídeo só para vos refrescar a memória. Obviamente, o filme é do Bloco de Esquerda que fez esta montagem para ridicularizar a pessoa em questão, retirando-lhe as frases do contexto.
Mas, a verdade está lá toda…

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Contabilidade Criativa

Para quem não sabe, os bancos têm quatro maneiras de contabilizar todos os produtos de investimento que têm em carteira:
Activos Financeiros Disponíveis para Venda
Contabilizados ao valor de mercado com reavaliação diária dos preços a ser registada por contrapartida de Reservas (afecta o Capital Próprio)
Activos Financeiros Detidos para Negociação
Contabilizados ao valor de mercado com reavaliação diária dos preços a ser registada por contrapartida de Resultados (afecta o Resultado Líquido)
Activos Financeiros ao Justo Valor por contrapartida de resultados
Igual a “Activos Financeiros Detidos para Negociação” mas geralmente são aqui colocados os activos que têm derivados embutidos
Activos Financeiros Detidos até à Maturidade
Contabilizados ao preço amortizado (preço histórico a tender linearmente para o “par”) pelo que as variações de preço não afectam nem reservas nem capital.
E é nestes últimos que temos os grandes problemas. Nas carteiras de “Activos Financeiros Detidos até à Maturidade” os bancos têm de tudo. Desde títulos de dívida pública, produtos estruturados de crédito, etc.
Estes são activos que contabilisticamente podem ter um valor alto, perto do “par”, mas cujos valores de mercado podem reflectir perdas acima de 30%. Quer isto dizer que, recorrendo a esta contabilização, os activos dos bancos estão, em grande parte, sobrevalorizados. E assim se vão aguentando...
Só se contabilizam as perdas em títulos detidos até à maturidade quando é evidente a perda de capital, a chamada” imparidade”. Mas isso acaba sempre por ser uma discussão técnica com os auditores, dado que podemos ter perdas (elevadas) em previsão mas que ainda não entraram em “default”, ou seja, incumprimento.
Será interessante também ver os resultados dos próximos testes de stress, dado que ao contrário do que aconteceu em 2010, estas carteiras vão ser avaliadas nos testes deste ano.
A verdade é que se os bancos tivessem que fazer, neste momento, uma valorização de mercado, de todos os seus títulos detidos até à maturidade, chegaríamos à conclusão que todos eles estão na bancarrota.
É por isso que, quando vemos os bancos a apresentar resultados de milhões, tudo isso é fictício. São apenas resultados contabilísticos, que (muito) facilmente se conseguem redesenhar. Eu diria mesmo que, dadas as regras contabilísticas, um banco quase que consegue escolher os resultados que quer ter no final do ano…
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terça-feira, 3 de maio de 2011

O “Deleverage” dos Bancos Portugueses

O Banco de Portugal escreveu aos nossos bancos a exigir-lhes que, a partir de agora, sempre que queiram aumentar a “pool” dos activos elegíveis para report junto do BdP, ou seja, aumentar as suas necessidades de financiamento junto do BCE, terão que informar previamente o banco central e justificar todas as operações.
Para mim, isto não é mais que uma tentativa para conseguir duas coisas. A primeira, é inibir os nossos bancos de continuarem a ir buscar liquidez  junto do BCE e obrigá-los a fazer, finalmente, um “deleverage” dos seus balanços.
Quem é que vai pedir ao Banco de Portugal para aumentar a sua “pool” tendo que justificar os detalhes da operação preto no branco? E qual seria a justificação?
Vamos imaginar alguns cenários ....
Carta Modelo A
“Caro Banco de Portugal, estou curto na tesouraria e precisava de uns trocos aqui para o meu lado…”
Carta Modelo B
 “Caro Banco de Portugal, queremos deixar aí a nossa carteira de títulos porque gostamos muito de vocês e já que vocês são uns queridos…”
Acham que é possível? Eu também não ... 
A segunda finalidade desta directiva do BdP é conseguir que os bancos deixem de financiar o Estado, através da compra dos seus títulos, em leilões de dívida. Acabar, de uma vez, com a intoxicação interna que já denunciámos neste blogue e que representa um risco para o nosso sistema financeiro.
Nenhum banco consciente vai arriscar a sua liquidez, investindo em títulos de dívida pública, sabendo que não os vai poder colocar no BCE como colateral para “recuperar” essa mesma liquidez. Qualquer investimento em títulos, por parte de um banco, a partir de agora, terá que ser muito bem pensado e tem que incorporar obrigatoriamente um “deleverage” de balanço.
Começamos a ver os resultados das reuniões com a “troika”, implementando estratégias concretas para começar o difícil caminho que nos espera a todos e que também passa pelos nossos bancos.  
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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Relações Laborais e Produtividade

