É díficil escrever sobre corrupção e fugir aos lugares comuns. A indignação, por si, também não resolve nada. Sei bem que é um problema que vem muito de trás.
Portugal é um paraíso para os corruptos. Ao contrário de outros países, temos uma justiça que não investiga e não castiga os culpados e uma sociedade onde toda a gente aceita comportamentos situados no limiar da corrupção, como os favores e as cunhas, que são vistos como normais.
Quando se fala de cunhas e favores, parece-nos um tipo de corrupção menor, sem grandes consequências para a sociedade, é quase como um acto normal. Na realidade, o que estamos a fazer é destruir o mérito, o esforço, a persistência, a honestidade e a decência na relação entre as pessoas.
Como esta mentalidade está entranhada na nossa cultura, resulta que quem não pactua com ela é o “inimigo”, hostilizado e perseguido por todos. Por isso, não irá longe na sua vida profissional, independentemente do seu mérito ou do seu esforço.
Os politicos dizem-nos que estão a construir um Portugal mais justo e com mais oportunidades. É areia para os nossos olhos. Estamos a perder este combate. Há cada vez mais corrupção e maiores desigualdades no nosso país.
E tudo principia pela corrupção de “pequena escala” que destrói a igualdade de oportunidades e a recompensa do mérito na sociedade e na economia.
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