quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Meias Mentiras II

Hoje saiu um comunicado do IGCP sobre o programa de financiamento do Estado Português para 2011:


Pois bem, logo no ponto 1 eles mentem. Dizem que a nossa necessidade de financiamento de médio e longo prazo e o financiamento líquido de curto prazo para 2011 situa-se nos 20 mil milhões de euros.
Então vejamos, no ponto 3 dizem que vão emitir Obrigações do Tesouro (dívida de médio longo prazo) entre 18 a 20 mil milhões de euros. Chegando ao ponto 4 - Bilhetes do Tesouro (dívida de curto prazo), constatamos que só aqui, no primeiro trimestre estão a pensar emitir entre 4,250 mil milhões de euros a 7,250 mil milhões de euros. Repito só no primeiro trimestre. Se fizermos uma conta simples de quatro trimestres, vamos emitir entre 17 mil milhões de euros a 29 mil milhões de euros, só em divida curto prazo!
Realisticamente, nós temos uma necessidade de financiamento em 2011 de mais de 40 mil milhões de euros, mais o nosso défice, mais o custo (cada vez maior) dos juros da nossa dívida.
Bem, lendo o ponto 2 a estratégia de gestão é mesmo na perspectiva de minimizar o custo da dívida, financiando grande parte no curto prazo a taxas mais atractivas. Mas que pode levar a consequência catastróficas a médio prazo – Uma verdadeira bola de neve de dívida no curto prazo que teremos que refinanciar constantemente (se conseguirmos).
Mas o mais grave disto tudo é que o IGCP mente! E com mentiras não se conquistam investidores!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Interdependência Financeira

Deixo-vos aqui um gráfico muito interessante, que demonstra a interdependência financeira dos vários países da Europa. Já está um pouco desactualizado, mas mesmo assim representa muito bem a realidade.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Tudo na Mesma

Continuamos a ver Portugal a ser pressionado no mercado de dívida. Os juros sobem, as culpas sobre o mercado também.
Mas a realidade está perante os nossos olhos, só não vê quem não quer. O buraco na saúde, o buraco no BPN. O descontrolo nas contratações das empresas do Estado, as excepções e complementos. As obras públicas avançam, juntamente com a reabilitação urbana.
O que o mercado vê é aquilo que nós não queremos acreditar, é o descontrolo das nossas contas públicas. No final do ano, a realidade vai ser dura e o défice, nem com o fundo de pensões da PT vai chegar ao seu objectivo.
Tudo isto acontece não apenas pela culpa do governo, mas também, pela nossa mentalidade. Aquela mentalidade da irresponsabilidade e pensamento apenas no nosso bem. Aquela mentalidade de fazer aquilo que sabemos que não devemos, mas que, como para o ano não vai dar, vamos fazer tudo agora – não olhando para as consequências dos nossos actos! Não olhando para o bem comum da nossa sociedade, que muito chamam socialista!

domingo, 26 de dezembro de 2010

O Único Caminho

Ouvi a mensagem de Natal do nosso primeiro-ministro e a principal mensagem que passou foi a de que não há outro caminho para as políticas económicas.  
Concordo com ele. Neste momento, temos que passar por medidas de austeridade severas. Discuto obviamente as que o governo tem escolhido, pois existem alternativas que podiam castigar menos a nossa economia.
Esta conclusão a que chegamos é triste: não há outro caminho. Mas porquê?
Porque quisemos ir sempre pelo caminho mais fácil, pelo que parecia um corta-mato, sem ouvir quem nos avisava dos perigos. Hoje temos que voltar atrás para encontrarmos o caminho correcto – sem mais nenhum corta-mato.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Bipolarização

Segundo o que parece, a China está interessada em comprar 4 a 5 mil milhões de dívida Portuguesa.
Mas em troca do quê? Não sabemos. O que eu sei é que o paradigma mundial está a mudar. Estamos a observar uma bipolarização do mundo, entre a China e os EUA. Não é uma guerra de armas, é uma guerra económica.
A China, com o seu poderio económico está a “conquistar” a Europa, entrando através dos periféricos, dos mais necessitados. Rapidamente, não será mais a UE a mandar em Portugal, mas sim a China quem ditará as regras.
A Europa é, neste momento, o centro desta batalha da bipolarização do mundo. Os EUA não têm “armas” para ir à guerra e os líderes Europeus não estão a ver o que se está a passar à sua volta. Um dia quando acordarem, já nós fomos conquistados!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Responsabilidades

