Muito tenho falado sobre a nossa realidade. Muitos podem concordar, muitos podem não concordar; a democarcia é assim. Já me chamaram “pessimista”, “profeta da desgraça”, “bota abaixo” mas isso pouco me importa. O que eu tento dizer é apenas a realidade.
Numa das minhas discussões e conversas sobre a situação do país ouvi, de uma pessoa com um percurso de vida bem maior que o meu e que eu muito respeito, um discurso muito interessante, que reflecte a verdade, mas que não sou capaz de o fazer.
O discurso baseava-se no facto de que Portugal sempre foi assim, durante estes últimos séculos. Havia sempre um período de prosperidade, de crescimento onde apenas aproveitávamos o “momento” e em que acabávamos sempre por não fazer as reformas estruturais necessárias. Quando se acabava o “momento”, tinhamos crises muito graves e duras, que acabavam por demorar anos a passar. Mas no final do dia, a História demonstra que ficávamos sempre melhor que há 20, 30 ou 40 anos antes, e que é assim que Portugal se desenvolve: lentamente mas sempre com grandes choques.
Eu concordo com todo este discuro. É verdade que estamos melhor que há 20 anos e, em princípio, devemos ficar ainda melhor depois deste choque que vamos levar.
Mas então porque é que não pratico este tipo de discurso? Porque, neste momento, as pessoas não têm consciência do que aí vem. E necessitam de ouvir um discurso realista, a alertar acerca dos tempos dificieis que se avizinham, para fomentar já poupança e reduzir o endividamento – para permitir à sociedade adaptar-se já à nova realidade.
E qual é a nova realidade? É a realidade onde deixou de haver facilidades. Não vai ser fácil comprar uma casa, não vai ser fácil comprar um carro, não vai ser fácil comprar eletrodomésticos, não vai ser fácil ter um emprego, não vai ser fácil comprar CDs, não vai ser fácil comprar comida...
Parabéns pelo seu Blog que se tornou quase uma leitura diária.
ResponderEliminarCumps.
De acordo. Conquanto a realidade empiricamente demonstrada, a persistência no mesmo levar-nos-á a lugar algum. Felizmente, este é um espaço onde se fomenta a criatividade através de exemplos explícitos e onde é possível reinvindicar novos hábitos e costumes. Em suma, os hábitos e costumes dos Portugueses vão mudar (já estão a mudar, de resto), porque se hoje temos uma dívida próxima dos 300% do PIB, tal não justifica apenas pelo despesismo e má gestão estatal, a justificação está em cada um de nós. Vai ter, portanto, de haver um "Orçamento do Estado 2011" para cada Família portuguesa.
ResponderEliminarUma rectificação ao autor: trata-se de "percurso" e não de "precurso".
Cumprimentos!