Ontem ouvimos o Presidente do BCE Jean Paul Trichet a admitir, claramente, a possibilidade da subida da taxa de juro de referência já na próxima reunião do banco central em Abril. Para muitos pode ter sido uma supresa, mas só para quem apenas vê a nossa realidade. A verdade é que neste momento há duas Europas. A Europa dos países periféricos e a dos restantes países.
Os periféricos estão a sofrer sérios ajustes orçamentais, com queda no crescimento e risco de deflação. Os restantes paises crescem a bom ritmo, sustentado no crescimento dos mercados emergentes, e apresentam um sério risco de inflação. Esse risco veio agravar-se ainda mais com a injecção de dinheiro no sistema por parte do BCE para sustentar as dívidas soberanas dos periféricos.
Tudo isto deixa o BCE numa situação muito complicada em termos da sua gestão. O que me parece é que o BCE optou por um caminho que será uma solução mista. Por um lado, subirá as taxas de referência aumentando assim o custo do dinheiro por forma a controlar a inflação. Por outro lado, continuará a dar dinheiro aos bancos no seu leilão em “full amount” e continuará, ele ou o fundo de estabilização europeu, a comprar dívida dos paises periféricos (impressão de dinheiro).
O resultado desta mistura, em termos monetários, não sabemos ao certo qual será. Na nossa economia, como já tinha alertado, os níveis de incumprimento bancário vão este ano atingir novos recordes.
E, nessa altura, como é que a banca portuguesa se vai segurar?
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