quinta-feira, 31 de março de 2011

A Culpa

Hoje ficamos a saber que afinal do défice de 2010 não vai ser de 6,9%, mas sim, 8,6%. Bem longe dos 7,3% que nos comprometemos com a União Europeia. O Governo e nomeadamente Teixeira dos Santos rapidamente veio dizer que a culpa é do Eurostat.  

Nesse momento só me vinha à cabeça este artigo de Bagão Félix que tinha lido no inicio da semana, simplesmente divinal. Retrata bem o que vivemos…

A culpa de não haver PEC 4 é do PSD e do CDS. A culpa de haver portagens nas Scuts é do PSD que viabilizou o PEC 3. A culpa do PEC 3 é do PEC 2. Que, por sua vez, tem culpa do PEC 1.

Chegados a este, a culpa é da situação internacional. E da Grécia e da Irlanda. E antes destas culpas todas, a culpa continua a ser dos Governos PSD/CDS. Aliás, nos últimos 16 anos, a culpa é apenas dos 3 anos de governação não socialista.

A culpa é do Presidente da República. A culpa é da Chanceler. A culpa é de Trichet. A culpa é da Madeira. A culpa é do FMI. A culpa é do euro.

A culpa é dos mercados. Excepto do "mercado" Magalhães. A culpa é do ‘rating'. A culpa é dos especuladores que nos emprestam dinheiro. A culpa até chegou a ser das receitas extraordinárias. À falta de outra culpa, a culpa é de os Orçamentos e PEC serem obrigatórios.

A culpa é da agricultura. A culpa é do nemátodo do pinho. A culpa é dos professores. A culpa é dos pais. A culpa é dos exames. A culpa é dos submarinos. A culpa é do TGV espanhol. A culpa é da conjuntura. A culpa é da estrutura.

A culpa é do computador que entupiu. A culpa é da ‘pen'. A culpa é do funcionário do Powerpoint. A culpa é do Director-Geral. A culpa é da errata, porque nunca há errata na culpa. A culpa é das estatísticas. Umas vezes, a culpa é do INE, outras do Eurostat, outras ainda do FMI. A culpa é de uma qualquer independente universidade. E, agora em versão pós Constâncio, a culpa também já é do Banco de Portugal. A culpa é dos jornalistas que fazem perguntas. A culpa é dos deputados que questionam. A culpa é das Comissões parlamentares que investigam. A culpa é dos que estudam os assuntos.

A culpa é do excesso de pensionistas. A culpa é dos desempregados. A culpa é dos doentes. A culpa é dos contribuintes. A culpa é dos pobres.

A culpa é das empresas, excepto as ungidas pelo regime. A culpa é da meteorologia. A culpa é do petróleo que sobe. A culpa é do petróleo que desce.

A culpa é da insensibilidade. Dos outros. A culpa é da arrogância. Dos outros. A culpa é da incompreensão. Dos outros. A culpa é da vertigem do poder. Dos outros. A culpa é da demagogia. Dos outros. A culpa é do pessimismo. Dos outros.

A culpa é do passado. A culpa é do futuro. A culpa é da verdade. A culpa é da realidade. A culpa é das notícias. A culpa é da esquerda. A culpa é da direita. A culpa é da rua. A culpa é do complexo de culpa. A culpa é da ética.

Há sempre "novas oportunidades" para as culpas (dos outros). Imagine-se, até que, há tempos, o atraso para assistir a uma ópera, foi culpa do PM de Cabo-Verde.

No fim, a culpa é dos eleitores, que não deram a maioria absoluta ao imaculado. A culpa é da democracia. A culpa é de Portugal. De todos. Só ele (e seus pajens) não têm culpa. Povo ingrato! Basta! Na passada quarta-feira, a culpa... já foi.

quarta-feira, 30 de março de 2011

RP Cavaco

No meio desta crise financeira que está a dificultar a vida a toda gente, estou ainda mais preocupado com a Cinha Jardim e com a Cláudia Jacques. Parece que a concorrência no mundo dos Relações Públicas está a apertar! Neste momento está tudo expectante e com muito receio do futuro, dado que um gigante concorrente está a emergir na sociedade Portuguesa e que, em breve quando perder o seu cargo político, virá dominar o mercados de RP´s em Portugal.
Falamos, claro, do nosso Presidente da República, Anibal Cavaco Silva. Já por muitos conhecido como RP Cavaco.
Ao longo destes 5 anos no cargo tem demonstrado qualidades inigualáveis na capacidade de receber, convidar e passear neste nosso país à beira-mar plantado!
Já o imagino à porta de uma discoteca a cumprimentar todos os VIP, a organizar a guest list, a fazer entrevistas para a Caras, Flash e Maria. Sempre na companhia da sua mulher, ela sim, vai ver o seu sonho tornar-se realidade.
Pois bem, infelizmente são apenas estas qualidade que ele tem. Na realidade não demonstrou mais nenhuma no seu cargo de Presidente da República. Ele bem que tentou, até deu vários nomes às suas estratégias, desde cooperante a activo, mas se virmos bem, ele nunca foi nem um nem outro.
No meio deste pântano político que Portugal vive, Cavaco Silva sempre tentou demarcar-se dos políticos, ou da fama dos políticos. Mas a verdade é que ele é mais um igual aos outros. A sua constante desresponsabilização sobre o que acontece com o país e a sua falta de capacidade de actuar, de tomar decisões, de liderar o país como um verdadeiro Chefe de Estado é uma constante.
Mas nem tudo é mau, sempre temos um Presidente para inglês ver!

