Tivémos mais um leilão de dívida pública. E dizem que foi um sucesso. De facto, quem ouve os nossos políticos acha que Portugal está com os cofres cheios de dinheiro em consequência das boas políticas deste Governo.
Mas vamos analisar o que aconteceu. Mostro-vos o quadro resumo das duas operações:
Para nos endividarmos a cerca de 3 anos e meio, pagámos um juro médio de 5,396% e para cerca de nove anos e meio pagámos 6.716%. Com estas taxas estamos a cavar ainda mais o nosso buraco.
Diz quem sabe que elas não são sustentáveis a médio prazo e eu concordo completamente. E há quanto tempo estamos a financiar o Estado com estas taxas ou muito perto delas? Por isso, digo que já estamos num patamar insustentável.
Proponho fazer aqui umas contas muito simples, sem grandes complicações.
Se usarmos os dois prazos e as duas taxas deste leilão temos um prazo médio de seis anos e meio com uma taxa média ponderada de 6,36% de custo de financiamento. Ora, comparando com as condições de financiamento que a União Europeia e o FMI deram à Grécia e à Irlanda (ver comentário Plano de Resgate da Irlanda), chegamos à conclusão que, para um prazo um pouco mais longo (sete anos), eles conseguiram uma taxa inferior à que nós temos no mercado.
Assim, vemos o grande sucesso que foi este leilão. O sucesso que resulta de não tomar as medidas correctas no momento certo e continuar a percorrer o caminho do abismo.
Finalmente, deixo o comentário que William Hunt Gross da Pimco, uma das maiores gestoras de fundos especializadas em obrigações, fez à Bloomberg: “Leilões de dívida portuguesa são uma combinação”. Pois bem, basta ler o meu comentário do dia 2 de Dezembro de 2010 neste blog para concordar com ele.
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