Estas décadas o projecto europeu afirmou-se, através de passos decisivos, desde a sua constituição até à criação da moeda única. Apesar da crise das dívidas soberanas, podemos dizer que é um projecto de sucesso. Mas, como tudo na vida, há sempre bons e maus momentos.
Num mundo mais global, onde os países emergentes rapidamente se estão a transformar em grandes economias, o espaço e o papel da Europa vai perdendo força. A economia mundial apresenta-se cada vez mais dividida entre os EUA e a China, numa bipolarização crescente em que a Europa perdeu competitividade, expressão económica e influência política.
O projecto da moeda única tornou-se fundamental para representar a ambição e o peso da Europa no mundo. Demonstrou a existência da Europa unida e próspera, com uma moeda forte, e que queria ganhar espaço na globalização. O euro seria a moeda das trocas económicas mundiais, capaz de rivalizar com o dólar americano.
E, até certo ponto, o euro foi ganhando o seu espaço. Antes da crise das dívidas soberanas dos periféricos, já se falava do petróleo passar a ser negociado em euros. A moeda ganhou força e representou cada vez maior estabilidade e segurança para os investidores e as trocas comerciais, justificando a aposta dos agentes económicos na sua utilização crescente.
Mas depois surgiram os problemas na eurozona e a moeda perdeu valor, estabilidade e credibilidade. Neste momento, o sucesso do euro representa o sucesso da Europa. Sem o euro, a Europa tem muito pouco para dar nesta economia globalizada.
Os líderes europeus têm que entender que o arrastar desta crise só levará a maior descrédito do euro e a maior descrédito da Europa. A solução está à frente dos olhos e será dura para todos, mas só assim vamos construir uma moeda mais forte, logo uma Europa mais forte.
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