Agora é tempo de fazer as reformas necessárias no mercado de trabalho para sermos mais produtivos. Muitos confundem produtividade com regalias no trabalho. Tentam passar a ideia que, com mais regalias, seremos mais produtivos.
Em parte, é verdade. A grande questão é saber de que tipo de regalias estamos a falar porque elas não são todas iguais.
Se estamos a falar de prémios ou bónus, associados a objectivos de desempenho, isso realisticamente aumenta a produtividade do trabalhador. Ele fará tudo para cumprir os seus objectivos e para ser recompensado.
A produtividade também aumenta com melhores condições de trabalho, local agradável, bom ambiente, actividades extra-laborais como ginásio, piscina, creche para os filhos, etc. Passará também por um “management” competente, que premeia o mérito e a competência, focado na rentabilidade da empresa, deixando de lado os interesses pessoais e quezílias. Tem que saber motivar, ser líder e ter espírito de grupo.
Agora, quando falamos de regalias no âmbito da “garantia” do posto de trabalho, esse tipo de regalias só afecta a produtividade. É deixado de lado o mérito em favor do “direito” ao emprego, que leva depois a um “relaxar” da produtividade por parte do trabalhador.
Não se pode ficar com um emprego por decreto, mas sim por competência. Ocupar um lugar, sem mérito, que podia pertencer a alguém com mais valor, maior capacidade de trabalho, melhor produtividade, é condenar essa empresa a ser menos competitiva e a enfraquecer a sua posição no mercado.
A questão aqui é a própria natureza humana. Quem não percebe isto e não vê a sua importância nas relações laborais, não está a entender um dos aspectos fundamentais do sucesso ou do fracasso na economia.
 Todos nós necessitamos do factor “cenoura”, do factor motivação, para demonstrar as nossas capacidades, sermos puxados aos limites para atingirmos os nossos objectivos. E com isso, teremos tudo por mérito e não por decreto…
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domingo, 1 de maio de 2011

