Muitos de nós quando nascemos somos empurrados para um clube de futebol pelos nossos pais ou pelos nossos avós, seguindo uma tradição de familia. Os poucos que escapam a este “empurrão” que os aguarda à saída do berço, acabam por, mais cedo ou mais tarde, dar a sua preferência a um determinado clube.
Independentemente da razão dessa escolha, para quase todos essa será uma escolha para a vida, nos bons e nos maus momentos, sempre fiéis ao seu clube. O problema é que muitos transportam esta lógica para a política. E nada mais errado do que pensar que o futebol e a política são a mesma coisa.
Os partidos políticos defendem ideologias diferentes, eles possuem uma visão dos problemas que os distingue. Para esses problemas, apresentam propostas e soluções que estão de acordo com diferentes visões da sociedade, hierarquias de valores, e o relacionamento entre o Estado e a cidadania.
Por outro lado, também cada um de nós se identifica melhor com um determinado modo de ver o mundo que se enquadra depois numa certa ideologia e prática políticas.
Por exemplo, a defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais, o direito ao bom nome e à propriedade privada, o sufrágio universal, a democracia representativa e o papel limitado do Estado na economia e na vida dos cidadãos. Estes seriam os valores que serviriam de base a uma certa escolha política e partidária.
A realidade demonstra-nos que a nossa envolvente no mundo é dinâmica. Através de experiências que ocorrem enquanto vivemos, aprendemos e adaptamos a nossa vida às nossas vivências e o nosso pensamento muda com frequência influenciado por essa realidade que nos cerca.
Tudo isto é normal e foi estudado por sociólogos, psicólogos, filósofos, etc. Quem diz que nunca mudou de opinião, ou mente ou comete constantemente erros por temosia.
Mas hoje em Portugal, o voto num determinado partido não tem nada que ver com a sua ideologia, bem pelo contrário. Porque a ideologia e o programa eleitoral já estão escolhidos em circunstâncias que nós não controlamos e os partidos de governo terão que aplicar essas medidas com uma reduzida margem de manobra.
Quando votarmos, temos que perceber que estamos a votar num líder, num gestor, numa equipa de trabalho. E ao contrário do futebol, uma mudança agora no nosso voto tradicional não pode ser vista por nós como uma traição. Será antes mudar para escolher quem acreditamos irá servir melhor os interesses de Portugal.
Para concluir, quem segue a prática futebolística na política é cego nos seus interesses. Não consegue ouvir os outros e aceitar outras ideias, nessa teimosia persistente. E acaba por escolher mal, sem ter em conta quem realmente é capaz de liderar, quem tem competência, quem tem mérito e capacidade para nos conduzir para fora deste buraco...
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