quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Plano de Reestruturação de Dívida Soberana

Nos últimos dias continuamos a ver o valor do juro da nossa dívida a subir. “Mas porquê?”, muitos perguntam. Já temos o orçamento aprovado, parece tudo perfeito...
A realidade é que o mercado continua muito nervoso e a razão de tudo isto é o “Mandato de Assassinato do Euro”[1]. Continuamos todos ao sabor da perspectiva de um plano de reestruturação da dívida nos países que têm dívida a mais.
Mas o aumento de juro da dívida baseado nestas notícias é interessante e dá para tirarmos já uma conclusão muito simples (para quem ainda não se convenceu): Portugal tem dívida a mais! É isso que o mercado está a dizer. Ele já não discute a questão do FMI ou não FMI, ele simplesmente está a dizer que se este plano for avante, Portugal estará na linha da frente para reestruturar a sua dívida.
Estamos no modo onde, das duas uma: ou existe uma solidariedade Europeia – Portugal “safa-se”; ou é deixado apenas com os fundamentais da sua economia – Default (reestruturação). Os mercados apenas estão a fazer o pricing das potenciais perdas de uma possível reestruturação.
Sobre este tema da reestruturação “controlada”, como já disse nos meus anteriores comentários, sou muito céptico. Acho que os políticos não estão a medir bem as consequências de uma medida desse tipo. Aliás, saiu ontem um estudo da Bruegel[2], muito credível, que já estabelece os guide lines do mecanismo de reestruturação Europeu.
Para mim, o que todos se estão a esquecer é dos bancos. Como será a “vida” deles num cenário de reestruturação da dívida pública? É que isso implicará obrigatoriamente uma reestruturação da dívida dos bancos também. Estamos, então, a falar de um default global da nossa economia.



[1] Ver Comentário – Assassinato do Euro - II
[2]http://www.bruegel.org/pdf-download/?pdf=fileadmin/files/admin/publications/blueprints/101109_BP_Debt_resolution_BP_clean_01.pdf

2 comentários:

  1. O seu último parágrafo diz o mais importante mas olhe que a Fitch não se esqueceu dos bancos portugueses e foi por isso mesmo que lhes baixou o rating...

    E quando a nossa bolhinha do imobiliário vier à luz do dia associada à subida do malparado ... então como vai ser?

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  2. The Economist, hoje:

    "STILL CRAZY AFTER ALL THESE YIELDS"

    Sugiro a leitura.

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