sexta-feira, 29 de abril de 2011

Reestruturação de Dívida Soberana – Para os Mercados

Mas então é possivel fazer uma reestruturação “controlada” da dívida? É muito díficl responder a essa pergunta, mas realmente estamos melhor que há seis meses onde uma reestruturação implicaria a saída do euro e talvez o fim da moeda única.
Hoje, os mercados conseguem diferenciar melhor os créditos dentro do euro e observam uma resposta europeia mais sólida e unida. As medidas estão a ser tomadas lentamente, mas estão a ser tomadas.
Acima de tudo, os mercados já não acreditam num colapso da zona euro, mesmo com a reestruturação de dívidas soberanas. Foram criadas condições para a sustentabilidade do euro.
Por outro lado, uma reestruturação de dívida de um país do euro, levará a uma pressão insustentável nos outros países onde ainda existam dúvidas das suas capacidades creditícias, sendo logo afectados por contágio. Desta forma, todas as “ovelhas negras” serão rapidamente afectadas.
Realisticamente, isso é bom. O problema terá que ser resolvido no imediato, por todos e sem espaço para dúvidas, fortalecendo a União Europeia e o euro no final do processo.
Para os mercados, a questão da reestruturação é fundamental. Neste momento, já não temos as curvas de crédito normais na Grécia, Portugal e Irlanda porque o que define a taxa de juro não é o prazo, é o seu “cash price” em relação ao haircut esperado.
Vejamos, então, o caso grego:

Claramente, o que vemos a partir de 2015 é um “colar” do cash price nos 55%, o que representa um haircut de 45%. Realisticamente, o mercado já está a descontar o inevitável, os detentores das dívidas teoricamente deverão já estar a assumir esta perda por via da contabilização mark-to-market. Portanto, o risco deste evento provocar perdas inesperadas nos bancos alemães, franceses, etc. é diminuto.

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