segunda-feira, 13 de junho de 2011

Feriados Explicados aos Enviados do FMI

Li e aproveito para partilhar este excelente artigo editorial de Isabel Stilwell, que encaixa perfeitamente neste período de festas:

A primeira tarefa difícil de Passos Coelhos vai ser a de explicar à ‘troika’ que vamos incumprir todos os prazos. Antes de mais, porque é sempre bom que se comece como se pretende continuar, e depois porque os senhores são capazes de estranhar o País parado durante o resto do mês de Junho, e querer saber porquê. Cabe então a Passos Coelhos, coadjuvado por Paulo Portas, explicar-lhes que embora Portugal tenha aprovado a lei do aborto, a lei do casamento entre homossexuais, protestado contra os crucifixos da escola e faça um finca-pé diário em deixar claro que por cá reina a separação clara entre o Estado e a Igreja, dando a ilusão de ser um país muito para a ‘frentex’, na realidade é um País de uma religiosidade profundíssima, alicerçada na maior das devoções aos seus santos populares, insistindo em celebrar (sem passar pela Igreja, bem entendido) qualquer outra data do calendário sagrado. Aliás, este périplo pelos santos dá aos nossos novos líderes uma oportunidade única de iniciar os representantes do FMI na teologia, mas também nas tradições e na gastronomia de cada região. Convém que não se esqueçam de lembrar que o Santo António de Pádua, na realidade é o de Lisboa, Fernando de Bulhões nascido no início do século XII e a quem é atribuído o dom da ubiquidade, o que poupa imenso em transportes, sendo além do mais o consumo de sardinhas um incentivo à produção nacional. Esclarecem-nos, de seguida, que o S. João (Baptista, que o Evangelista é em Dezembro) é o patrono dos empresários do Norte, e que já o S. Pedro revela a solidez de pedra da nossa economia. É claro que vai ser preciso mais latim para traduzir o significado do Corpo de Deus, mas nada comparado com a sabedoria e o parlapiê que implicará fazer entender por que é que paramos de trabalhar para celebrar o Dia de Portugal Falido. Mas, também, se não forem capazes de os fazer entender coisas tão simples, estão perdidos à partida.

1 comentário:

  1. É uma vergonha a quantidade feriados.
    O tempo de almoço também é muito extenso, só servindo para ganhar sono para a tarde de trabalho.Os empregados eram bem mais produtivos a levar farnel de casa e a sair mais cedo do trabalho para ir ter com a família

    ResponderEliminar