Todos falam nos debates da possível entrada do FMI em Portugal, responsabilizando uns aos outros por esse evento. Para mim é obvio que o FMI vai entrar em Portugal. Mas de quem é a responsabilidade?
Se o FMI entrar em Portugal, todos nós somos responsáveis!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Capital Garantido! - Continuação

Dando continuidade à nossa conversa, outra forma como podemos estruturar um capital garantido é através de um Cupão Zero. Mas como é que isto funciona?
Para quem não sabe, um cupão zero é uma obrigação que não paga juros e que a sua rentabilidade provém do preço de desconto a que a compramos. Pagando sempre 100% na maturidade (se não houver default).
Agora vamos estruturar um capital garantido: Compramos uma obrigação risco Alemanha, cupão zero a 5 anos, ao preço de 80%. Esta obrigação vai ser o garante de capital, pagando 100% na maturidade (caso não haja default da Alemanha). Os restantes 20% vamos utilizar em activos de risco, logo onde vamos tentar buscar a tal prometida rentabilidade. Mas só nos resta 20% do capital… sendo assim, teremos de fazer algum leverage para dar rentabilidade.
Vamos apostar que o PSI 20 vai subir. Compramos assim uma opção call. Só nos resta 20% do investimento. Então teremos de comprar uma opção out of the Money (opção especulativa dado que o mercado não está nesses níveis) com um strike (objectivo) bem alto.
Só assim é que conseguimos garantir o capital e prometer uma rentabilidade interessante.
O que eu quero aqui demonstrar é que é muito bonito investir em produtos capital garantido, mas compreendam que não há milagres e o dinheiro não estica. Se fizermos um estudo sobre estes produtos vamos chegar à conclusão que foram poucos os que entregaram a rentabilidade prometida, ficando quase todos pelo tão falado capital garantido, com o todo o custo de oportunidade que isso acarreta.
Mais do que não correr riscos, o que é preciso é saber investir.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Capital Garantido!

Em Portugal existe uma aversão muito grande ao risco de investimentos financeiros, talvez devido à falta de cultura financeira da população. Todos procuram ganhar muito, mas com pouco risco e o resultado final acaba por ser sempre o mesmo: pouca, ou mesmo nenhuma, rentabilidade.
Da experiência que eu tenho em estruturar produtos de investimento para o retalho, as palavras de ordem são “Capital Garantido”. Palavras essas que prometem muito, mas que depois pouco dão.
Existem várias formas de garantir o capital na maturidade num investimento financeiro. Hoje vamos focar-nos na primeira:
1 – Capital Garantido à moda do Banco Privado Português
Como vimos no caso do BPP, os clientes investiam em produtos de “Retorno Absoluto” onde lhes era dito que o capital era garantido… Era, mas pelo banco. Acontece que quando o banco faliu, já não havia capital garantido para ninguém. Esses investimentos chamados “Retorno Absoluto” não eram mais que produtos estruturados de crédito de alto risco e rentabilidade elevada, que rebentaram todos com a crise do crédito em 2007. Dessa forma o banco que investia em produtos de alto risco dava taxas elevadas aos clientes. Quando os produtos começaram a desvalorizar-se, o banco não teve capacidade para sustentar as perdas em balanço e faliu.
Este é dos casos mais típicos no nosso sistema financeiro, mas também o mais enganador. Felizmente, com a crise financeira há um maior controlo e clarificação dos produtos “Capital Garantido” pelas instituições financeiras.
Lição Nº1: Produto “Capital Garantido” pelos bancos, não é mesmo garantido. É risco Banco!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Só Palavras

Depois do tão aguardado Conselho Europeu o resultado foi simples: Só palavras. A grande decisão foi a alteração do Tratado de Lisboa. Desta forma os líderes europeus pensam que o compromisso verbal será suficiente para acalmar os mercados. Pensam que alterando um tratado, dando a ideia de união resolve. Mas depois a gestão dessa “união” é divergente. Quem é eu vai acreditar?

