Nos últimos dias, fala-se muito de reestruturação de dívida nos países que recorreram ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, com destaque para a Grécia, mas alguns mencionam também Portugal.
Os gregos foram os primeiros a pedir a ajuda externa e agora parece que todos começam a ver o óbvio, ou seja, que o montante em dívida é tão elevado e o desfasamento com o crescimento potencial da sua economia é tão marcado que não é possivel resolver esta disparidade sem reestruturar.
Como sabem, sempre fui relutante em acreditar que a Europa algum dia aceitaria uma solução de reestruturação “controlada” da dívida dentro da zona euro. Esta solução, do ponto de vista técnico, é uma reestruturação que não causa danos irreparáveis aos outros países europeus e, por isso, não compromete a moeda única.
Mas a recusa dos responsáveis europeus de uma reestruturação da dívida na zona euro tem sido, sobretudo, política. Como quem diz aos mercados e ao mundo: sabemos que isso pode acontecer mas aqui não se fazem as coisas assim...
Neste momento, é claro que a solução passará por uma reestruturação. A austeridade provoca a recessão e, sufoca as economias e o crescimento. Deixa-nos no mesmo ponto, senão pior, no rácio de dívida sobre PIB.
A austeridade é necessária, mas devia ter sido implementada mais cedo. Nesse caso, chegaria. Actualmente, com os níveis de endividamento que temos, a austeridade não é suficiente e não nos vai restar outra solução que não seja reestruturar.
É isso que os líderes europeus não querem ver, ou preferem não ver. Há quem diga que isso será pior que a falência da Lehman Brothers. Acredito que não vai ser fácil, mas infelizmente terá de ser feito. Vejamos o que se passou nos E.U.A. onde a banca há pouco mais de 3 anos apresentava perdas brutais, que quase levavam todo o sistema financeiro ao colapso, e hoje vejam como os bancos americanos estão...
Aos gregos e também a nós, não nos resta outra solução. Eles vão ser os primeiros e abrem-nos a porta...
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