sábado, 6 de novembro de 2010

Culpa

Hoje os Portugueses estão com sede de culpados. Diariamente atiram as culpas de tudo o que nos está a conhecer aos outros, sem antes olharem friamente para dentro.
A culpa da crise é dos Bancos, a culpa é do BCE, a culpa é do Euro, a culpa é da Alemanha, a culpa é do PS, a culpa é do PSD, a culpa é do 25 de Abril, a culpa é de Salazar, a culpa é de D. Afonso Henriques! Todos têm um culpado!
Pois bem, para mim os culpados somos todos nós. Como já disse, a base da pirâmide do nosso problema actualmente é o crédito, e quem é que não tem crédito? Quem é que não tem a sua casa própria? Quem é que não tem um cartãozinho de crédito? Quem é que não fez aquela comprinha desnecessária? Quem é que não vai jantar fora quando tem comida em casa? Há vinte anos Portugal não era assim. O acesso ao crédito permitiu-nos muitas coisas, talvez hoje possa dizer, coisas a mais…
Agora vamos subir a pirâmide e aí encontramos os nossos políticos. São eles que têm o poder de definir “as regras do jogo”, são eles que nos conseguem limitar e definir como sociedade e é assim que a democracia está montada - e está correcta. Os políticos têm de agir, decidir, estruturar e gerir. Se as decisões foram as correctas só o futuro dirá. Não há um único caminho a seguir nas políticas, há vários, e os políticos têm e devem ter a capacidade de decidir. Se não gostamos, se não concordamos, se o resultado não for bom, a democracia dá-nos a oportunidade de os substituir.
Quem é que não tomou uma decisão errada? Eu já tomei “n”. Como eu sempre digo: “quem diz que nunca errou, é porque erra todos os dias. Quem não tem a capacidade de ver os erros, não tem capacidade de os corrigir”.
Mas atenção, existe uma grande diferença entre um juízo errado, e um erro premeditado. Neste último caso estamos a falar de corrupção:
Corrupção das decisões premeditadamente “erradas”, corrupção de pôr o interesse eleitoral à frente dos interesses do nosso País, corrupção para colocar “amigos” a trabalhar no Estado, corrupção para desviar fundos, corrupção nos concursos públicos, corrupção para calar os opositores, corrupção para nos esconder a verdade - corrupção com o nosso dinheiro! E é esse o problema dos nossos políticos de hoje! Mas somos nós que os escolhemos! Portanto, somos nós os culpados!
No topo da pirâmide fica a nossa cultura. Pois bem, foi ela que deixou que tudo isto acontecesse…

2 comentários:

  1. É verdade.

    Somos todos culpados, uns com a barriga cheia e outros com a barriga vazia.

    Concordo com a alusão ao Afonso Henriques... Nunca deviamos ter sido mais do que uma provincia espanhola porque, sendo um povo de valentes nos momentos decisivos, não temos e nunca tivémos capacidade para ser politicamente autónomos.

    Fomos durante dois séculos um protectorado inglês e agora vamos ser um protectorado alemão.

    Em monarquia ou em república, os nossos chefes e as nossas elites são fracos, corruptos e incompetentes.

    No horizonte, vamos ter a revolta do povo nas ruas e um governo "patriótico" das corporações de juízes, médicos, professores, polícias, etc etc etc ...

    Vai uma aposta???????????

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  2. O crédito não seria um problema se tivesse estado associado a um crescimento sustentado da nossa economia todos estes anos.

    Para que isso tivesse acontecido, o crédito deveria ter estado associado ao investimento, público e privado, e não ao consumo.

    Para isso, as opções - desde a adesão europeia - deveriam ter sido outras.

    O falecido Professor Dr Alfredo de Sousa que apresentou Cavaco Silva a Francisco Sá Carneiro foi um dos primeiros a anunciar o desvario a que o país iria ser conduzido pelo betão institucional.

    José Sócrates é um criminoso rodeado de construtores civis e banqueiros gananciosos mas nunca teria sido primeiro-ministro, nem tão pouco os incompetentes António Gueterres, Durão Barroso e Santana Lopes, se Aníbal Cavaco Silva não tivesse permitido o assassinato político daquela que teria sido a sua sucessora natural no partido e no governo, LEONOR BELEZA.

    Com a cobardia e falta de integridade politica do actual Presidente, ganhou a Fundação Champalimaud uma grande líder, perdeu Portugal nos anos decisivos a partir de 1995 que antecederam a adesão ao euro um primeiro-ministro ao nivel duma Margaret Thatcher.

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