Ontem tivémos a emissão de uma nova obrigação a 5 anos da República Portuguesa. Foi por muitos considerada um sucesso. Vamos primeiro que tudo observar as características da obrigação:
Issuer.........: Republic of Portugal
Rating.........: A-/A1/A
Size...........: EUR 3.5 billion
Format.........: Govt Bond OT
Maturity.......: 15 February 2016
Settlement.....: 14 February 2011 (first long coupon)
Spread.........: MS + 360
Coupon.........: 6.40%
Reoffer Price..: 99.762 OBL 159 ref: 97.96
Joint lead.....: Barc/BNPP/Caixa BI/DB/ HSBC/MS
Duration Manag.: Barclays (will also B&D)
O juro pago pelo Estado Português foi de 6.457%. A emissão tem um cupão de 6.40% mas foi emitido com um preço de desconto de 99.962, o que representa uma rentabilidade de 6.457%.
Deixo-vos aqui o comunicado do IGCP pós emissão, onde podemos observar a distribuição geográfica e tipo de compradores deste papel:
Para mim, a emissão representa um sucesso na perspectiva da procura. Penso também que o IGCP fez bem em não se iludir com o montante de procura (cerca de 6 mil milhões de euros) e manter o montante emitido perto do objectivo definido. Caso contrário, poderia “enxarcar” o mercado de papel português e provocar um evento de “stress” com uma corrida a posições vendedoras.
Ora, foi exactamente isso que aconteceu na última emissão da Grecia e que levou à intervenção FMI/EU.
Mas aqui nem tudo são rosas. O que mais me preocupa é o nível do juro: 6.457% para uma maturidade a 5 anos. Recordo que é uma taxa superior e um prazo mais curto ao dos empréstimos concedidos à Grecia e à Irlanda pelo FMI/EU (ver comentário Plano de Resgate da Irlanda).
Então, é isto um bom negócio ou não será, mais uma vez, “atirar” com os custos para a frente e os que vierem a seguir que paguem? Para o governo, este é o preço da nossa independência perante o FMI/EU que vai ser pago pelos nossos impostos e os nossos sacríficios. Será que vale a pena pagar?
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