Reestruturação de Dívida Soberana – A Solução

A solução para o nosso país terá que passar pelo “deleverage” da nossa economia. Este será o primeiro passo numa caminhada dolorosa que nos fará sair deste beco escuro para onde fomos conduzidos.
A ilusão que nos venderam quando aderimos ao projecto europeu, que os nossos salários e os nossos padrões de consumo se equipariam aos dos outros países europeus, era uma ficção com a nossa produtividade, alimentada pelos bancos com o recurso ao crédito fácil e barato pós-euro.
Ninguém teve a lucidez e a coragem de explicar aos portugueses que não podiamos receber o mesmo salário fazendo menos e fazendo pior. Na união económica e monetária, a competitividade é um factor crítico de sucesso. A verdade é que fomos uma economia demasiado fraca, com uma moeda demasiado forte, por demasiado tempo.
Ora, neste momento, só seremos competitivos pela deflação da nossa economia, através da redução dos custos de produção do lado do trabalho, ou seja, pelo corte dos salários.
Iremos fazê-lo num ambiente económico hostil, com os custos do petróleo, a cotação do euro, a taxa de inflação e a tendência das taxas de juro, a apontarem tudo no mesmo sentido, ou seja, em alta.  
Mas, se fizermos tudo bem, teremos um futuro melhor. Teremos uma mão-de-obra mais qualificada, com ordenados mais baixos, activos mais baratos, uma moeda forte e estável. Estes serão os nossos pontos fortes que devemos aproveitar e não repetir os erros do passado.
Rapidamente, conseguiremos aumentar as nossas exportações, dado o elevado nível de qualificação aliado a uma mão-de-obra mais barata.
O euro será um factor positivo, dando aos investidores estrangeiros segurança para investirem em Portugal. Irão rapidamente perceber que os nossos activos se desvalorizaram, chegando ao ponto atractivo de compra dadas as nossas perspectivas de crescimento sustentado.
Voltaremos a ter níveis de endividamento, público e privado, dentro da razoabilidade e, aos poucos, voltaremos a ter acesso ao crédito.
O euro será o grande ponto forte da nossa economia, será o factor que dará a confiança necessária aos investidores para colocarem aqui o seu dinheiro.
Este será o único cenário que nos tirará deste beco sem saída, de uma forma sustentada e com crescimento futuro. Qualquer outra solução, será apenas mais uma ilusão para português ver, disso não tenho a mínima dúvida.
Mas será que iremos por este caminho? Eu espero que sim. Mas tenho medo que quando as dificuldades aparecerem, que serão muitas, os Portugueses optem pelos vendedores de ilusões, pelos que vendem soluções mais fáceis, mas que no final do dia, o que nós venderam não valia nada mesmo…
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sábado, 30 de abril de 2011

Reestruturação de Dívida Soberana – Para as Pessoas

Não poderia ser melhor. Qualquer ponto a mais de haircut é um sacrifício a menos que as pessoas vão ter que suportar. Quem pagará são os investidores da dívida, que perdem uma parte do seu dinheiro.
Mas atenção, não podemos olhar para isto como uma benesse. Nós somos os responsáveis pela dívida, temos é que ter vergonha pelo estado onde chegámos. E, acima de tudo, temos que demonstrar mais responsabilidade e vontade de dar a volta aos nossos problemas.
Não podemos olhar para esta situação como alguns olham, ao afirmarem que a culpa é dos nossos credores, não temos que lhes pagar nada, e ainda queremos sair da zona euro. Quem diz isso, não sabe o que diz, não sabe do que fala. Como alguém já disse, sair agora da zona euro é como voltar à Idade Média.
No final, teremos que procurar um compromisso para os sacrifícios a repartir entre os credores e a população e não esquecer que, após este evento, a nossa capacidade de ir ao mercado buscar dinheiro será impossível nos próximos 5 a 10 anos.
Esse será o tempo que teremos para fazer as reformas estruturais necessárias na nossa sociedade e na nossa economia, sempre com o apoio da União Europeia e do FMI, mas sobretudo com a nossa iniciativa e o nosso esforço.
As reformas vão ser complexas e terão consequências devastadoras no curto prazo. Vamos assistir ao aumento brutal do desemprego, às falências das empresas e das pessoas, ao incumprimento bancário. As pessoas vão ter menos dinheiro, através da redução dos salários e das prestações sociais. Não será fácil ter acesso ao crédito.
Ora, isto irá provocar uma queda no custo da mão-de-obra e no valor dos “assets” em geral em Portugal, ou seja, a deflação da nossa economia.
Esta será a base da nossa solução.

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Reestruturação de Dívida Soberana – Para os Mercados

Mas então é possivel fazer uma reestruturação “controlada” da dívida? É muito díficl responder a essa pergunta, mas realmente estamos melhor que há seis meses onde uma reestruturação implicaria a saída do euro e talvez o fim da moeda única.
Hoje, os mercados conseguem diferenciar melhor os créditos dentro do euro e observam uma resposta europeia mais sólida e unida. As medidas estão a ser tomadas lentamente, mas estão a ser tomadas.
Acima de tudo, os mercados já não acreditam num colapso da zona euro, mesmo com a reestruturação de dívidas soberanas. Foram criadas condições para a sustentabilidade do euro.
Por outro lado, uma reestruturação de dívida de um país do euro, levará a uma pressão insustentável nos outros países onde ainda existam dúvidas das suas capacidades creditícias, sendo logo afectados por contágio. Desta forma, todas as “ovelhas negras” serão rapidamente afectadas.
Realisticamente, isso é bom. O problema terá que ser resolvido no imediato, por todos e sem espaço para dúvidas, fortalecendo a União Europeia e o euro no final do processo.
Para os mercados, a questão da reestruturação é fundamental. Neste momento, já não temos as curvas de crédito normais na Grécia, Portugal e Irlanda porque o que define a taxa de juro não é o prazo, é o seu “cash price” em relação ao haircut esperado.
Vejamos, então, o caso grego:

