domingo, 30 de janeiro de 2011

Emissão EFSF

Na semana que passou, foi emitida a primeira obrigação do EFSF (European Financial Stability Fund). Deixo-vos aqui as características da emissão:
Issuer.............EFSF (EFSF - Aaa/AAA/AAA)
Size...............EUR 5bn
Type...............RegS Eurobond, off €27bn Guaranteed DIP
Coupon.............Fixed, Ann ACT/ACT, short first
Maturity...........18-Jul-2016
Settle.............01-Feb-2011
Guidance...........Mid Swaps +6bp
Leads..............CITI/HSBC/SG CIB   (Dur.Mgr/B&D: HSBC)
Law/Listing/Denom..English/Lux/€1k
Timing.............Allocs & Pricing later today
Books >€40bn with 500+ accounts
A emissão foi considerada por muitos um sucesso. Teve uma procura recorde numa emissão em primário que demonstra o apetite do mercado para este tipo de obrigações. Muitos consideram até que o caminho está aberto para as Eurobonds.
Estatisticamente os compradores da obrigação dividiram-se da seguinte forma:
38% - Ásia
15% - Reino Unido
12% - Alemanha
9% - Nórdicos
7% - França
6% - Benelux
5% - Outros
2% - América do Norte
2% - Outros Países Europeus
2% - Itália
1% - Suíça
1% - Áustria
De notar que só o Japão ficou com 20% da emissão.
Com este sucesso já ouvimos algumas vozes, incluindo Jean Paul Trichet na cimeira de Davos, falar na possibilidade deste fundo passar a comprar dívida periférica, substituindo assim de alguma forma a intervenção do BCE.
Querem saber a minha opinião?
À partida, esta emissão pode ser considerada um sucesso por via do preço a que se conseguiu emitir as obrigações. No entanto, se uma procura de 50 mil milhões de euros é um bom montante, ela está muito longe do trilião de euros ou mais que vão ser necessários para a Grecia, Irlanda, Portugal e Espanha. Como nunca vamos conseguir financiar esse montante, a única solução será ligar as máquinas e imprimir dinheiro.
Relativamente à questão do EFSF comprar dívida pública, isso seria uma forma de fazer arbitragem. Financiava-se no mercado, barato, e comprava obrigações que pagam bem mais. Que grande negócio! Mas para mim a grande questão é saber se vai poder continuar a financiar-se com estes spreads tendo na sua carteira activos de elevado risco.
Muitos dizem que o EFSF é como o TARP nos EUA. Pois bem, aqui as pessoas esquecem-se de um pequeno (grande) promenor. O TARP foi constituído pelo FED e muito do dinheiro utilizado para comprar os activos era dinheiro impresso (QE). Se a carteira do TARP tivesse perdas excessivas, era só ligar a máquina mais um pouco...
No caso do EFSF, temos um fundo garantido por um conjunto de países que emitem dívida com a sua respectiva garantia. Se tiverem perdas, são eles que têm que as assumir e não há a possibilidade de “criar” dinheiro.
Portanto, esta é a realidade. Mais uma vez, a Europa, por questões póliticas, está a inventar e não escolhe a solução mais correcta e mais simples como fizeram nos EUA. Estamos a ir pela porta das travessas e vamos ver como isto acaba...

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