terça-feira, 29 de março de 2011

Os Interesses do FMI

José Sócrates acusou o PSD de defender a vinda do FMI para “servir os seus interesses”.
Antes de mais importa esclarecer quais são os interesses do FMI. Esta instituição, da qual Portugal faz parte há mais de 50 anos, serve para acudir países que estejam em situação financeira muito grave e que necessitem de ajuda (dinheiro) para ultrapassar essas dificuldades. Basicamente, o FMI é um fundo com dinheiro para emprestar aos Estados com vista à sua reabilitação financeira. Esse processo é apoiado pelo FMI, cujas equipas de economistas especializados juntamente com o governo do país em causa montam um plano de recuperação financeira. O objectivo é recuperar a economia e as finanças públicas, bem como o pagamento de créditos concedidos pelo próprio FMI. Nos últimos 40 anos Portugal já teve duas ajudas externas do FMI cujos resultados todos podem consultar.
O FMI não é liderado por nenhum grande grupo económico português ou mundial. Não é presidido por nenhum militante de nenhum partido político. Não vai nacionalizar e controlar a economia portuguesa. Não vai ficar com os salários dos Portugueses e fugir de fininho na calada da noite. Não vai mandar construir nenhum Freeport em nenhuma área protegida. Não vai contratar boys a peso de ouro. Simplesmente não vai deixar que os interesses instalados no Estado continuem...
Mas vamos então fazer uma pergunta de outra forma: porque é que José Sócrates e o PS não querem o FMI em Portugal? Lá está, porque vai contra os seus interesses…
E porque é que José Sócrates diz que o PSD quer o FMI para pôr em prática medidas liberais? Se são medidas liberais que o PSD defende não sei, pois neste momento ninguém sabe qual o seu programa. Contudo, o FMI virá para Portugal e quase de certeza que irá propor medidas liberais para a nossa economia. Mas isso é mau?
É mau para aqueles que vivem em cima dos Estado. É mau para quem só teve cargos politicos e que não sabe fazer mais nada. É mau para os primos, padrinhos, cunhados, genros e cônjuges dos políticos. É mau para aqueles que não querem iniciativa privada. É mau para aqueles que não querem trabalhar e esperam todos os meses pelos subsídios. É mau para aqueles que tudo é de borla e tudo lhes cai do céu sem esforço. É mau para aqueles a quem o Estado tudo paga. É mau para quem está agora sentado numa secretária sem fazer nada à espera do fim do mês para receber o seu salário só porque é efectivo, independentemente do seu mérito…
Talvez os interesses do FMI sejam os melhores interesses para Portugal...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Democracia Socialista

Sabiam que este fim-de-semana houve eleições para eleger o novo secretário-geral do PS? E quem terá sido o vencedor? Essa pergunta é óbvia: José Sócrates. Também era o único candidato...
Esperem, afinal não. Parece que havia mais dois candidatos. Eu não sabia... Vocês sabiam?
Pois bem, é verdade. Fui ontem ao site do PS e realmente confirma-se. Contra todas as minhas expectativas, havia mais dois candidatos ao cargo.
Mas o meu espanto não se prende com a existência de mais três candidatos que, já agora para quem não sabe, são Jacinto Serrão, António Brotas e Fonseca Ferreira. Isso é perfeitamente natural numa democracia. O que não é normal é nunca os ter visto na televisão, nunca ter lido uma notícia sobre eles, nunca ter ouvido uma ideia que eles possam ter para o nosso país – não porque não as tenham mas simplesmente porque não são divulgadas.
Não vi nenhum debate entre os candidatos; talvez tenha estado distraído mas tenho a sensação que nem deve ter havido...
Esta é a realidade do silenciar da oposição. Má ou boa não sabemos avaliar. Com ideias ou sem ideias não sabemos. Esta é a democracia dentro do Partido Socialista.
É nestas alturas que Chavez da Venezuela tem orgulho no seu amigo José Sócrates!

domingo, 27 de março de 2011

Valorização do Euro

Apesar de um expectável bailout de Portugal para breve, as expectativas de valorização do Euro face ao Dólar são altas. Já ocorreram dois bailouts no passado ano, mas apesar disso, o Euro tem tido capacidade de valorizar-se contra o Dólar. Isso acontece muito devido ao crescimento que temos vindo a assistir nos outros países europeus não periféricos, que tem levado a uma expectativa crescente de subida da taxa de juro. Facto já quase confirmado por Jean-Claude Trichet na última reunião do BCE.

sábado, 26 de março de 2011

Exposição a Portugal

Hoje deixo-vos aqui um gráfico com a exposição de outros países ao risco Portugal. Assim podemos verificar qual o risco sistémico que um default de Portugal iria provocar.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Situação Actual no Custo de Dívida Portuguesa

Neste momento pagamos as seguintes taxas no mercado:


Vejamos então a evolução no último ano do custo de financiamento de Portugal a 10 anos:


Agora não me venham dizer que foram os 0,50% que a dívida subiu nesta última semana com a instabilidade política, que vai provocar a entrada do FMI em Portugal. Talvez a razão será mais os mais de 3% que ela subiu em menos de 1 ano.
A verdade é esta, a crise política só está a acelerar um processo que é óbvio, que só quem não sabe ou não estuda, é que acredita ainda ser possível de evitar.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Contabilidade Mentirosa

Ontem José Socrates apresentou a sua demissão após o chumbo do PEC 4 na AR. Ainda não foi aceite pelo Presidente da República mas tudo indica que será.
O debate que ontem teve lugar na Assembleia da República foi só conversa para inglês ver, mas houve um ponto fundamental que poucos perceberam. Ficámos a saber que o buraco do BPN vai (para já) custar, aos cofres do Estado, 2 mil milhões de euros. Esse valor já devia estar inscrito nas nossas contas públicas. Mais uma vez, o governo brincou com a contabilidade.
Segundo o próprio Teixeira dos Santos, esse valor corresponde a 1,1% do nosso orçamento. O que consta é que o Eurostat já exigiu que ele seja imputado aos resultados do exercício de 2010.
Ora, isto tem um significado que é grave, muito grave, e é isso que os mercados não gostam.
A introdução desse valor nas nossas contas vai representar, de duas, uma: ou não atingimos a meta do défice para 2010, dado que os valores do governo apontavam para um défice de 6,9% e acrescentando agora os 1,1%, atingíamos o valor de 8,0%, bem acima dos 7,4% a que nos comprometemos com a UE. Ou, segunda solução, vamos caminhar para um PEC 5 onde vamos pedir mais austeridade para ir buscar mais 2 mil milhões de euros!
Este é o problema deste governo, ele mente, não diz a verdade, já ninguém acredita nele. Vê-se isso nos mercados todos os dias.
Deixo aqui uma pergunta. O que irão pensar os credores de Portugal quando souberem que não estava contabilizado, nas nossas contas públicas, o valor que corresponde a 1,1% de perdas no orçamento de 2010?
Dou aqui a resposta que tenho estado a ouvir, durante todo o dia, nos mercados. Afinal, Portugal é como a Grécia... também anda a esconder os buracos...

