A nossa situação financeira é hoje insustentável.
Neste momento, Portugal para se financiar a 1 ano paga cerca de 4,0%.
Para assegurar o serviço desta dívida, a economia do país tem que ter um crescimento no mesmo período igual ou superior. Quando isso não acontece, temos uma de duas soluções:
1) Endividamo-nos mais para pagar a diferença.
2) Aumentamos os impostos e/ou reduzimos a despesa.
Agora, vejamos o que aconteceu em 2010. Contas feitas, devemos ter um crescimento de 1,0% e, segundo os dados da Bloomberg, o valor médio dos yields que suportam a nossa dívida a 1 ano situou-se nos 2,34% nesse período. Isto significa que em 2010 tivemos um diferencial negativo de crescimento do PIB sobre a evolução do custo da dívida.
Como já disse neste blog, mais do que uma vez, não há mal em ter dívida, mas temos que rentabilizar esse endividamento. Aceder ao crédito não é pecado mas é preciso ter condições para pagar aos credores.
Aqui, um Estado funciona quase como um empresa que recorre ao crédito. Tem que gerar receitas para pagar as prestações ou fecha as portas.
Tudo isto para concluir que estamos em falência técnica porque há um crescimento insustentável da nossa dívida sobre a evolução do nosso PIB. Reparem, só em 2010, com um défice de 7,3% e um crescimento económico de 1,0% temos um agravamento desse rácio em 6,3%.
Em 2011 espera-se uma contracção de 1,3% do nosso PIB e um défice de 4,6%. Isso vai representar novamente um agravamento do rácio da divida sobre PIB de 5,9%. A prazo, isto não é mais que a morte rápida da nossa economia e uma séria ameaça para o nosso futuro como Estado.
Com este cenário de evolução da nossa dívida, rapidamente atingimos valores claramente insustentáveis para uma economia pequena como a nossa, na ordem dos 125% a 150% de dívida sobre o PIB.
Soluções? Na minha óptica, temos que avançar já para um orçamento de base zero. Para quem não sabe, não é mais que um orçamento em que o défice é zero. A receita do Estado é igual à despesa.
Já sei que me vão dizer que isso vai provocar uma queda ainda maior do PIB. É verdade, mas quanto? Se fizermos os cortes no Estado no lado da despesa, provavelmente iremos ter a uma contração da economia entre os 3% a 4%, e esse será o aumento do rácio. Mas não vamos aumentar o nosso endividamento. Paramos a grande bola de neve.
Este tratamento de choque, durante um ou dois anos, será suficiente para recuperarmos a nossa credibilidade nos mercados e estancarmos o endividamento.
Antes desta crise chegar ao fim, o Estado, os bancos, as empresas, as famíllias, cada um de nós, vamos ter que suportar as consequências de uma queda brutal do nosso PIB e o aumento exponencial dos incumprimentos de crédito.
O remédio é amargo e a dor será imensa. Quem disser outra coisa, ou não sabe o que diz ou está a enganar.
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