segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O “Povo”

Afinal, o que é o “povo”?
A resposta a esta pergunta depende muito da perspectiva de cada um. Entra a classe social, o percurso de vida e a forma como se olha a sociedade. A expressão “povo” tem também uma conotação positiva ou negativa consoante quem avalia. Para uns, é um orgulho fazer parte dessa tribo e para outros, isso é coisa de gente reles.
Para os nossos políticos, em tempo de eleições, o “povo” é o mais importante. Andam todos à tareia para ter o apoio do “povo”. Agora, até fizeram uns trocadilhos entre o “povo” e o “polvo”. Coitado do animal, entre o oceano e o petisco, viu-se metido nesta embrulhada.
Porquê este desejo de ter o apoio do “povo”? Talvez porque ele represente uma larga maioria de população e com o seu apoio a vitória é garantida. Para além disso, conquistar o seu voto é simples: comes e bebes à borla, dar musiquinha nos comícios e, acima de tudo, dizer ao “povo” o que ele quer ouvir, ou seja, as mentiras do costume e nada de más noticias porque dizer a verdade ao “povo” é mais que meio caminho andado para perder qualquer eleição.
Pois bem, a verdade é que a cultura política e eleitoral do “povo” é muito pequena, como já aqui foi dito. Facilmente são enganados, facilmente acreditam em tudo. E no final do dia pagam a factura, mas não mudam, não pensam e, acima de tudo, não entendem.
Falta às pessoas terem mais espírito crítico, pensarem por elas próprias, fazerem elas as suas avaliações das situações e tirarem elas próprias as suas conclusões. É ouvir mas não “engolir” tudo o que as televisões, os jornais, as rádios e os políticos dizem.
Por esta falta de cultura, acabamos todos no mesmo barco. O barco da mentira e da governação incompetente, com a negação dos factos, a fuga da realidade e a destruição da democracia.
Para mim, este “povo” é o verdadeiro “polvo” que está a levar Portugal para o fundo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Emissão EFSF

Na semana que passou, foi emitida a primeira obrigação do EFSF (European Financial Stability Fund). Deixo-vos aqui as características da emissão:
Issuer.............EFSF (EFSF - Aaa/AAA/AAA)
Size...............EUR 5bn
Type...............RegS Eurobond, off €27bn Guaranteed DIP
Coupon.............Fixed, Ann ACT/ACT, short first
Maturity...........18-Jul-2016
Settle.............01-Feb-2011
Guidance...........Mid Swaps +6bp
Leads..............CITI/HSBC/SG CIB   (Dur.Mgr/B&D: HSBC)
Law/Listing/Denom..English/Lux/€1k
Timing.............Allocs & Pricing later today
Books >€40bn with 500+ accounts
A emissão foi considerada por muitos um sucesso. Teve uma procura recorde numa emissão em primário que demonstra o apetite do mercado para este tipo de obrigações. Muitos consideram até que o caminho está aberto para as Eurobonds.
Estatisticamente os compradores da obrigação dividiram-se da seguinte forma:
38% - Ásia
15% - Reino Unido
12% - Alemanha
9% - Nórdicos
7% - França
6% - Benelux
5% - Outros
2% - América do Norte
2% - Outros Países Europeus
2% - Itália
1% - Suíça
1% - Áustria
De notar que só o Japão ficou com 20% da emissão.
Com este sucesso já ouvimos algumas vozes, incluindo Jean Paul Trichet na cimeira de Davos, falar na possibilidade deste fundo passar a comprar dívida periférica, substituindo assim de alguma forma a intervenção do BCE.
Querem saber a minha opinião?
À partida, esta emissão pode ser considerada um sucesso por via do preço a que se conseguiu emitir as obrigações. No entanto, se uma procura de 50 mil milhões de euros é um bom montante, ela está muito longe do trilião de euros ou mais que vão ser necessários para a Grecia, Irlanda, Portugal e Espanha. Como nunca vamos conseguir financiar esse montante, a única solução será ligar as máquinas e imprimir dinheiro.
Relativamente à questão do EFSF comprar dívida pública, isso seria uma forma de fazer arbitragem. Financiava-se no mercado, barato, e comprava obrigações que pagam bem mais. Que grande negócio! Mas para mim a grande questão é saber se vai poder continuar a financiar-se com estes spreads tendo na sua carteira activos de elevado risco.
Muitos dizem que o EFSF é como o TARP nos EUA. Pois bem, aqui as pessoas esquecem-se de um pequeno (grande) promenor. O TARP foi constituído pelo FED e muito do dinheiro utilizado para comprar os activos era dinheiro impresso (QE). Se a carteira do TARP tivesse perdas excessivas, era só ligar a máquina mais um pouco...
No caso do EFSF, temos um fundo garantido por um conjunto de países que emitem dívida com a sua respectiva garantia. Se tiverem perdas, são eles que têm que as assumir e não há a possibilidade de “criar” dinheiro.
Portanto, esta é a realidade. Mais uma vez, a Europa, por questões póliticas, está a inventar e não escolhe a solução mais correcta e mais simples como fizeram nos EUA. Estamos a ir pela porta das travessas e vamos ver como isto acaba...

