quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Risco de Longevidade

Ontem participei numa conferência sobre investimento mas um dos temas mais debatido foi o envelhecimento da nossa população e as suas consequências.
Portugal foi um dos primeiros países europeus a fazer uma reforma no sistema de pensões no tempo dos governos de António Gueterres e o seu autor foi o actual Ministro da Economia quando da sua passagem pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.
O objectivo seria garantir a sustentabilidade do nosso sistema de segurança social nos próximos 50 anos. Infelizmente, a triste realidade é que essa proclamada sustentabilidade não vai durar mais de 10 anos.
Porque é que isso aconteceu? Talvez porque o modelo em que continuamos a insistir simplesmente não funciona. O modelo social onde o Estado é o único garante das nossas reformas.
Para ser mais concreto, vou apenas apresentar duas curiosidades sobre o nosso futuro:
- Segundo um estudo da União Europeia, em 2028 haverá em Portugal mais pensionistas que contribuintes da população activa.
- As despesas provenientes do envelhecimento da população portuguesa ascenderão, no futuro, a 3,4% do nosso PIB.
Perante este cenário de colapso do sistema de segurança social, qual é o modelo que pode funcionar e garantir o futuro de todos? Sem dúvida, o que já existe em grande parte da Europa e que consiste nos nossos descontos para a segurança social estatal serem complementados com Planos de Poupança Reforma geridos por entidades privadas.
De facto, no futuro o Estado apenas garantirá uma reforma para assegurar a sobrevivência e as necessidades básicas de cada contribuinte. Por isso, a qualidade de vida de cada pensionista dependerá dos níveis de poupança que foi capaz de gerar, ou seja, o que pela sua iniciativa amealhou nos seus PPRs.
É essencial incutir um novo espírito de poupança e responsabilidade na nossa população e explicar aos portugueses que, como cada um gere o seu dinheiro, influencia o seu futuro individual e o bem-estar de todos.
Muitos não gostam desta solução e vão criticá-la. São aqueles que ainda acreditam que o Estado Social vai sobreviver e tudo ficará igual. Para esses, deixo aqui um aviso. Acordem do vosso sonho porque essa não é a realidade dos números e as vossas escolhas estão a levar o nosso país à bancarrota.
Outros dirão que a minha proposta não é nova. Alguém já falou nisso antes.
Sim, é verdade. Tudo o que eu estou aqui a falar não é novo e foi proposto pela Manuela Ferreira Leite. E o que é que aconteceu? Foi o fim do mundo e desabou tudo em cima dela. Disseram que queria privatizar a segurança social, acabar com as pensões e com o Estado Social. Enfim, colocar tudo nas mãos dos malandros dos privados!
A realidade é dura, mas ela está aqui mesmo à porta e não temos para onde fugir. Queiramos ou não, este vai ser o modelo das nossas pensões no futuro. Infelizmente, não fizemos estas opções no momento certo e estamos a passar por toda esta crise. Infelizmente, as medidas são agora impostas por outros, não fomos capazes de perceber o que estava a acontecer à nossa volta e as inevitáveis consequências para o nosso futuro e o bem-estar de cada um.
Portugal viveu todos estes anos embriagado pelos ideais do Estado Social. Agora vamos ter a ressaca.

1 comentário:

  1. O sistema nacional de Seg. social é falível e os PPR's dos Bancos nacionais ainda mais. Isto só nos deveria levar a uma solução mais segura: Depósitos em vários Bancos Europeus com alguma credibilidade. Mas infelizmente muitos dos nossos compatriotas ainda não "sabem" da livre circulação de capitais na EU.

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