Claramente, o que vemos a partir de 2015 é um “colar” do cash price nos 55%, o que representa um haircut de 45%. Realisticamente, o mercado já está a descontar o inevitável, os detentores das dívidas teoricamente deverão já estar a assumir esta perda por via da contabilização mark-to-market. Portanto, o risco deste evento provocar perdas inesperadas nos bancos alemães, franceses, etc. é diminuto.

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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Reestruturação de Dívida Soberana – O Inevitável

Nos últimos dias, fala-se muito de reestruturação de dívida nos países que recorreram ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, com destaque para a Grécia, mas alguns mencionam também Portugal.
Os gregos foram os primeiros a pedir a ajuda externa e agora parece que todos começam a ver o óbvio, ou seja, que o montante em dívida é tão elevado e o desfasamento com o crescimento potencial da sua economia é tão marcado que não é possivel resolver esta disparidade sem reestruturar.
Como sabem, sempre fui relutante em acreditar que a Europa algum dia aceitaria uma solução de reestruturação “controlada” da dívida dentro da zona euro. Esta solução, do ponto de vista técnico, é uma reestruturação que não causa danos irreparáveis aos outros países europeus e, por isso,  não compromete a moeda única.
Mas a recusa dos responsáveis europeus de uma reestruturação da dívida na zona euro tem sido, sobretudo, política. Como quem diz aos mercados e ao mundo: sabemos que isso pode acontecer mas aqui não se fazem as coisas assim...
Neste momento, é claro que a solução passará por uma reestruturação. A austeridade provoca a recessão e, sufoca as economias e o crescimento. Deixa-nos no mesmo ponto, senão pior, no rácio de dívida sobre PIB.
A austeridade é necessária, mas devia ter sido implementada mais cedo. Nesse caso, chegaria. Actualmente, com os níveis de endividamento que temos, a austeridade não é suficiente e não nos vai restar outra solução que não seja reestruturar.
É isso que os líderes europeus não querem ver, ou preferem não ver. Há quem diga que isso será pior que a falência da Lehman Brothers. Acredito que não vai ser fácil, mas infelizmente terá de ser feito. Vejamos o que se passou nos E.U.A. onde a banca há pouco mais de 3 anos apresentava perdas brutais, que quase levavam todo o sistema financeiro ao colapso, e hoje vejam como os bancos americanos estão...
Aos gregos e também a nós, não nos resta outra solução. Eles vão ser os primeiros e abrem-nos a porta...

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quarta-feira, 27 de abril de 2011

“Com o FMI Cá Quem Paga és Tu!”

Por estes dias, veremos pelas nossas ruas, nas cidades e vilas de Portugal, cartazes do Bloco de Esquerda com o seguinte slogan: “Com o FMI cá quem paga és tu!”.
Esta frase quase nos desresponsabiliza pela dívida do Estado que temos de pagar.
Ao contrário do que muitos pensam, a dívida de mais de 170 mil milhões de euros que Portugal deve, não é de José Sócrates, não é dos políticos, não é de uma entidade com que não temos nada que ver, é mesmo nossa!
O Estado somos todos nós e todos somos responsabilizados por ele. Não há que fugir, gostem ou não gostem.
Vir com slogans destes demonstra uma total falta de responsabilidade, contribuindo cada vez mais para a “deseducação” da nossa população através duma demagogia fácil e simplista. Sem se apresentar nem explicar outras soluções. Sem se preceber nem entender as consequências do que defendem.
Nós deixámos o Estado chegar a este ponto, através do exercício do nosso poder de voto, nós deixámos que nos guiassem por este caminho. Por isso, nós é que temos que nos responsabilizar pela nossa dívida.
Quem vai pagar a nossa dívida, na perspectiva do Bloco de Esquerda? Por favor, digam lá que eu tenho uma casa para pagar e pode ser que também me paguem o meu empréstimo...
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terça-feira, 26 de abril de 2011