quarta-feira, 23 de março de 2011

Investimento em Dívida Pública

Hoje olhamos para os juros da dívida portuguesa e vemos uma rentabilidade bem interessante. Muitos perguntam, então, porque é que eu não invisto em dívida pública portuguesa? Quais são os riscos? E as rentabilidades são mesmo garantidas?
Digamos que, em teoria, o investimento em dívida pública é o dos mais seguros. Em teoria, repito. Na realidade, tem tanto risco como qualquer outro investimento, o risco de default.
Num cenário normal, o Estado paga os cupões e as suas obrigações como definido. O risco acontece quando o Estado fica sem capacidade financeira para pagar as suas dívidas e avança para uma reestruturação da dívida ou mesmo um default.
A reestruturação da dívida consiste num conjunto de hipóteses, desde aumentar o prazo de maturidade das obrigações. Por exemplo, uma obrigação que supostamente maturava em Setembro de 2013 passa a vencer-se em Setembro de 2015, ficando assim o investidor exposto mais tempo ao risco Portugal e à subsequente desvalorização do título. Outra hipótese de reestruturação é a suspensão de pagamento de juros. Nesse caso, os investidores deixam de receber a rentabilidade do título por um determinado período de tempo.
O default é o cenário mais dramático. O Estado chega ao ponto em que não consegue pagar as suas obrigações e decide aplicar um haircut na dívida. O que isto significa é bastante simples. Na maturidade nós recebemos 100% do nosso investimento, mas se for aplicado um haircut, na maturidade só vamos receber o valor remanescente ao corte. Em termos práticos, vamos supor que comprei 5.000.000,00€ de uma obrigação de dívida portuguesa e o Estado decide aplicar um haircut de 40%. Na maturidade, recebo 60% do meu investimento que apenas corresponde a 3.000.000,00€.
Quando se investe em dívida pública é importante definir o prazo do investimento. Mais longo é o prazo, maior é o risco. É importante que todos tenham consciência que o risco de default em Portugal é muito real e isso já está implícito nos nossos juros. Obviamente que o risco vai aumentado conforme o prazo. Deixo-vos aqui a tabela da probabilidade de um default português implícita no mercado hoje (18:00):

Nota: Loss Given Default (LGD) de 50%

terça-feira, 22 de março de 2011

O Monstro do FMI

Vamos esclarecer um ponto muito importante. O FMI não é um monstro, nem é nenhum papão. Já aqui tentei desmistificar esse ponto mas o primeiro-ministro tenta constantemente dramatizar, criando medo na população.
Então, o que vai acontecer se o FMI e o Fundo Europeu de Estabilização entrarem em Portugal? Definir, à partida, todas as medidas que nos serão impostas é muito complicado porque elas dependem do tamanho do buraco financeiro que temos em Portugal. Actualmente, não sabemos qual é a sua verdadeira dimensão.
Mas o seu objectivo será sempre reequilibrar as nossas contas e tornar o país mais competitivo para podermos ter um crescimento económico sustentado. Esse, aliás, devia ter sido o objectivo de todos os nossos governos nos últimos vinte anos.
O primeiro-ministro diz que, se o FMI entrar em Portugal, será pior para nós. E que as medidas a tomar, então, serão muito mais duras do que as que estamos a sofrer agora. Isso só pode ter duas leituras: ou não estamos a seguir todas as medidas que devíamos, e vamos continuar neste buraco, ou ele mente e, simplesmente, não quer cá o FMI pelos motivos que ele, melhor que ninguém, deve saber.
Apenas relembro que, no caso irlandês, quando o FMI entrou no país não foram impostas medidas adicionais às que o governo tinha definido. O governo de Dublin, face a uma crise brutal de liquidez no sistema financeiro que obrigou à sua intervenção para recapitalizar os bancos, já tinha um plano credível de recuperação e equilíbrio das suas contas. O FMI só emprestou o dinheiro.
Entre nós, não existe nenhum plano credível de recuperação. Face à emergência financeira, esqueceu-se completamente a economia. E, como no caso português nada é credível, vamos ter que pedir a ajuda externa. Simplesmente, porque os nossos governantes não sabem governar, não sabem assumir as suas responsabilidades, não sabem preparar planos de crescimento e não sabem como nos tirar deste buraco.
Vai custar muito a todos para sairmos desta crise profunda em que estamos afundados. Mas, temos que saber escolher e não há atalhos. Por isso, ou tomamos todas as medidas correctas agora, doa a quem doer, ou vamos continuar a ser um país pobre e periférico!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Comunicado do PSD ao Mercado

Para quem não sabe, o PSD hoje emitiu um comunicado aos mercados, a explicar as suas razões para a não aprovar o PEC 4.
Jorge Lacão, em conferência de imprensa hoje no parlamento, referiu este mesmo comunicado. Por isso, achei interessante publica-lo para todos termos acesso a ele.

SOCIAL DEMOCRATIC PARTY

Position on Policy Guidelines and Measures to address Portugal’s Main Economic Challenges

1.
In light of the challenges currently faced by the Portuguese economy, PSD is committed to consolidating Portugal’s public finances, to fostering economic growth, to correct macroeconomic imbalances, to stabilize and strengthen the financial sector and to improving the economy’s financing conditions. As such, we welcome and support initiatives undertaken at the European Union level aimed at improving economic governance and competitiveness, as evidenced by PSD’s International Relations Committee Policy Briefs on past European Council conclusions.
2.
PSD fully supports Portugal’s fiscal strategy aimed at placing the debt-GDP ratio on a declining path from 2013 onwards and reducing the general government deficit to 4.6% of GDP in 2011, and 3% and 2% percent in 2012 and 2013 respectively. In conformity with this commitment, and notwithstanding our status as Portugal’s principal opposition party, we supported the government’s attempts in the past to honour its international obligations, as was the case with the 2010 Growth and Stability Pact (GSP) and the 2011 Budget Law to name but two examples.
3.
The new policy guidelines and measures announced on 11 March raise concern for two reasons:
a. First and foremost, the announced measures reflect the continued failure of government to implement a coherent, credible and sustainable program of structural reform aimed at fiscal consolidation, public debt reduction and economic growth despite being in power for over six years.
Moreover, it has largely been reactive to external pressure rather than pro-actively seeking to address Portugal’s main economic challenges through its own volition. As such, nothing leads us to expect that the government will improve its performance in the foreseeable future, especially when it comes to reforms that will undermine parts of its electoral base that are tied, directly or indirectly, to statefinanced employment or business ventures.
b. Second, the adoption of additional austerity measures and structural reforms necessarily entails a wide-ranging consensus, both on a political and societal level, in order to ensure their acceptance, effective implementation and sustainability. On this score, however, the government has been completely remiss even though it does not enjoy majority parliamentary support. Indeed, it seems to have gone out of its way to avoid prior negotiations with relevant stake-holders while simultaneously neglecting established democratic practices and procedures, including those detailed in the executive summary of the GSP approved in March 2010.
4.
PSD reaffirms its unfailing support for a structural reform program aimed at fiscal consolidation, public debt reduction and economic growth. Yet PSD is unable to support the announced new measures, not only because of their likely limited and ineffectual implementation but also due to the sacrifices that they impose on the most vulnerable members of society.
5.
The final outcome of the process initiated with this surprise announcement could be favorable if political parties and social partners are more supportive than they have been in the last two years of a well designed program of fiscal consolidation and structural reforms. Indeed, a broad coalition for change would improve the political legitimacy of such a program as well as current market perceptions of Portugal’s risk.
Lisbon, 21 March, 2011

