Na última reunião do Conselho Europeu sairam novidades relativamente à política económica comum; tivemos boas e más notícias. Sem ainda saber grandes promenores das medidas, já existem traços gerais do que vai ser estudado, ficando desde já garantida uma reformulação do Tratado de Lisboa.
Comecemos então pelas boas notícias: Parece que existe já um acordo na transformação do Fundo de Estabilização Financeira num Fundo permanente, deixando de ser limitado até 2013 como anteriormente definido. Esta medida é muito positiva, como eu já tinha alertado, os nossos problemas (e os dos outros) não se vão corrigir até 2013 e seria necessário prolongar a ajuda para se poder fazer os ajustes necessários.
A má notícia prende-se com a proposta de uma restruturação da dívida “controlada” nos países que apresentem incapacidade em manter os critérios definidos. Isso será como largar países como Portugal aos leões. Será uma verdadeira caixa de Pandora. O mercado da dívida tem estado sustentado na garantia implícita da União Europeia, sem isso a nossa bancarrota é quase imediata.
Mas então o que é que seria uma reestruturação da dívida? Neste momento, o que se tem falado seria, por exemplo, deixar de haver pagamentos de cupões de juro durante o período de “incumprimento”, poderia passar também por uma extensão na maturidade dos títulos, ou num pior caso, a aplicação de um hair-cut – não pagamento de uma percentagem da dívida. Todos esses casos implicariam perdas imediatas na valorização dos títulos, e no caso de um hair-cut seriam perdas permanentes.
Como é que os nossos credores iriam lidar com esta situação? Será que alguém voltava a emprestar-nos dinheiro? E a que níveis de juros? E os bancos locais (portugueses) que andaram (e andam) a comprar a nossa dívida teriam que assumir mais perdas? Quanto?
Pois bem, eu compreendo que quem vive acima das suas possibilidades tem que sofrer consequências dos seus actos. Não devem, nem podem, ser os contribuintes de outros países a pagar a factura, da mesma maneira que também não gostamos de andar a pagar a factura de BPN’s e de coisas afins.
Concluindo, por um lado abrir a caixa de Pandora da reestruturação de dívida vai ser muito negativo para os países periféricos, por outro lado não é justo que os outros contribuintes tenham de pagar as nossas irresponsabilidades.
Tenho muita dificuldade em acreditar em reestruturações de dívida “controladas”. Acho que arriscamos “matar” o projecto da moeda única. As consequências seriam devastadoras e acho que os políticos Europeus não estão a ver isso… Para eles deixo aqui uma simples mensagem: Parem de brincar com o tapete! Um dia põem-nos o tapete… no outro dia tiram-nos o tapete… Um dia o mercado já não vai acreditar mais no tapete e aí nem com um colchão!
Como disse o nosso futuro primeiro-ministro, o pior ainda está para vir.
ResponderEliminarO projecto europeu falhou porque as linhas de força da geopolitica europeia dominantes do periodo 1815-1945 regressaram em força após a reunificação alemã.
O euro, tal como a CECA, Mercado Comum, etc,etc,etc foi idealizado para prender a Europa à Alemanha e esta aos parceiros na União.
Agora, a "Europa" falhou e a Alemanha nunca falha...
virou-se para a China e o leste europeu como verdadeiro centro de poder continental idealizado por Bismarck.
A frau Merckl não inventou nada. Nós, pobres diabos, é que não aprendemos nada e vamos ter o destino que merecem os estúpidos, gananciosos e ignorantes.