sábado, 29 de janeiro de 2011

João César das Neves - FMI

Hoje deixo-vos aqui um artigo de opinião de João César das Neves. Vale a pena ler:
Toda a gente sabe que o principal perigo que Portugal enfrenta é o FMI. Se cairmos nas suas mãos estaremos perdidos. Se é assim tão horrível, porque não tentar influenciá-lo a nosso favor?
A nossa diplomacia podia usar os seus contactos junto dos países sócios da instituição para conseguir alguma ajuda. Existe pelo menos um dos membros mais antigos do FMI, participante há precisamente 50 anos, que será bastante favorável às nossas posições: Portugal.
Isto mostra a tolice do que se diz por aí. O FMI não é um papão internacional, mas uma organização criada em 1944, na célebre reunião de Bretton Woods, com o único propósito de ajudar países em dificuldades financeiras. Portugal não só não é vítima do Fundo, mas um dos sócios, tendo aderido em 1960.
Mais, somos lá famosos por termos protagonizado dois dos maiores sucessos da sua longa história. Os nossos acordos assinados em Maio de 1978 e Outubro de 1983 conseguiram por duas vezes uma recuperação rápida e segura de credibilidade.
Antes de sermos o «bom aluno europeu», fama que desperdiçámos para nos enfiarmos na actual crise, tínhamos sido o bom aluno do FMI. A European Financial Stability Facility (EFSF), que agora tanto tememos, foi criada em 9 de Maio de 2010 pelos nossos antigos professores, UE e FMI, para ajudar países em apertos.
Demonizar aquela que será a nossa salvação na enorme dificuldade em que nos metemos é sumamente irresponsável. A única explicação é que os que gemem esses medos são precisamente aqueles que criaram o problema que nos lança nas mãos do FMI.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Moody´s

A agência de rating Moody´s fez uma apresentação no dia 19 de Janeiro em Lisboa onde analisou o risco de crédito “Portugal”.
Queria partilhar aqui um dos slides (em inglês) apresentados sobre o risco da nossa dívida soberana:
- Uncertainties about Portugal´s longer-term economic vitality, which may be exacerbated by the impact of fiscal austerity
- Concerns about Portugal´s ability to access the capital markets at a sustainable price
- Concerns about the impact on the government´s debt metrics of further support for the banking sector
Penso que o último ponto abordado é o mais importante dado que os dois primeiros são evidentes para todos. Ou seja, afirma-se que, neste momento, o risco “Portugal” não incorpora um possível resgate dos nossos bancos. Trata-se de uma eventualidade que não estamos a antecipar porque ninguém quer admitir esse bail-out quase inevitável. E já não estamos a falar de BPNs e BPPs, mas dos grandes bancos nacionais que deverão necessitar de mais apoios por parte do Estado.
Ora, isso vai acarretar um ainda maior risco de crédito do Estado português. No final do dia, só uma intervenção externa vai conseguir suportar o Estado e a Banca. É isso ou é a bancarrota.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os Factos e os Números

