quinta-feira, 2 de junho de 2011

Análises das Agências de Rating

Voltando às agências de rating, lembro-me que um almoço que tive no final de 2007 em Londres, logo após o crédit crunch, com várias pessoas de um banco. Nesse almoço, estava um analista que tinha vindo recentemente de uma agência de rating.
Estavamos todos a discutir as razões e as consequências do credit crunch e o papel das agências de rating em tudo isso. E ele conta-nos como era o trabalho dele nessa agência de rating.
Ele era responsável por atribuir ratings a novas estruturas de crédito e fazer a subsequente reavaliação de risco ao longo do tempo. Estávamos no periodo louco do crédito estruturado.
Ele mal tinha tempo para fazer as análises para as novas estruturas, sempre pressionado pelos bancos que queriam emitir a estrutura (já tinham acabado o road show e os investidores queriam investir...), quanto mais para rever a evolução das estruturas já avaliadas e emitidas.
Neste cenário, decidiu ir falar com o seu chefe e expor-lhe a situação. A resposta foi muito simples: “O que gera fees (dinheiro) são atribuições de ratings a novas estruturas (pagas pelos bancos emitentes), por isso concentra-te a despachar os ratings novos. Em relação às revisões de ratings de estruturas, se te sobrar tempo (coisa que nunca acontecia) podes ir revendo as estruturas, mas isso pouco importa”.
Todos nós sabemos como acabou o filme do crédito estruturado...

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