domingo, 20 de março de 2011

How a Tokyo Earthquake Could Devastate Wall Street & World Economy

Hoje deixo aqui um link para um artigo muito interessante, sobre as consequências económicas que um grande terramoto no Japão podia afectar a economia mundial. Foi escrito em 1989 por Michael Lewis, mas sempre actual.


http://paul.kedrosky.com/archives/2011/03/michael_lewis_1.html

sábado, 19 de março de 2011

Exposição de créditos a Taxa Variável

Observemos este gráfico:

Verificamos que os países Ibérico são aqueles onde temos uma percentagem muito alta de créditos de taxa variável contra créditos de taxa fixa no crédito habitação.
Isto significa que com um aumento das taxas directoras por parte do BCE seremos um dos países mais afectados por esse movimento. Criando assim, um aumento da probabilidade de defaults exponencial.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Vergonha!

Portugal vive, neste momento, um dos episódios mais tristes da democracia. Este primeiro-ministro e este governo perderam, há muito, o norte e a vergonha. Os seus interesses pessoais e partidários estão, numa lógica de puro cálculo político, a ser postos à frente do interesse nacional e do futuro dos portugueses.
Apesar de afirmarem o contrário, estão agarrados ao poder e são capazes de tudo para se conservarem nos cargos que ocupam, contra tudo e contra todos, sem ética e sem moral.
Campos e Cunha tem razão, no artigo que escreveu no Diário Económico, ao dizer que tudo o que estamos a assistir na gestação desta crise política foi organizado e preparado pelo governo.
Socrates sabe que vamos ter que pedir ajuda externa brevemente, nem que seja ao fundo europeu de estabilização. Para não ficar com esse ónus, planeia uma jogada final em que ele assume o papel de vítima e o lider da oposição surge como carrasco.
Faz um PEC de surpresa, sem discutir nada com ninguém, com as medidas que já sabia antecipadamente que o PSD não iria aceitar e, numa afronta pessoal e directa à primeira figura do Estado, nem avisa o PR.
Agora, diz que está disposto a negociar, mas rasgou todos os compromissos que assumiu nos PEC anteriores e no Orçamento de Estado. Se queria negociar, devia ter pensado nisso antes, e todos nós sabemos o que ele pensou.
É um batoteiro que joga com as cartas viciadas. Como já aqui disse, ele dá, baralha e volta a dar. Não respeita um acordo e, como não tem credibilidade, com ele o mundo muda todos os dias.
Primeiro, afirmou na SIC que ia levar o PEC 4 à votação no parlamento e avisou que, se o documento fosse chumbado pelos partidos da oposição, não tinha condições para continuar. Depois, mudou de opinião, dizendo que o documento será debatido na AR mas que não será submetido à votação por iniciativa do governo, para evitar uma crise política.
Ora, ele sabe quais são as posições dos partidos sobre o PEC 4. Todos eles já afirmaram que chumbam o documento na AR e, se o governo não o levar a votos, a oposição tomará a iniciativa.
E é isso mesmo que ele quer. Ele já está a fazer a pré-campanha. Ele sabe que, se o governo cair neste momento, Portugal vai ter que pedir imediatamente ajuda externa e quem ficará com o ónus é a oposição.
Essa será a sua bandeira na campanha. Vai dizer que foi a oposição que provocou o pedido de ajuda externa. Entre a mentira e a chantagem, o que tornou inevitável o resgate de Portugal, foram os anos do seu desgoverno.
Como sabem, na minha, Portugal necessita urgentemente de ajuda externa. O que me faz confusão é a cobardia desta gente política, que não sabe admitir os seus erros, não sabe sair quando deve e está agarrado ao poder como unhas com carne.
Mas porquê? Porque são profissionais da política, sem ela, eles não são nada!

