domingo, 5 de dezembro de 2010

Um exemplo de Sucesso

Notícia do Diário Económico Online:

António Horta Osório partilhou, com uma plateia de gestores, os factores críticos de sucesso de uma boa liderança.

"O mundo é global e está em constante e acelerada mudança. É fundamental prever a direcção dessa mudança: onde estamos e para onde o mercado vai, para onde se dirigem as grandes tendências macro antes do mercado lá chegar. As empresas que lá chegam primeiro conseguem vencer as batalhas". É desta forma que António Horta Osório começou a sua intervenção no debate subordinado ao tema 'Os novos desafios da liderança e gestão de talento', na terceira edição da conferência CEO Experience, organizada pelo Diário Económico e pela Accenture.

O indigitado presidente executivo do britânico Lloyds Banking Group, partilhou com uma plateia de gestores a sua visão de uma boa liderança, que requer "uma equipa em que o todo é maior que a soma das partes", uma inspiração da psicologia da Gestalt. Como é que isso se faz? Através de cinco tipos de valores: o exemplo dos gestores; a capacidade, ou seja não ter receio de atrair os melhores (em detrimento da escolha de ‘yes men'), frisa. "Compete ao líder ter um foco constante no desenvolvimento das pessoas. Apostar na cultura da exigência, e do mérito e na excelência. Potenciar ao máximo as potencialidades de cada um e reconhecer os êxitos das pessoas. Numa equipa bem gerida é fácil fazer acreditar que o ‘impossible is nothing'", enumerou Horta Osório.

Defensor do trabalho em equipa, Horta Osório destaca a importância do carácter, dos valores e da comunicação para fomentar a competência da equipa."É fundamental escolher as melhores pessoas para os melhores lugares", disse o banqueiro, aproveitando para elogiar estratégia e a equipa do Santander Totta, de onde veio.

"Fomentar o debate e a qualidade da decisão para depois as implementar de forma irreversível e sem segundos pensamentos", é o que deve ser um líder, diz Horta Osório.

Em situações de grande crise um líder deve ser "militar", ou seja, ter mão firme nas exigências e pôr a equipa a participar na gestão da crise, aconselhou. Nessas alturas, "as equipas mais do que esperar o que a empresa pode fazer por elas, devem reunir-se em torno do líder".

Ao contrário, em momentos positivos "o líder deve apagar-se mais e ser a equipa a sugerir os projectos e a realizar projectos em que esta acredite", acrescentou.

António Horta Osório aconselhou ainda as empresas a definirem a direcção correcta para avançar e ter as pessoas conscientes de para onde a empresa vai. "Isto é crucial para que a empresa possa crescer mais depressa e sustentadamente na direcção certa em relação aos concorrentes". E conclui que um factor crítico de sucesso de um líder é ter uma boa capacidade de comunicação porque "não há uma segunda oportunidade de criar uma boa primeira impressão".

Horta Osório devia ser um exemplo para todos nós, pois é o exemplo do que nós, Portugueses, somos capazes de fazer, quando queremos. Posso dizer que conheço muito bem a realidade Santander, a cultura da empresa (mais do que Banco, é uma empresa) é única e quase inexplicável. Todos são motivados para trabalhar, sentem os valores e a cultura da empresa como ninguém. Uma Cultura de excelência. O que não falta nos nossos bancos e empresas nacionais são os “yes men” que de competência têm muito pouco!

Para quem não sabe quem é Horta Osório, ou acham que foi por sorte que ele lá chegou, vejam o curriculum dele. Depois venham-me dizer “Se eu tivesse o que ele teve, também estava no lugar onde ele está.”