25 de Abril ... 37 Anos Depois

Estamos a viver as piores horas do regime político que nasceu em 25 de Abril de 1974. Por isso, nos tempos que se aproximam, tudo irá ser posto em causa por todos, desde a “revolução dos cravos” até à própria democracia.

Neste blogue, temos alertado aqueles que nos seguem para esta realidade: temos um sistema socio-económico frágil e desequilibrado, um sistema politico-partidário corrupto e ineficiente, um Estado gordo e vulnerável.

Pois bem, tudo isto resulta da democracia como nós a vivemos e praticamos. Será, então, a democracia um regime tão perfeito como sempre nos fizeram acreditar?

Em democracia, temos o direito de escolha e, perante a lei, o voto, expresso por cada um, tem o mesmo peso na contagem final de cada eleição. Independentemente da nossa posição social, sexo, idade, cor da pele, ou saldo da conta bancária.

Mas se temos este direito, que é um verdadeiro poder nas nossas mãos, será que todos temos capacidade de o utilizar para o objectivo do bem comum? Será que todos estamos informados e cientes como o nosso país está e quais são as melhores soluções?

Não é possível termos uma democracia eficiente num país com um baixo nível de educação. Como é que vamos dar o poder da decisão a quem não sabe e só escolhe por uma cara bonita… e, depois, essa escolha vai afectar toda a comunidade?

Como é que uma democracia funciona sem justiça? Onde ninguém é responsabilizado pelos seus actos, onde os criminosos saem impunes nos seus crimes, onde os agentes da democracia (políticos) são mentirosos e corruptos… e nada lhes acontece.

É fácil manipular a população, cativar o seu poder, cativar o seu voto. Basta utilizar o poder que os políticos obtêm quando ganham eleições. O poder de fazer tudo com o dinheiro do Estado, que é o dinheiro dos nossos impostos, em seu benefício pessoal, dos seus amigos e dos interesses que o seu partido representa. Antes de cada eleição, basta distribuir as habituais “benesses” à população numa forma populista para “defender os mais necessitados”, subsidiar a preguiça e comprar votos. E tudo isto é feito com o nosso dinheiro para ganhar as eleições e conservar o poder.

Será este o objectivo do Estado? Eu penso que não. Em 37 anos, por duas vezes, vimos o apetite insaciável do Estado assaltar a sociedade e devorar a economia. No primeiro caso, logo após o 25 de Abril de 1974, os desmandos da revolução levaram-nos perto da bancarrota. Agora, no segundo caso, seguimos o mesmo caminho e fomos ainda mais longe … estamos na bancarrota!

Será que não aprendemos?  

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terça-feira, 19 de abril de 2011