A nossa situação financeira é hoje insustentável.
Neste momento, Portugal para se financiar a 1 ano paga cerca de 4,0%.
Para assegurar o serviço desta dívida, a economia do país tem que ter um crescimento no mesmo período igual ou superior. Quando isso não acontece, temos uma de duas soluções:
1) Endividamo-nos mais para pagar a diferença.
 2) Aumentamos os impostos e/ou reduzimos a despesa.
Agora, vejamos o que aconteceu em 2010. Contas feitas, devemos ter um crescimento de 1,0% e, segundo os dados da Bloomberg, o valor médio dos yields que suportam a nossa dívida a 1 ano situou-se nos 2,34% nesse período. Isto significa que em 2010 tivemos um diferencial negativo de crescimento do PIB sobre a evolução do custo da dívida.
Como já disse neste blog, mais do que uma vez, não há mal em ter dívida, mas temos que rentabilizar esse endividamento. Aceder ao crédito não é pecado mas é preciso ter condições para pagar aos credores.
Aqui, um Estado funciona quase como um empresa que recorre ao crédito. Tem que gerar receitas para pagar as prestações ou fecha as portas.
Tudo isto para concluir que estamos em falência técnica porque há um crescimento insustentável da nossa dívida sobre a evolução do nosso PIB. Reparem, só em 2010, com um défice de 7,3% e um crescimento económico de 1,0% temos um agravamento desse rácio em 6,3%.
Em 2011 espera-se uma contracção de 1,3% do nosso PIB e um défice de 4,6%. Isso vai representar novamente um agravamento do rácio da divida sobre PIB de 5,9%. A prazo, isto não é mais que a morte rápida da nossa economia e uma séria ameaça para o nosso futuro como Estado. 
Com este cenário de evolução da nossa dívida, rapidamente atingimos valores claramente insustentáveis para uma economia pequena como a nossa, na ordem dos 125% a 150% de dívida sobre o PIB.
Soluções? Na minha óptica, temos que avançar já para um orçamento de base zero. Para quem não sabe, não é mais que um orçamento em que o défice é zero. A receita do Estado é igual à despesa.
Já sei que me vão dizer que isso vai provocar uma queda ainda maior do PIB. É verdade, mas quanto? Se fizermos os cortes no Estado no lado da despesa, provavelmente iremos ter a uma contração da economia entre os 3% a 4%, e esse será o aumento do rácio. Mas não vamos aumentar o nosso endividamento. Paramos a grande bola de neve.
Este tratamento de choque, durante um ou dois anos, será suficiente para recuperarmos a nossa credibilidade nos mercados e estancarmos o endividamento.
Antes desta crise chegar ao fim, o Estado, os bancos, as empresas, as famíllias, cada um de nós, vamos ter que suportar as consequências de uma queda brutal do nosso PIB e o aumento exponencial dos incumprimentos de crédito.
O remédio é amargo e a dor será imensa. Quem disser outra coisa, ou não sabe o que diz ou está a enganar.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Emissão Espanha

Espanha foi ontem ao mercado emitir uma obrigação a 10 anos. Consegui colocar 6 mil milhões de Euros a uma taxa de 5,604%. Eis as características da emissão:
Issuer:                The Kingdom of Spain
Ratings:               Aa1/AA/AA+
Size:                  EUR6bio
Settlement:            24 January 2011
Coupon:                5.50%, act/act annual ICMA with a short first
Maturity:              30 April 2021
Final Spread:          Mid Swaps +225bp
Reoffer Price:         99.233%
Reoffer Yield:         5.604%
Spread vs Bund 01/21:  256.40   (95.41%,  HR:0.925)
Denoms/Listings:       [1k]/Madrid, Spanish Law
Leads:                 BarCap/BBVA/BNP/Citi/SGCIB/Santander
B&D:                   Citi

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Competitividade II

Almunia esteve em Portugal para falar com o governo e participar numa conferência. Abordou o nosso grande problema, a competitividade, dizendo mesmo que não era com cortes salariais que nos tornaríamos mais competitivos. Eu concordo com ele.
Então, onde está a nossa perda de competitividade? Existem imensos factores que poderia explorar aqui mas vamos antes falar do principal culpado, ou seja, o peso excessivo do Estado na nossa economia.
Todos falam dos preços dos produtos em Portugal versus Espanha e os restantes países da Europa. Claramente, produzir em Portugal sai mais caro que produzir noutros países em termos relativos. Mas porquê?
Em primeiro lugar, pelo peso do Estado através dos impostos e ainda de toda a burocracia que as empresas têm que suportar. Ora, isso implica custos que as empresas reflectem no preço ao intermediário ou no consumidor final.
A seguir, são as empresas “monopólio” que existem em Portugal e cujos bens ou serviços todos nós, empresas e particulares, somos obrigados a pagar bem mais caro que o resto da Europa. São empresas que sugam a economia, sugam o Estado!
Por último, a falta de incentivos por parte do Estado a uma saudável e livre concorrência. Não apenas na perspectiva de mercado, entre empresas fornecedoras e consumidoras de bens e serviços que concorrem em preço, inovação e qualidade, mas também na gestão do próprio Estado.
Sem concorrência, temos o mercado distorcido pela corrupção, as cunhas e os favores e não existe uma economia saudável com ganhos de eficiência e uma autêntica cadeia de valor nos diversos sectores. Logo não existe uma economia livre e aberta.
Podemos cortar nos salários e, no fim do dia, não ficar mais competitivos. Mas também não seremos competitivos com salários elevados a que não correspondem aumentos de eficiência e produtividade.

domingo, 16 de janeiro de 2011

100 Previsões

Hoje deixo-vos aqui um link para um livro que sinceramente ainda não li mas que deve ser muito interessante. Trata-se das 100 previsões para o Mundo entre 2010 e 2050. No link podemos ver já as 100 previsões que o livro retrata. O objectivo é guiar as pessoas para as novas tendência que irão surgir.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Debtris

