Apesar de já estar confirmado o pedido de ajuda formal de Portugal à UE/FMI, não queria deixar de comentar um evento que antecedeu o nosso resgate. Estou a falar do último leilão de dívida pública em que o Governo obrigou a Segurança Social e outras entidades públicas a comprar grande parte da emissão.
Isto representou bem a falta do sentido de responsabilidade do governo nesta matéria, a sua estratégia imediatista, o estar sempre contra tudo e contra todos, para além das consequências e sem olhar aos efeitos das suas decisões no médio e longo prazo.
O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social já é composto por 55% em dívida pública portuguesa, o que representa uma exposição de mais de 5 mil milhões de euros, num só risco. O que vai contra todos os príncipios básicos de gestão de carteiras e de diversificação, baseados no Teorema de Markowitz.
É evidente que esta exposição excessiva não existe por questões estratégicas de investimento, mas sim por questões políticas.
Agora, imaginem que vamos ter que reestruturar a nossa dívida no futuro, um cenário bem real, com um hair-cut de 30% para os nossos investidores. Podemos dizer adeus ao dinheiro para as nossas pensões onde ele já faz muita falta!
Tudo porque um governo não assumiu as suas responsabilidades, só pensou em termos de jogadas políticas, indiferente aos custos para a economia, só pensou em conservar-se no poder e não no bem-estar dos seus cidadãos.
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