Projecto Europa no Mundo Global

Estas décadas o projecto europeu afirmou-se, através de passos decisivos, desde a sua constituição até à criação da moeda única. Apesar da crise das dívidas soberanas, podemos dizer que é um projecto de sucesso. Mas, como tudo na vida, há sempre bons e maus momentos.
Num mundo mais global, onde os países emergentes rapidamente se estão a transformar em grandes economias, o espaço e o papel da Europa vai perdendo força. A economia mundial apresenta-se cada vez mais dividida entre os EUA e a China, numa bipolarização crescente em que a Europa perdeu competitividade, expressão económica e influência política.
O projecto da moeda única tornou-se fundamental para representar a ambição e o peso da Europa no mundo. Demonstrou a existência da Europa unida e próspera, com uma moeda forte, e que queria ganhar espaço na globalização. O euro seria a moeda das trocas económicas mundiais, capaz de rivalizar com o dólar americano.
E, até certo ponto, o euro foi ganhando o seu espaço. Antes da crise das dívidas soberanas dos periféricos, já se falava do petróleo passar a ser negociado em euros. A moeda ganhou força e representou cada vez maior estabilidade e segurança para os investidores e as trocas comerciais, justificando a aposta dos agentes económicos na sua utilização crescente.
Mas depois surgiram os problemas na eurozona e a moeda perdeu valor, estabilidade e credibilidade. Neste momento, o sucesso do euro representa o sucesso da Europa. Sem o euro, a Europa tem muito pouco para dar nesta economia globalizada.
Os líderes europeus têm que entender que o arrastar desta crise só levará a maior descrédito do euro e a maior descrédito da Europa. A solução está à frente dos olhos e será dura para todos, mas só assim vamos construir uma moeda mais forte, logo uma Europa mais forte.
No Facebook: http://www.facebook.com/pages/Di%C3%A1rio-do-FMI-em-Portugal/167717276588727

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O Futebol da Política

Muitos de nós quando nascemos somos empurrados para um clube de futebol pelos nossos pais ou pelos nossos avós, seguindo uma tradição de familia. Os poucos que escapam a este “empurrão” que os aguarda à saída do berço, acabam por, mais cedo ou mais tarde, dar a sua preferência a um determinado clube.
Independentemente da razão dessa escolha, para quase todos essa será uma escolha para a vida, nos bons e nos maus momentos, sempre fiéis ao seu clube. O problema é que muitos transportam esta lógica para a política. E nada mais errado do que pensar que o futebol e a política são a mesma coisa.
Os partidos políticos defendem ideologias diferentes, eles possuem uma visão dos problemas que os distingue. Para esses problemas, apresentam propostas e soluções que estão de acordo com diferentes visões da sociedade, hierarquias de valores, e o relacionamento entre o Estado e a cidadania.
Por outro lado, também cada um de nós se identifica melhor com um determinado modo de ver o mundo que se enquadra depois numa certa ideologia e prática políticas.
Por exemplo, a defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais, o direito ao bom nome e à propriedade privada, o sufrágio universal, a democracia representativa e o papel limitado do Estado na economia e na vida dos cidadãos. Estes seriam os valores que serviriam de base a uma certa escolha política e partidária.
A realidade demonstra-nos que a nossa envolvente no mundo é dinâmica. Através de experiências que ocorrem enquanto vivemos, aprendemos e adaptamos a nossa vida às nossas vivências e o nosso pensamento muda com frequência influenciado por essa realidade que nos cerca.
Tudo isto é normal e foi estudado por sociólogos, psicólogos, filósofos, etc. Quem diz que nunca mudou de opinião, ou mente ou comete constantemente erros por temosia.
Mas hoje em Portugal, o voto num determinado partido não tem nada que ver com a sua ideologia, bem pelo contrário. Porque a ideologia e o programa eleitoral já estão escolhidos em circunstâncias que nós não controlamos e os partidos de governo terão que aplicar essas medidas com uma reduzida margem de manobra.
Quando votarmos, temos que perceber que estamos a votar num líder, num gestor, numa equipa de trabalho. E ao contrário do futebol, uma mudança agora no nosso voto tradicional não pode ser vista por nós como uma traição. Será antes mudar para escolher quem acreditamos irá servir melhor os interesses de Portugal.
Para concluir, quem segue a prática futebolística na política é cego nos seus interesses. Não consegue ouvir os outros e aceitar outras ideias, nessa teimosia persistente. E acaba por escolher mal, sem ter em conta quem realmente é capaz de liderar, quem tem competência, quem tem mérito e capacidade para nos conduzir para fora deste buraco...