quinta-feira, 17 de março de 2011

Relatório da Moody’s sobre Portugal

Muito se tem dito sobre as razões apresentadas para o downgrade do rating de Portugal pela Moody’s. Muita coisa se inventou. Para que não haja nenhuma dúvida, deixo aqui na íntegra o relatório:
Rating Action: Moody's downgrades Portugal to A3 and assigns a negative outlook
Global Credit Research - 15 Mar 2011
London, 15 March 2011 -- Moody's Investors Service has today downgraded Portugal's long-term government bond ratings to A3 from A1 and assigned a negative outlook. Today's rating action concludes the review that Moody's initiated on Portugal on 21 December 2010 and is the last of the reviews on several of the European periphery countries that were initiated in December last year.
Moody's rating action was driven by the following four factors:
1. Subdued growth prospects and productivity gains over the near to medium term until structural reforms, especially in the labor market and the justice system, begin to bear fruit;
2. Implementation risks for the government's ambitious fiscal consolidation targets;
3. The government's balance sheet may need to expand further in the event it has to provide financial support to the banking sector and government-related institutions (GRIs), which are currently unable to access capital markets; and
4. Challenging market conditions that have led to increases in the government's financing costs, which, if sustained, will cause its debt affordability to weaken, particularly in the context of generally higher European interest rates. Accessing the European Financial Stability Facility may lead to a reduction in financing costs, but questions would remain as to when the government would be able to re-access the capital markets and on what terms.
The new measures in the recent update on the stability and growth programme announced by the Portuguese government figured prominently in the rating conclusion. Moody's expectation that the revenue increases, expenditure reductions, and structural reforms specified by the government will be achieved is a critical consideration underlying the A3 rating.
Moody's has today also downgraded Portugal's short-term debt rating from Prime-1 to Prime-2. Portugal's country ceilings for bonds and bank deposits are unaffected by today's rating action and remain at Aaa (in line with the Eurozone's rating).
RATING RATIONALE
The first key driver of today's rating action is the uncertainty over how quickly Portugal's task of improving its competitiveness and reducing its external imbalances can be achieved against the background of the country's already strained net international position and the government's continuing heavy reliance on external financing. In order to reduce the external imbalances, exports will have to grow and/or imports slow.
Notwithstanding last year's good export performance, the small scale of the external sector means a large share of the adjustment will have to be borne by weaker imports. The increase in savings needed to bring about the turnaround in imports will be difficult to achieve without a decline in domestic demand and consequently, a further weakening in the overall outlook for economic growth. Since the external adjustment is likely to take several years to complete, concerns about the growth outlook are likely to persist for some time.
Moreover, uncertainties in the global economy make Portugal's adjustment efforts more challenging. Rising inflationary pressures could lead to an increase in the ECB's policy rate, which could aggravate the Portuguese government's funding costs and put additional pressure on private sector borrowing costs. And should oil prices rise further and remain high for over a long period, external imbalances would worsen, given Portugal's dependence on imported energy.
That said, Moody's acknowledges the progress the Portuguese authorities have made and are continuing to make in reforming the economy, particularly its labour markets, social programs and the justice system, including the measures announced on 11 March. It is too soon, though, to estimate the impact such measures will have on the economy's medium- to long-term sustainable growth rate.
The second driver of Portugal's downgrade is the implementation risk surrounding the government's ambitious deficit reduction goals over the next two years. . The government aims to reduce the deficit to 4.6% this year, which implies a substantially higher reduction in the underlying deficit than that achieved in 2010, and announced measures on 11 March to ensure it reaches its budget deficit targets for this year, 2012 and 2013. The commitment demonstrated by those measures is reflected in Moody's A3 rating assessment. Still, the government faces significant challenges, not least a less supportive economic environment: real GDP rose an estimated 1.4% in 2010 but is expected to decline this year and experience a weak recovery at best in 2012.
Moody's views positively the Portuguese government's proposed changes to its budgetary governance process, including the introduction of quarterly targets, corrective actions when deviations are detected and the amendment of the budgetary framework law aiming, amongst other things, to introduce fiscal rules and an independent council for public finances to ensure compliance with the multi-year fiscal plan set by thegovernment. Indeed, if the reforms are successfully implemented, they would make a positive contribution towards a more sustainable fiscal situation.
The rating agency also notes that the commitment to fiscal consolidation shared by both leading political parties is an important reason why Portugal's rating remains within the A range, given the current government's minority composition and the possibility of early elections being called in the near future. In view of the political realities, an EFSF programme could help to ensure that the targets are fulfilled.
Moody's third key concern is the possibility that the Portuguese government would have to intervene to provide capital to the country's banks and government-related issuers, leading to a potentially significant expansion of the government's balance sheet. The prospect itself and the uncertainty surrounding the size of any such increase are both factors in the rating agency's decision to implement today's rating action. This view would not change if the government sought support from the EFSF, since the banks and GRIs are unlikely to be able to re-enter the
markets before the sovereign.
The background to this is that, although the government of Portugal is still able to access the market, the country's banks and GRIs have been shut out, the former for nearly a year. The banking system does not face solvency problems anywhere near as severe as those in Spain or Ireland, but the challenging operating environment increases downside risks for earnings and asset quality. Moody's notes that banks would need to rebuild their capital bases to regain access to the markets. GRIs will need to refinance maturing debt: Moody's estimates that the nine GRIs that it rates have total outstanding debt of around €35bn (equivalent to roughly 20% of GDP) and around €14bn of this will mature by the end of 2013.
The fourth factor that drove today's rating action is the challenges the government faces in obtaining funding in the capital markets without paying elevated yields that would reduce its debt affordability over time. The cost of market funding is likely to remain high until the deficit has been reduced to a sustainable level and the prospects for economic growth have improved. If the government seeks funds from the EFSF rather than capital markets, Portugal would likely gain access to liquidity at lower cost than it currently faces in the capital markets and limit some of the potential increase in its debt servicing costs, but the path to regaining market access at favourable terms would remain challenging.
WHAT COULD CHANGE THE RATING UP/DOWN
Moody's holds a negative outlook on the government's bond ratings as it considers a further downgrade to be more likely than an upgrade over the coming one to two years. The rating agency is concerned about (1) the likely trend in interest rates the government will have to pay to access the capital markets and the impact of those rates on the economy as a whole; (2) how successful the government will be in achieving the fiscal targets it has set itself going forward; and (3) the uncertainties over how much support the government will have to provide to the banks and GRIs, and the consequent expansion of its balance sheet.
The rating outlook could move to stable or positive if the fiscal deficit declines as projected, leading to a stabilization of the key debt to GDP and revenue metrics, and the economic growth outlook improves. These conditions would likely lead to an easing in the government's own funding costs and improve market access for banks and GRIs.
PREVIOUS RATING ACTION AND THE METHODOLOGY
Moody's previous rating action on Portugal was implemented on 21 December 2010, when the rating agency placed Portugal's government bond ratings on review for possible downgrade.
The principal methodology used in this rating was Moody's "Sovereign Bond Ratings Methodology", which was published in September 2008 and is available on www.moodys.com.

