quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Realidade Bancária Portuguesa

Já falei acerca dos nossos bancos estarem insolventes. Hoje vou fazer a demonstração prática desse facto. Escolhi o BCP para esta demonstração mas quero deixar bem claro que a escolha foi totalmente aleatória e o que aqui vou demonstrar aplica-se a toda a realidade bancária Portuguesa.

Vamos então observar o balanço do Banco no final de 2009:



Antes de mais, quero alertar que a “fotografia” do final do ano é sempre a melhor!

Vamos então fazer uma simples análise do balanço:

O primeiro valor que salta à vista é o Shareholders Equity: O valor de capitais próprios que o banco tem. Esse valor, no final de 2009, é de 7,221 mil milhões de Euros contra os 95,550 mil milhões de Euros em Total Assets (Activos) – Isto é que é leverage! Estamos a falar de mais de 13 vezes os capitais próprios.

Segundo ponto, valor de crédito em carteira (Total Loans) que são 77,348 mil milhões de Euros, onde já consideram 2,157 mil milhões de Euros de cobrança duvidosa. Estamos a falar então de um total actual de créditos em carteira de 75,191 mil milhões de Euros, o que representa mais de 10 vezes os capitais próprios e 1,63 vezes os depósitos bancários (46,066 mil milhões de Euros). O restante suporte dos activos está dependente de acesso ao crédito por parte do banco; neste caso o total de crédito é de 42,264 mil milhões de Euros, sendo 18,488 mil milhões de Euros no curto prazo e 23,777 no longo prazo.

Agora vamos imaginar que 20% da carteira de crédito entra em incumprimento e que o nível de recuperação é de 50% (estou a ser simpático!): As perdas no banco serão cerca de 7,519 mil milhões de Euros.

Tudo isto não é maior que o capital social do banco?… O que isto quer dizer é simples: Insolvência! Podem dizer que ainda temos os depósitos. Mas os depósitos são do Banco? Não, são dos clientes…

Para acabar, o pior. Vejamos então o que eles chamam de Off-Bal Comm&Cont (Off Balance Commitments and Contingencies), que não são mais que posições que foram retiradas do balanço do Banco. E o que é que esta rubrica pode agregar? Garantias, Avales, compromissos irrevogáveis… Muita matéria onde pode existir (ou já existem) perdas. O valore que já temos nessa rubrica é já de 22,565 mil milhões de Euros…

Muitos são os que falam dos interesses dos Angolanos, Espanhóis, Chineses (que ainda não vi nada). Mas qual é o valor desses interesses? Pegando no caso do BCP, os Angolanos se tiverem 10% do Banco isso representa um investimento de menos de mil milhões de Euros. Por menos de mil milhões de Euros acham que eles estão dispostos a injectar mais 10 ou 20 mil milhões de Euros em caso de insolvência? Não. Então porque é que continuam com a sua posição? Primeiro, porque mil milhões de euros são trocos para eles e em segundo lugar manter uma posição no banco pode ser uma mais-valia num eventual desmembramento do banco.

Uma coisa é certa: Quando o FMI/EU entrarem em Portugal, pouco tempo depois os bancos portugueses vão ser Intervencionados/Nacionalizados. Disso já eu não tenho dúvidas nenhumas!

3 comentários:

  1. Em 2011 o BCP e outras grandes empresas vão ter que vender uma boa parte dos seus activos. Esta é a má notícia.

    A boa notícia é que há compradores interessados e existe bastante dinheiro fresco pronto para entrar na nossa economia.

    Sejam brasileiros, angolanos ou chineses procuram acesso ao mercado europeu, posições e economias de escala.

    Com euro ou sem euro, o que eles compram é geografia.

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  2. Afinal qual é o banco mais sólido em Portugal?
    Teremos mais BPP's?

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  3. O mais sólido é o Banco BiG. Tem um rácio de solvabilidade e de Core Tier 1 de 35% (o mímimo exigido é de 6%).

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