domingo, 17 de abril de 2011

Diário do FMI em Portugal no Facebook

Para estarmos mais próximos dos nossos seguidores e estimulados pelo sucesso que o blog estava a ter, criámos em Outubro do ano passado a página oficial do Diário do FMI em Portugal no Facebook.
Mas a falta de tempo e as limitações do trabalho “voluntário” atraiçoaram as nossas boas intenções. Durante meses, nunca foi comentado nenhum tema nem partilhada qualquer informação no mural. Mas isso vai mudar agora. A equipa do Diário do FMI em Portugal irá, a partir de amanhã, passar a deixar comentários e a partilhar notícias e análises no nosso mural do Facebook.
O objectivo é ter mais informação ao longo do dia, desde actualidades económicas, políticas e sociais. Desde notícias, dados económicos, comentários, etc. Queremos ter mais debate de ideias, opiniões e o vosso feedback. Queremos ter mais interacção com quem nos segue.
E, claro, em paralelo, continuaremos a ter o comentário diário no blog que poderá dar sempre o mote e ser um ponto de partida para uma discussão no Facebook.
A Equipa do Diário do FMI em Portugal
Link: http://www.facebook.com/pages/Di%C3%A1rio-do-FMI-em-Portugal/167717276588727

sábado, 16 de abril de 2011

Troca-tintas

Hoje deixo aqui um excelente filme que se encontra no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=BDwSzZAYRMU&feature=related
O melhor esta na parte final onde ficamos a saber que Sócrates nos levou à falência… de propósito!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Globalização

Quem pensa que a solução do nosso problema está simplesmente na compra de produtos nacionais, não percebeu a dinâmica do mundo de hoje. Está fechado em casa e ainda não abriu a porta.
Queiramos ou não, vivemos numa economia global e para vender temos que ser competitivos. Não podemos querer vender por “decreto” ou por “obrigatoridade”, esse é o caminho mais simples mas que não nos vai levar a lado nenhum.
Querer abandonar o circuito da globalização, ou impor normas restritivas aos produtos vindos do exterior, tornará Portugal uma espécie de Cuba europeia, uma Venezuela sem petróleo. Acreditem, ficaríamos muito pior. O processo da globalização não parou, apesar da crise mundial, e não parará. Até a “socialista” China já embarcou nesta viagem.
Soares dos Santos, Presidente da Jerónimo Martins (Pingo Doce) disse que as pessoas não compram os produtos só por serem nacionais, mas que procuram sempre a melhor relação qualidade-preço e é isso que vende.
Temos, então, que ver o nosso problema de outra perspectiva. O consumidor terá sempre o direito e a decisão de escolher. Escolherá sempre o melhor para ele, não apenas na qualidade mas também pelo preço.
Qual é o sentido de eu comprar umas batatas nacionais que têm uma boa qualidade mas que são bem mais caras que outras batatas internacionais com a mesma qualidade? Provavelmente, seguindo este raciocínio, a meio do mês já não terei dinheiro nem para produtos nacionais ou internacionais. O mesmo se passará com a qualidade porque se tem má qualidade, não nos vamos alimentar correctamente e provavelmente irá quase tudo para o lixo.
Pois bem, talvez a solução não passe pela alteração dos hábitos dos consumidores, talvez a solução esteja mesmo na competitividade dos nossos produtos. Se os nossos produtos tivessem melhor qualidade e menor custo, tenho a certeza que não estávamos aqui a discutir este tema. E há casos em que as coisas se passam assim, e esses são os casos de sucesso. Infelizmente, são muito poucos para a dimensão da nossa economia.
O problema que temos é a competitividade dos nossos produtos, e a sua resolução não passa pelo consumidor mas sim pelo produtor. Não por culpa própria, ganância ou incompetência, mas porque há um ambiente de negócio desfavorável em Portugal. Num contexto onde faltam uma livre concorrência e uma justiça rápida e eficaz, onde sobram taxas, impostos e burocracia, o que existe, de facto, é uma verdadeira “perseguição” à iniciativa, à inovação e ao empreendorismo...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