Agora, cada um pode fazer a sua avaliação e tirar as suas conclusões. Apenas queria deixar aqui duas notas à margem.
A primeira é que, nesta análise da Moody’s, não há qualquer referência à nossa situação política, ou seja, não se pode culpar a oposição pelo mais recente downgrade da República Portuguesa.
A segunda refere-se a que uma das principais razões do downgrade tem como base as necessidades de recapitalização do nosso sistema financeiro. Esses reforços de capital deverão ser assegurados pelo Estado, com reflexos negativos nas contas nacionais, dado que os actuais accionistas dos principais bancos, muitos deles, não têm capacidade para responder a esta exigência.
Ora, isto vai ao encontro do que eu tenho estado aqui constantemente a avisar. Os nossos bancos não estão assim tão bem como alguns gostam de pintar...

quarta-feira, 16 de março de 2011

O Discurso do Mentiroso II

Continuando o tema de ontem, mantenho a minha análise sobre o discurso do primeiro-ministro. Em relação à necessidade de ajuda externa, sejamos claros, Portugal já está a ser ajudado, indirectamente, pelas instituições europeias.
A compra de dívida pública pelo BCE e os seus empréstimos à banca portuguesa, asseguram a liquidez do sistema, indispensável ao funcionamento da economia. Essa liquidez permite também aos nossos bancos comprar dívida soberana portuguesa, suportando o Estado, nas suas emissões de dívida.
Bem sei que se enquadra nos actuais mecanismos de intervenção do BCE de resposta à crise das dívidas soberanas, beneficiando outros países do euro e não apenas Portugal. O problema, até agora disfarçado, em toda a sua crueza, pela intervenção do BCE, é que a crise de liquidez, pelasnossas necessidades crescentes de financiamento e as baixas expectativas do nosso crescimento, ameaça a nossa solvência no Estado e na economia.
Numa palavra, a bancarrota. Por isso, estamos a ser ajudados, desde Novembro de 2010, mesmo ser ter recorrido, como a Grécia e a Irlanda, ao pedido de resgate.
O primeiro-ministro quer escapar ao estigma do pedido formal de ajuda porque sabe que isso significaria o fim do seu governo. Todos sabemos que o famoso PEC 4 foi imposto pela Alemanha em troca do fundo de estabilização europeu comprar dívida portuguesa, para estabilizar as taxas de juro e garantir o financiamento a Portugal.
Repito, garantir o financiamento a Portugal. O que é que isto se chama? Ajuda. Resgate disfarçado, pela porta dos fundos, indo ao encontro de interesses políticos comuns ao Largo do Rato e da Sra. Merkel que enfrenta eleições regionais e um eleitorado alemão, conservador, intolerante com mais resgates na zona euro.
Com esta “ajuda”, vinda de Bruxelas e de Berlim, com o nome de código PEC 4, Socrates pensou que poderia enganar o PR, os partidos da oposição, empresários, trabalhadores, desempregados, pensionistas, enfim, os portugueses que sofrem as consequências da sua gestão danosa do país, e definir-se como o campeão do interesse nacional e a última barreira contra a ajuda externa.
Agora, não pensem que os nossos parceiros europeus, liderados pela Alemanha, nos dão o dinheiro sem exigirem nada... eles são os credores e eles é que mandam. E o primeiro exemplo disso, claro, é o PEC 4, que foi ditado por Berlim.
O nome deste blog, e do que aqui se fala, baseia-se no FMI em Portugal. Desde Setembro até agora, muita coisa mudou, criou-se o fundo de estabilização, o BCE foi ao mercado comprar dívida soberana, a Irlanda foi resgatada.
Chamem-lhe o que quiserem, FMI, EU ou Fundo Europeu de Estabilização Financeira. Com pedido formal ou sem pedido formal, eles já cá estão e eles é que mandam.
Nós, agora, só vamos poder escolher quem nos representa e espero que, desta vez, os Portugueses não se deixem enganar pelo mentiroso...

terça-feira, 15 de março de 2011

O Discurso do Mentiroso I

José Socrates mente sempre que fala, mente sempre que abre a boca. Pior, é que ele até já acredita no que diz, ou a sua enorme arrogância não lhe permite ver a verdade...
A crise das dívidas soberanas, como Socrates gosta de chamar ao aperto em que estamos, não é mais que uma crise de sobreendividamento. Alguns paises europeus, como Portugal, chegaram ao ponto em que não têm crescimento económico suficiente para pagar a dívida excessiva, soberana e privada, que foram acumulando.
Os governos centrais, as regiões e autonomias, as autarquias locais, a administração pública, o sector empresarial do Estado, o sistema financeiro, as empresas privadas e as famílias desses países, num cenário de juros reais negativos, endividaram-se de um modo totalmente irresponsável e, ao não assegurarem um crescimento económico sustentado através do melhor investimento que lhes permitisse criar riqueza, parece que se esqueceram que a dívida um dia teria que ser paga aos credores.
Falamos muito do défice, nesta situação de emergência financeira, mas a questão essencial, a curto e médio prazo, é como ultrapassar rapidamente a nossa fragilidade porque, enquanto outros crescem e recuperam as suas economias, Portugal parece condenado à pobreza e à recessão pelas políticas deste governo.
O primeiro-ministro, como sempre, baralha e torna a dar, esconde-se atrás das dificuldades enfrentadas por outros para cobrir os erros da sua gestão, esquece os anos perdidos de crescimento económico anémico, antes da crise das dívidas soberanas.
Negociou o orçamento com o PSD, decidiu medidas duras para aumentar a receita e conter a despesa pública, tudo com o objectivo de atingir a meta no défice de 4,6% a que Portugal está comprometido, na execução deste ano, com a Europa.
Na declaração ontem ao país, como há semanas atrás no Parlamento, Sócrates enaltece a execução orçamental, acima do esperado, e reafirma que tudo corre bem em S.Bento e no Terreiro do Paço. E, agora, são necessárias novas medidas em 2011?
O primeiro-ministro diz que são necessária mais medidas, mas não diz o que correu mal. Para mim, a verdade é aquela para que eu já tinha alertado logo na apresentação do orçamento. Estimou-se um crescimento económico para 2011 irreal e, com os novos números da Comissão Europeia e do BCE que estiveram em Lisboa em “missão técnica”, o governo viu-se obrigado a tomar medidas adicionais para tapar o buraco que ele próprio criou.
E nós, Portugueses que pagamos tudo isto, até quando teremos que sofrer na nossa pele os desmandos e a incompetência deste desgoverno? 