Não sei se esta informação está correcta, mas serve para termos uma perspectiva dos números muito interessante. Aproveitem:

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Malmequer

Manuel Alegre quer que Cavaco Silva suspenda a sua campanha para fazer diligências junto dos outros países europeus para evitar a entrada do FMI em Portugal.
Para Alegre, Cavaco é como o malmequer. Um dia é culpado pelo FMI entrar em Portugal, outro dia só ele é que consegue evitar que o FMI entre em Portugal.
Realisticamente, por mais diligências que Cavaco faça junto dos restantes líderes europeus, ele não vai fabricar dinheiro e é disso que agora precisamos.
Todos falam da perda de soberania que a entrada do FMI em Portugal vai acarretar. Pois bem, para todos nós será duro economicamente. Para os mais patriotas, ainda pior será ver o nosso país comandado pelo exterior. Mas pior mesmo será para os nossos políticos e pseudo políticos, aqueles que não são políticos de profissão mas que vivem montados no poder político.
Com o FMI aqui, não vão poder continuar a sugar o Estado, não vão poder continuar impunes nos seus desmandos e interesses, não vão poder continuar... ponto final.
Todos eles representam uma vergonha para este país. E com o FMI aqui a máscara deles cai. A festa acabou.
E é por isso que eles todos tremem, mas não tremem de vergonha, tremem pelo desespero da perda do seu Poder!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Mais um Leilão… mais uma Combinação

Tivémos mais um leilão de dívida pública. E dizem que foi um sucesso. De facto, quem ouve os nossos políticos acha que Portugal está com os cofres cheios de dinheiro em consequência das boas políticas deste Governo.
Mas vamos analisar o que aconteceu. Mostro-vos o quadro resumo das duas operações:


Para nos endividarmos a cerca de 3 anos e meio, pagámos um juro médio de 5,396% e para cerca de nove anos e meio pagámos 6.716%. Com estas taxas estamos a cavar ainda mais o nosso buraco.
Diz quem sabe que elas não são sustentáveis a médio prazo e eu concordo completamente. E há quanto tempo estamos a financiar o Estado com estas taxas ou muito perto delas? Por isso, digo que já estamos num patamar insustentável.
Proponho fazer aqui umas contas muito simples, sem grandes complicações.
Se usarmos os dois prazos e as duas taxas deste leilão temos um prazo médio de seis anos e meio com uma taxa média ponderada de 6,36% de custo de financiamento. Ora, comparando com as condições de financiamento que a União Europeia e o FMI deram à Grécia e à Irlanda (ver comentário Plano de Resgate da Irlanda), chegamos à conclusão que, para um prazo um pouco mais longo (sete anos), eles conseguiram uma taxa inferior à que nós temos no mercado.
Assim, vemos o grande sucesso que foi este leilão. O sucesso que resulta de não tomar as medidas correctas no momento certo e continuar a percorrer o caminho do abismo.
Finalmente, deixo o comentário que William Hunt Gross da Pimco, uma das maiores gestoras de fundos especializadas em obrigações, fez à Bloomberg: “Leilões de dívida portuguesa são uma combinação”. Pois bem, basta ler o meu comentário do dia 2 de Dezembro de 2010 neste blog para concordar com ele.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Voz da Minha Consciência

Peço desculpa aos seguidores deste blog por esta ausência não anunciada.
Por questões pessoais e profissionais, nos últimos tempos não tenho tido nem capacidade nem tempo para escrever. Reconheço até que os meus últimos comentários foram feitos à pressa e com pouca “substância” e sei também que, mais do que escrever, é necessário ter qualidade no que se escreve.
A minha ideia, quando iniciei o blog era escrever um Dário de Bordo desta aventura financeira do nosso país, que ia (e vai) culminar com a entrada do FMI em Portugal.
Admito que o meu objectivo inicial nem era sequer informar os outros. Apenas fazer um diário reservado à minha consciência, a pensar na minha família e em especial nas minhas filhas, para que um dia eu pudesse estar bem comigo mesmo porque, no momento certo, disse e demonstrei.
Nem é uma missão impossível. Os factos económicos estão em cima da mesa.
Mas é preciso saber ler a realidade, longe da influência dos políticos e dos fazedores de opinião. O que eu tento fazer aqui é apresentar essa realidade pura e dura. Para mim, é fácil porque não dependo de nenhum interesse especial, não pertenço a qualquer partido, e até muito poucos sabem quem eu sou.
Para todos, aqui sou apenas a voz da minha consciência.
Por isso, digo isto aos que esperam ainda algo de mim. Estes últimos dias não foi possível estar convosco. Lamento e peço a vossa compreensão para os próximos tempos.