24 de Fevereiro de 2011 – O Dia em que o Governo Caiu

Cada vez mais a internet é uma “arma” fundamental na transmissão das mensagens políticas dos partidos. O PS e José Sócrates não são excepção.
Então vejamos o site que foi criado para a campanha das legislativas a realizar-se agora no dia 5 Junho:
Até aqui tudo bem.
Para quem domina mais a internet, sabe o que é a ferramenta: http://whois.domaintools.com/ Não é mais que o site que nos permite visualizar o dono do domínio (endereço na Net) e suas características.
Se fizermos o teste para o site da candidatura de José Sócrates os resultados serão os seguintes:
Registration Service Provided By: Flesk Telecom Lda
Contact: 

Visit: http://www.host-services.com
      
Domain name: socrates2011.com

Registrant Contact:
   Partido Socialista
   Pedro Filipe Joao Henriques ()
 
   Fax:
   Largo do Rato, n2
   Lisboa,  1269-143
   PT

Administrative Contact:
   Partido Socialista
   Pedro Filipe Joao Henriques (
)
   +351.213822000
   Fax: +351.213822000
   Largo do Rato, n2
   Lisboa,  1269-143
   PT

Technical Contact:
   Partido Socialista
   Pedro Filipe Joao Henriques (
)
   +351.213822000
   Fax: +351.213822000
   Largo do Rato, n2
   Lisboa,  1269-143
   PT

Status: Locked

Name Servers:
   ns1.euestouaqui.com
   ns2.euestouaqui.com
 
Creation date: 24 Feb 2011 12:40:00
Expiration date: 24 Feb 2012 07:40:00

Vemos então quem é o proprietário do site, quem o criou, a sua morada, etc. Tudo normal, como esperado. Até que salta à vista a data de criação do site:  24 de Fevereiro de 2011!
Mas nessa altura as eleições já estavam marcadas?... O governo já tinha caído?... Já havia ameaças no ar?... Nessa altura já se tinha apresentado o PEC IV?... Cavaco Silva já tinha tomado posse e feito aquele discurso que (supostamente) levou à queda do governo?...
Pois bem, nessa altura tudo andava calmo, pelo menos aparentemente…
Na realidade, o que hoje sabemos é que um PEC IV estava a ser delineado, assim como a queda do governo…
A estratégia estava montada, a peça de teatro ia começar… E hoje estamos a vê-la, hoje estamos a senti-la. Perante a verdade à frente dos nossos olhos, sabemos que tudo isto foi programado, delineado, como se numa guerra estivessemos.
Só não acredita quem não quer…

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Corrupção - Parte II

Já falámos ontem da corrupção em pequena escala que destrói os valores da nossa sociedade. Falemos agora da grande corrupção em Portugal. O “polvo”, como alguém lhe chamou um dia.
Esta é corrupção que domina os bastidores da política e da economia através do tráfico de influências, trocas de favores, favorecimento e clientelismo, subornos, fraudes, falsificações, etc.
Cresceu apoiada num modelo político, económico e social, complexo e vulnerável, onde as mesmas pessoas, e os interesses que elas representam, se misturam nos partidos políticos, maçonarias, grupos económicos e financeiros, grandes empresas, clubes de futebol e fundações.
Na administração central, autarquias, partidos políticos, bancos, grupos ecónomicos, escritórios de advogados, movimentam-se milhares de milhões de euros que escapam ao escrutínio democrático, à máquina fiscal e às sanções da justiça.
O dinheiro não tem côr e fala sempre mais alto. Este jogo perverso, reservado a alguns privilegiados que roubam, alimenta-se de off-shores, pagamentos de luvas, emissão de garantias falsas, avaliações fraudulentas, falsificação de documentos, etc. O rol de crimes é infindável. E o crime compensa. É uma teia gigante que controla tudo e todos, com um poder que muitos nem imaginam.
Os criminosos passeiam-se na nossa sociedade com cinismo e impunidade, porque sabem que a justiça não os agarra. O pior é que todos sabemos quem eles são. Quem trabalha para eles sabe bem os podres que eles carregam, mas ninguém diz nada porque ninguém confia na nossa justiça.
O mau funcionamento dos tribunais afasta os cidadãos e impede a justiça de ser feita, com custos incalculáveis para o nosso futuro.