segunda-feira, 14 de março de 2011

O Discurso do Presidente

Ouvimos na passada semana o discurso de tomada de posse do Presidente da República.  Independentemente do quadrante político, quase todos nós concordámos com o que foi dito. Entre os críticos, alguns criticam pela forma, outros por vir tarde, havendo outros que co-responsabilizam Cavaco Silva pelo actual estado do país e ainda outros que criticam a sua “colagem” aos jovens. Para mim, este foi o discurso da verdade e é disso que Portugal precisa, agora, mais do que nunca.
Relativamente às críticas, estou à vontade, dado que nas últimas presidenciais não votei em Cavaco Silva. Mas eu penso que, em geral, são injustas.
Pela forma: não achei mal. Simplesmente não é habitual em Cavaco Silva e, ainda menos, num discurso de tomada de posse de um Presidente da República.
Discurso tardio: é verdade e, para mim, só demonstra que Cavaco Silva, por mais que não queira ser e afirme o contrário, é um político frio e calculista. No primeiro mandato, ele nunca fez um discurso tão ríspido, porque tinha medo de perder votos. Não vetou leis que agora crítica, porque tinha medo de perder votos. Não demitiu este governo e este primeiro-ministro, porque tinha medo de perder votos.
Mas, temos que ser justos, ele avisou. Recordo o seu discurso no fim do ano, em 2009, avisando que tempos difíceis viriam... e o governo a dizer que era um discurso pessimista, “bota abaixo”.
Co-responsabilidade: sei bem que os últimos anos do cavaquismo não foram fáceis, mas ninguém pode negar que foi nesse período que Portugal mais cresceu. Entre 1985 e 1995, nos governos de Cavaco Silva, abriram-se as portas para as pessoas poderem vencer na vida e terem novas oportunidades de sucesso. Algumas medidas, tomadas então, não resultaram ou não foram as mais correctas. Mas, com uma grande diferença do que agora acontece, essas medidas apenas não tiveram sucesso porque foram tomadas numa perspectiva estratégica errada ou porque tiveram uma execução que não correu bem. Hoje, as decisões estratégicas são tomadas com base nos interesses instalados, à volta dos “amigos”, e a pensar exclusivamente em ganhos pessoais para os que decidem quem faz o quê!
Colagem aos jovens: muitos dizem que Cavaco Silva, até agora, não fez nada para os jovens. Não é verdade. A geração de que falamos agora, mais bem formada, com mais qualificações, é a geração criada pela governação de Cavaco Silva. Antes era um sonho para muitos poderem estudar e irem para uma faculdade. Foi nos governos de Cavaco Silva que o ensino superior cresceu em todo o país, com novas escolas, mais vagas e mais cursos, em mais cidades, permitindo aos jovens portugueses, com maior potencial e ambição, esse sonho de um futuro com outros horizontes de realização pessoal e bem-estar material. E, só mais um exemplo, este mais recente, para recordar o apoio que o Presidente tem dado à valorização dos jovens, com a sua participação activa no “Star Tracker – Portal de Talentos Portugueses”.
Muitos podem não concordar comigo. Todos temos o direito a ter opiniões diferentes. Isso é normal. Mas, para mim, o fundamental é a verdade, ou seja, aquilo que realmente aconteceu e o que se passa agora, e isso não está sujeito a opinião.

domingo, 13 de março de 2011

Todos... à Rasca!!!

Saúdo o sucesso das manifestações de ontem nas principais cidades portuguesas, com destaque para Lisboa e Porto, e admito a minha supresa pela sua elevada adesão.
Muito deste sucesso foi alcançado, sem dúvida, porque assistimos à manifestação, não apenas de uma “geração à rasca”, mas sim de pessoas de todas as idades e condições. Não apenas militantes de esquerda e os seus habituais simpatizantes, mas sim gente de todos os quadrantes políticos, sociais e económicos, fora da órbita dos partidos e dos sindicatos. Por isso, a força e o impacto deste protesto, que só o tempo poderá confirmar, é o resultado dele ter sido transversal a toda a sociedade portuguesa.
Sobre o que os jovens promotores do protesto reclamam, já aqui dei a minha opinião. Não podemos querer ser todos efectivos, com emprego garantido para a vida, porque estamos a hipotecar da mesma forma o futuro dos nossos filhos.
Mas temos todos que exigir acesso ao trabalho remunerado com justiça, de acordo com o nosso mérito e o nosso esforço, esse sim, é um anseio de todos e mais que legítimo.
Para isso, o que faltou neste protesto foi pedir apoios concretos à criação de novas empresas por jovens licenciados que vão, assim, criar riqueza e promover emprego para outros jovens e menos jovens.
Esta geração à rasca é a mais qualificada de sempre, tem todo o potêncial e não pode ter apenas como ambição, e projecto de vida, trabalhar por conta de outrém. É agora ou nunca. Temos todos, de acordo com as nossas capacidades, que lutar para construir um país mais rico, mais competitivo e com oportunidades para todos.
Porque estamos todos à rasca!

sábado, 12 de março de 2011

PEC... 4

Para quem ainda não viu ao pormenor as medidas sugiro ir a este site onde se tem a apresentação do nosso Ministro das Finanças:

http://www.portugal.gov.pt/pt/GC18/Governo/Ministerios/MF/Documentos/Pages/20110311_MFAP_Doc_PEC2011.aspx

Boa leitura...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Mesquinhisses

Hoje temos a notícia que o nosso governo vai pedir aos parceiros europeus uma compensação devido à participação de Portugal no pacote de ajuda à Grécia.
Como membros da zona euro, aprovado o resgate, estávamos obrigados a ajudar os gregos mas, como também não temos dinheiro, tivémos que recorrer aos mercados e pagámos mais em juros do que o que cobrámos à Grécia no pacote de resgate.
Foi, sem dúvida, um mau negócio para nós, mas a que não podiamos fugir. É o resultado de estarmos num clube de ricos a fazer figura com o dinheiro dos outros. O resgate à Grécia, e os termos em que foi feito, resultou de uma decisão colectiva em que Portugal participou, como membro do euro, estando obrigado a assumir os encargos financeiros que lhe cabem.
Só falta o governo vir dizer que foi devido ao empréstimo de uns míseros milhões à Grécia que chegámos a esta situação de descalabro financeiro. Pior, vemos que um governo que reclama constantemente a solidariedade europeia é o primeiro a colocar os seus interesses acima de todos os outros.
E, agora, pedimos que nos devolvam o dinheiro? Isto é anedótico, mesmo triste. Demostra claramente o desnorte do nosso governo e o seu fraco sentido de Estado.
Além disso, é uma posição que pode virar-se contra nós. Nesta cimeira da zona euro vão ser discutidos o desagravamento da taxa de juro que está a ser cobrada à Grécia, considerada incomportável se queremos mesmo ajudar esse Estado, e ainda o alargamento do prazo do resgate.
Ora, se os gregos conseguirem renegociar o empréstimo com condições mais favoráveis, também nos podem beneficiar num futuro resgate. Talvez esse juro mais baixo venha a ser cobrado a nós próprios... Resumindo, só tiros nos pés!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Voluntário ou Involuntário

Hoje li um comentário muito interessante de um analista sobre o expectável pedido de ajuda de Portugal ao FMI/EU. Para ele esse facto já é inegável, agora a forma do pedido de ajuda é descrita em duas formas:

De forma voluntária, através de Portugal aceder à insistência dos restantes países Europeus, admitir a necessidade de ajuda e preparar de uma forma correcta o nível de ajuda.

