Continuando o tema de ontem, mantenho a minha análise sobre o discurso do primeiro-ministro. Em relação à necessidade de ajuda externa, sejamos claros, Portugal já está a ser ajudado, indirectamente, pelas instituições europeias.
A compra de dívida pública pelo BCE e os seus empréstimos à banca portuguesa, asseguram a liquidez do sistema, indispensável ao funcionamento da economia. Essa liquidez permite também aos nossos bancos comprar dívida soberana portuguesa, suportando o Estado, nas suas emissões de dívida.
Bem sei que se enquadra nos actuais mecanismos de intervenção do BCE de resposta à crise das dívidas soberanas, beneficiando outros países do euro e não apenas Portugal. O problema, até agora disfarçado, em toda a sua crueza, pela intervenção do BCE , é que a crise de liquidez, pelasnossas necessidades crescentes de financiamento e as baixas expectativas do nosso crescimento, ameaça a nossa solvência no Estado e na economia.
Numa palavra, a bancarrota. Por isso, estamos a ser ajudados, desde Novembro de 2010, mesmo ser ter recorrido, como a Grécia e a Irlanda, ao pedido de resgate.
O primeiro-ministro quer escapar ao estigma do pedido formal de ajuda porque sabe que isso significaria o fim do seu governo. Todos sabemos que o famoso PEC 4 foi imposto pela Alemanha em troca do fundo de estabilização europeu comprar dívida portuguesa, para estabilizar as taxas de juro e garantir o financiamento a Portugal.
Repito, garantir o financiamento a Portugal. O que é que isto se chama? Ajuda. Resgate disfarçado, pela porta dos fundos, indo ao encontro de interesses políticos comuns ao Largo do Rato e da Sra. Merkel que enfrenta eleições regionais e um eleitorado alemão, conservador, intolerante com mais resgates na zona euro.
Com esta “ajuda”, vinda de Bruxelas e de Berlim, com o nome de código PEC 4, Socrates pensou que poderia enganar o PR, os partidos da oposição, empresários, trabalhadores, desempregados, pensionistas, enfim, os portugueses que sofrem as consequências da sua gestão danosa do país, e definir-se como o campeão do interesse nacional e a última barreira contra a ajuda externa.
Agora, não pensem que os nossos parceiros europeus, liderados pela Alemanha, nos dão o dinheiro sem exigirem nada... eles são os credores e eles é que mandam. E o primeiro exemplo disso, claro, é o PEC 4, que foi ditado por Berlim.
O nome deste blog, e do que aqui se fala, baseia-se no FMI em Portugal. Desde Setembro até agora, muita coisa mudou, criou-se o fundo de estabilização, o BCE foi ao mercado comprar dívida soberana, a Irlanda foi resgatada.
Chamem-lhe o que quiserem, FMI, EU ou Fundo Europeu de Estabilização Financeira. Com pedido formal ou sem pedido formal, eles já cá estão e eles é que mandam.
Nós, agora, só vamos poder escolher quem nos representa e espero que, desta vez, os Portugueses não se deixem enganar pelo mentiroso...
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