sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

De Jovem para Jovem - II

Como acho que ontem não esgotei o assunto, vou continuar a dizer o que penso sobre a crise de emprego qualificado para os jovens licenciados da minha geração.

É mais fácil um jovem recém-licenciado em gestão, economia ou engenheria arranjar trabalho, considerado ele um médio aluno, do que um excelente aluno e potencial bom trabalhador licenciado em História, Psicologia, Direito, etc. aqueles cursos que se orientam essencialmente para o sector Estado  e que hoje não têm colocação.

Mas porque é que isso se passa?

Porque o Estado engordou demais nos últimos anos, deixando de ter capacidade de absorção de mais trabalho qualificado. Também foi fomentado no Estado, a todos os níveis,  a politica de emprego para a vida que provocou uma rigidez na estrutura dos recursos humanos que neste momento é quase impossível de transpor.

Temos funcionários públicos que estão desmotivados, sem objectivos concretos e que apenas apresentam os “serviços mínimos” no trabalho. Não são valorizados o mérito, a competência e a excelência.   

Andámos a formar uma geração inteira de Doutores a quem agora não conseguimos arranjar trabalho. Têm mais competências técnicas que as anteriores gerações, estão mais motivados e com vontade de trabalhar e representam um custo mais baixo de massa salarial. Mas como já temos o “saco” cheio para os próximos 10 anos de efectivos na função pública, estes novos técnicos terão poucas possibilidades de sonhar com um posto de trabalho na sua profissão.  

Finalmente, a questão da precariedade. Sou contra os recibos verdes. É um instrumento que serve para trabalhos pontuais e nunca para um trabalho das 9 às 5 todos os dias. Mas também sou contra o “sonho” da efectividade. Quem quer por força ser efectivo é por que não tem uma verdadeira capacidade de trabalho, porque se tivesse não estaria preocupado com isso.

Quem demonstra resultados não terá concerteza receio pelo seu posto de trabalho. Quem não demonstra trabalho e não é competente, não pode ocupar um lugar eternamente deixando outros, potencialmente mais competentes, sempre de fora.

E é isto que tem matado o nosso mercado de trabalho, a procura louca pela “segurança” que criou uma rigidez no mercado de trabalho insuportável e uma falta de produtividade gritante na nossa economia.

Sem comentários:

Enviar um comentário