A outra forma, que para o analista parece ser a mais provável, devido ao modo como nosso primeiro-ministro tem gerido esta situação, é a forma de obrigatoriedade, não pela exigência dos nossos parceiros europeus, mas sim pela falta de dinheiro.

Muitos pensam que o Estado é risco soberano e tem dinheiro por todos os lados, mas essa ideia é incorrecta. Tem dinheiro com limites como uma família normal, tem que saber gerir de uma forma correcta, senão cai em bancarrota. E é esse caminho que o Estado está a percorrer.

Não interessa se estamos a baixar o nosso défice, ainda o temos! E temos que arranjar dinheiro para o pagar… todos os meses, todas as semanas! Só poderíamos estar a corrigir esta situação se estivéssemos a criar super-havits nas nossas contas porque, caso contrário, continuamos a enterrar-nos, a pedir crédito até ao dia que já não há mais ninguém para o emprestar, até ao dia que não conseguiremos pagar.

Este é o governo que temos, esta é a politica que temos… correr até morrer… Não parar para pensar e ver os factos concretos. Portugal paga já bem mais pela nossa dívida do que se estivéssemos a pedir ao FMI/EU, e não venham com conversas de perda de credibilidade porque essa já foi toda pelo cano abaixo já algum tempo.

Para concluir, achei bastante interessante o discurso do primeiro ministro na Alemanha após a reunião com Angela Merkel. Por um lado, fez um discurso “nacionalista” a dizer que Portugal sabe resolver os seus problemas sozinho e que ninguém pode impor nada a Portugal. Por outro lado, pediu medidas de apoio da Europa para resolver a crise, medidas dessas que não serão mais que dar dinheiro a Portugal.

Afinal, em que ponto ficamos…?

sexta-feira, 4 de março de 2011

O Enigma do BCE

Ontem ouvimos o Presidente do BCE Jean Paul Trichet a admitir, claramente, a possibilidade da subida da taxa de juro de referência já na próxima reunião do banco central em Abril. Para muitos pode ter sido uma supresa, mas só para quem apenas vê a nossa realidade. A verdade é que neste momento há duas Europas. A Europa dos países periféricos e a dos restantes países.
Os periféricos estão a sofrer sérios ajustes orçamentais, com queda no crescimento e risco de deflação. Os restantes paises crescem a bom ritmo, sustentado no crescimento dos mercados emergentes, e apresentam um sério risco de inflação. Esse risco veio agravar-se ainda mais com a injecção de dinheiro no sistema por parte do BCE para sustentar as dívidas soberanas dos periféricos.
Tudo isto deixa o BCE numa situação muito complicada em termos da sua gestão. O que me parece é que o BCE optou por um caminho que será uma solução mista. Por um lado, subirá as taxas de referência aumentando assim o custo do dinheiro por forma a controlar a inflação. Por outro lado, continuará a dar dinheiro aos bancos no seu leilão em “full amount” e continuará, ele ou o fundo de estabilização europeu, a comprar dívida dos paises periféricos (impressão de dinheiro).
O resultado desta mistura, em termos monetários, não sabemos ao certo qual será. Na nossa economia, como já tinha alertado, os níveis de incumprimento bancário vão este ano atingir novos recordes.
E, nessa altura, como é que a banca portuguesa se vai segurar?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Meu Querido Risco Sistémico

Socrates abriu o caminho para justificar a entrada do EU/FMI em Portugal. Sempre hábil, ele já antecipou que não vamos necessitar ajuda externa se a Europa fizer o necessário para controlar o risco sistémico.
O nosso primeiro-ministro de cultura financeira não tem nada e para ele, talvez por isso, controlar o risco sistémico, de que tanto fala, deve ser coisa muito simples... por exemplo, serem os outros a assumir as nossas dívidas e pagar as nossas contas. Porque isso é o que ele quer.
Como já vimos, ele não sabe gerir um orçamento, nem o de Estado, nem o lá de casa. O dinheiro não estica e esconder despesas na contabilidade só mesmo no nosso orçamento de Estado. Lá em casa, eu gostava mas não dá!
O mais grave é que ele é tão egocentrico que não precebeu que, se forem outros a pagar as nossas contas, eles também vão ter consequências nas suas economias e na economia europeia global. Riscos esses já aqui falados, como a inflação.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Intoxicação Interna III

Hoje não podia deixar de vós mostrar um artigo que saiu no FT hoje sobre Portugal:
Só quero deixar aqui uma nota: observem bem o gráfico Nº4 referente à exposição de entidades estrangeiras em títulos de dívida Portuguesa. Isto só significa uma coisa – INTOXICAÇÃO INTERNA – Vejam, eu alertei para esse facto e suas consequências no meu comentário de 18 de Outubro de 2010. Agora, os bancos que se aguentem…

terça-feira, 1 de março de 2011

Petróleo

Com a escalada da violência no Médio Oriente, assistimos ao aumento dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Estes aumentos, se se mantiverem por um longo período, vão ter consequências muito negativas para as economias mundiais.
Devido à forte injecção de dinheiro impresso para facilitar a liquidez nas economias, tanto nos EUA como também na Europa, começamos agora a assistir à primeira consequência: inflação. Nada que os bancos centrais não tivessem à espera. Até já estavam preparados para começar a retirar as ajudas à economia, por forma a estabilizar a infação.

Tudo isto é mais dificultado com o aumento do petróleo. Como podemos ver no gráfico acima, o aumento do crude tem consequências directas e um impacto negativo sobre o crescimento das economias. Acrescentado ainda o efeito “leverage” que provoca na inflação.
Concluindo, se estes preços dos combustiveis fósseis estabilizarem a estes níveis, ou ainda mais acima, vamos assistir a uma diminuição no crescimento económico mundial e ao aumento exponencial da inflação.
Nesse momento, os Bancos Centrais terão um grande problema nas mãos.