Deixo aqui outra notícia que conta um pouco do seu curriculum:

Nadar com tubarões tornou-se uma anedota. Quando António Horta Osório, presidente do conselho executivo do Abbey National, guiou o banco inglês através da crise financeira e conquistou um crescimento de dois dígitos, todos os jornalistas recuperavam o passatempo do português e repetiam a piada: habituado a tubarões está ele. Este ano, a INSEAD (considerada a melhor escola de negócios do mundo) comemora o seu 50º aniversário e decidiu comemorar a data distinguindo cinquenta antigos alunos. O banqueiro de 45 anos foi um dos escolhidos. Recebeu o prémio este domingo, em Abu Dhabi, terra firme.

A escola não facilitou nos critérios: "Indivíduos que não só tenham tido uma carreira excepcional e grande impacto no mundo, mas também tenham tocado vidas e incorporado os valores do INSEAD". Um antigo professor não fica surpreendido com a distinção. "Foi o melhor aluno que tive", diz.

Horta Osório licenciou-se em Economia e Gestão na Universidade Católica, à qual ficou ligado como professor, mas integrou imediatamente os quadros do Citibank. "Mostrou, desde muito cedo, um gosto especial pelas áreas da banca e do marketing", explica o professor. "Não era alguém que estudasse muito, mas era extremamente inteligente, acompanhava as aulas com muita atenção e sobretudo é muito focado." Por duas vezes foi a exame na faculdade, para subir um 18 para um 19.

É este método que o amigo Fernando Adão Da Fonseca, presidente do Banco Privado Português (BPP), lhe reconhece. "Porta-se nos negócios como no mergulho. O mergulho é um desporto que pode ser perigoso se é feito de forma amadora. Nos bancos, a falta de profissionalismo também pode ser fatal." Adão da Fonseca assegura que Horta Osório tem "uma postura moral irrepreensivel" e confirma que o amigo nunca sobe o tom de voz quando se zanga. "Tem uma postura épica."

Passou quatro anos no Citybank, mas, como diz numa entrevista disponível no site da INSEAD, "sempre quis aprofundar o background académico". Quando termina o MBA, recebe o prémio Henry Ford II, atribuído ao melhor aluno.

Parte depois para o Goldman Sachs e é ao serviço do banco de investimento que o espanhol Santander o recruta, quando tem 28 anos. Passado um ano, recebe o prémio "Euromoney" para o melhor banco estrangeiro a operar em Portugal. Depois de uma passagem no Brasil, torna-se o primeiro Presidente do Conselho Executivo do Santander Totta, quanto a instituição bancária compra o terceiro maior banco privado português. Emilio Botín, chairman do Santander, distingue o valor ibérico e chama-o para liderar a recuperação do Abbey, no Reino Unido.

Em 2008, enquanto os bancos ingleses se afundam nas águas de tempestade económica, coordena a aquisição do Bradford & Bingley's, do Alliance & Leicester e outras 197 filiais. Dá entrevistas, aparece nos jornais, nas televisões e nasce a anedota dos tubarões.

Como balança a tendência esquizofrénica da vida de um português a trabalhar para um banco espanhol no Reino Unido? "O facto de não ser espanhol ajuda na questão Espanha-Reino Unido. Tens coisas boas em cada cultura, o meu objectivo é conseguir reunir o melhor das duas", explica numa entrevista ao "Telegraph". É critico dos bónus à americana, mas defende que não são responsáveis pela crise financeira. "Precisa-se de boa governação, não é suficiente nomear um comité. É preciso uma cultura que promova o debate e promova os melhores".

Casado com uma maratonista, tem três filhos e fala com a certeza de quem tem no currículo 850 mergulhos, 100 deles com tubarões: "Rangiroa [na Polinésia Francesa] é o melhor lugar do mundo para tubarões". No Natal de 2008, semanas depois da falência da Lehman Brothers, estava na África do Sul, fechado numa jaula debaixo de água, com três tubarões brancos.

Continua a regressar a Portugal, mas 15 anos depois da partida habituou-se à vida na capital do Reino Unido. "A comida é muito melhor e o tempo está a melhorar, com o aquecimento global."

Horta Osório, presidente do banco Abbey

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