Hoje li este fantástico artigo de Isabel Stilwell que gostava de partilhar convosco. Está muito bom.
Cavaco Silva e o apelo à imaginação europeia
Isabel Stilwell
Cavaco Silva surpreendeu ao vir dizer que ‘Ah e coisa e tal’, não era governo, não tinha ministros, nem técnicos, nem máquinas de calcular, mas é claro que estava disponível e cooperante, mas só para ajudar a fazer a prova dos nove, e discretamente, claro.
Depois de apelar à urgência de um entendimento para se encontrar uma solução para a crise económica, pondo os interesses da Nação à frente dos partidários, veio agora pedir à Europa «um programa interino, para que o próximo Governo participe nas negociações finais», acrescentando que «precisamos de alguma imaginação das instituições europeias para encontrar um programa interino apropriado».
Horas depois, recebeu a resposta de Olli Rehn, comissário europeu para os Assuntos Económicos, que protestou: «Já mostrámos tanto imaginação, como responsabilidade, no que toca a ultrapassar as dificuldades económicas de Portugal», acrescentando: «Para bem de Portugal e da Europa preferia não ter um diálogo público diário com os líderes portugueses.»
Pois, como diriam os miúdos da escola, «escusávamos de ter ouvido esta». Agora pedimos imaginação aos tipos que depois de analisarem as nossas contas públicas já sabem que mais imaginativos do que os portugueses não há? As formas criativas e engenhosas como desbaratámos o que era nosso, o que recebemos de subsídios e de apoios e o que pedimos emprestado e agora não podemos pagar provam que nesse capítulo ninguém nos bate. É preciso lata para vir agora pedir-lhes que puxem pela cabeça.
Objectivamente só vai haver um programa eleitoral para as próximas eleições: aquele que o FMI decidir. É essa a condição do empréstimo, como o Presidente da República e todos os líderes partidários sabem. Em Junho não vamos eleger medidas, mas, quanto muito, aqueles que acreditamos que sejam mais capazes de as pôr em prática.
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