domingo, 21 de novembro de 2010

Regeneração Urbana

O Presidente da CIP – Confederação Industrial Portuguesa – apresentou há dias um projecto de Regeneração Urbana. Trata-se de um conjunto de medidas com incidência ao nível fiscal que visam impulsionar a reabilitação urbana e o mercado de arrendamento. Segundo António Saraiva: “O projecto Fazer Acontecer a Regeneração Urbana vai contribuir para dinamizar a economia e para aumentar a riqueza nacional: por cada emprego criado no sector da construção, geram-se mais dois empregos adicionais. Por outro lado, por cada euro que se investe em construção, gera-se um total de 2 euros e 19 cêntimos em actividade económica, directa e indirecta. Ou seja: há um efeito multiplicador do investimento em construção e imobiliário”
Com todo o respeito, que conversa da treta! Será que ainda não perceberam o que se está a passar? Larguem os lobbies e olhem à vossa volta! O mercado de construção e imobiliário está a sofrer e vai ter que continuar a sofrer. A lição que tiramos desta crise é que esse mercado não pode ser o motor da economia. Está muito dependente de crédito (leverage) e não traz valor à economia – Não cria bens transaccionáveis de fácil exportação!
E já agora vamos deixar de ser hipócritas: que emprego vai gerar? Mão-de-obra barata! E quem é mão-de-obra barata? Imigrantes. Será que ganhamos alguma coisa com isso…? Quem ganha são as grandes construtoras, que continuam a explorar as pessoas e continuam com obra para fazer, “montadas” no Estado para não variar!
Em relação aos efeitos multiplicadores que o Presidente da CIP apresenta, quer na criação de emprego quer na actividade económica, já não são reais. Acho que as pessoas ainda não perceberam que o acesso ao crédito vai ficar muito limitado nos próximos anos. Assim sendo, vai-se construir/reabilitar para quê? Para alugar. Pois bem, eu sou muito favorável ao aluguer de casas e acho que é um mercado que Portugal tem que apostar. Mas não de qualquer maneira. Qualquer reabilitação ou construção terá de ser de iniciativa privada, e não a contar com as habituais ajudas do Estado. Por outro lado, o Estado tem realmente obrigações na ajuda ao arrendamento, mas não financeiras, apenas legais. O Estado tem que agilizar as regras de arrendamento e tem que, acima de tudo, agilizar os processos de despejo por falta de pagamento. Quem é que vai investir em arrendamento quando sabe que se um inquilino não pagar vai perder, pelo menos, 1 ano em rendas?
Já temos um parque imobiliário excedentário, aumentá-lo ainda mais podia ser como atirar lenha para a fogueira. E se um dia os preços caiem vertiginosamente, os bancos ficam “agarrados”. Mas estou apenas a especular…
Concluindo, a mensagem que quero aqui deixar é simples: Há muito onde podemos investir, como sempre houve no passado, como haverá no futuro. Temos é que investir bem! Aprender com os erros é importante, para não voltar a cometê-los!   

3 comentários:

  1. Tudo certo, tudo bem dito.

    Mas eles não aprendem. Claro que os preços e a valorização das casas, actualmente suportados artificialmente pelos bancos (activos, activos ...) vão ter que cair.

    Cavaco disse ao Obama boy que aqui não tivémos bolha imobiliária. Boa piada porque ela está escondida nos "livros" da banca à espera da melhor hora para rebentar.

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  2. Bom dia,

    consegue-me explicar as vantagens do arrendamento face à compra da habitação? Ainda hoje não sei o que fazer, se comprar casa se arrendar até aos finais dos meus dias.

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  3. Concordo com a sua opinião: apostar na construção significa agravar o leverage, gerar empregos de má qualidade, mal remunerada e temporária, além de que não exportamos casas por mais bem arranjadinhas que estejam! Esta foi a opção económica dos últimos 30 anos - betão e asfalto em excesso. Também sou contra o TGV. Quantas empresas públicas na área dos transportes apresenta lucros? Quem acredita que agora com o TGV é que vai ser diferente?

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