sábado, 18 de dezembro de 2010

Regeneração Urbana II

O pacote de 50 medidas apresentado há dias até tem algumas boas ideias. É necessário agora é por tudo em prática.
Mas há algo que não concordo, é nas medidas de reabilitação urbana:
O Governo decide apostar na reabilitação urbana e na dinamização do mercado de arrendamento, através das seguintes iniciativas:
a) Dinamizar a criação de áreas de reabilitação urbana, especialmente em zonas de intervenção prioritária, e apoiar o lançamento dessas operações, em colaboração com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses;
b) Articular a reabilitação urbana e a política de cidades, estendendo-se às zonas de regeneração urbana apoiadas pelos fundos do QREN os instrumentos e os benefícios aplicáveis às áreas de reabilitação urbana;
c) Apresentar, até ao final do 1.º trimestre de 2011, uma proposta de lei que simplifique e torne rápidos e eficazes os procedimentos necessários para o senhorio poder obter a entrega do seu imóvel livre e desocupado perante o incumprimento do contrato de arrendamento, garantindo os direitos dos senhorios e salvaguardando de forma adequada os direitos dos arrendatários;
d) Apresentar, até ao final do 1.º trimestre de 2011, uma iniciativa legislativa que i) simplifique os procedimentos de controlo prévio necessários à realização das operações de reabilitação urbana, ii) elimine os obstáculos e os condicionamentos que oneram excessivamente a realização dessas operações e iii) simplifique os mecanismos de determinação do nível de conservação dos edifícios e de classificação de imóveis devolutos;
e) Criar linhas de financiamento à reabilitação urbana, nomeadamente através da constituição i) de um fundo de investimento para reabilitação de imóveis devolutos destinados a arrendamento, ii) de um fundo de participações em operações integradas de reabilitação urbana e iii) de uma linha de crédito destinada a projectos de reabilitação específicos.
Mais uma vez o lobby da construção ganha. Mais uma vez o lobby da CIP ganha. Quem fica a perder são os contribuintes, somos nós. Sabiam que o conjunto das 50 medidas representa um investimento de cerca de 5 mil milhões de euros, que em grande parte serão gastos neste mesmo programa de reabilitação urbana…
Não gosto de ser repetitivo, por isso, para quem ainda não leu, passe no meu comentário Regeneração Urbana. Aí vai perceber porque é que estou contra.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Caso BPN

Começou o julgamento do caso BPN em que se fala muito de burlas associadas a offshores. De facto, neste processo pouco se entende. Realmente, o que é o buraco do BPN? Quais são os números verdadeiros? E como foi possível isto ter acontecido?
Vamos voltar um pouco atrás, ao inicio desta história. Antes da nacionalização, todos sabíamos que havia problemas no BPN e que o Banco de Portugal também sabia. Portanto o BdP que não lave as mãos da responsabilidade, porque é ele que tinha a obrigação de fiscalizar o BPN, como todos os outros bancos do sistema.
Para ser sincero, é tarefa que eu não acredito que tenha feito correctamente.
Na altura em que o BPN foi nacionalizado, o ministro das finanças falou de um buraco de cerca de mil milhões de euros. Hoje, passados dois anos, o buraco já ascende a cinco mil milhões de euros, ou seja, cinco vezes mais.
Foi uma avaliação incorrecta da situação? Eu penso que não. Então, como chegamos a valores tão diferentes? Bem, com a nacionalização do banco, o BPN foi integrado na CGD e o que o Estado fez foi transferir investimentos que representavam perdas na Caixa para o BPN transformando este num “bad bank”. E assim chegamos a este novo valor de perdas.
Relembro que, se no inicio existiam alguns interessados no BPN, já depois de revelada a intoxicação do banco, não apareceu nenhuma proposta firme de compra. Apenas surgiram algumas demonstrações de interesse, mas sempre com a condição de negociar as perdas latentes no banco.
Tudo isto foi excelente para o governo. Transferiu erros de gestão no banco público para um outro banco que era negativamente conotado com o principal partido da oposição e com figuras muito próximas do actual Presidente da República.
No final do dia, quem paga são os nossos impostos. Seja na CGD ou no BPN, a factura percorre sempre o mesmo caminho até aos contribuintes.
Esta é a realidade do caso BPN. Aos que não acreditam, digo que estudem um pouco as contas dos dois bancos envolvidos e as operações que tiveram lugar depois da intervenção. O problema é que ninguém quer fazer isso…

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Banco Central Europeu Vs Alemanha

Hoje tivemos a notícia do aumento de capital, por parte do BCE, em 5 mil milhões de Euros. Passou a ter assim um capital social de 10.76 mil milhões de Euros, o que significa quase uma duplicação do montante anterior.
Tudo isto para que o Banco Central tenha capacidade financeira para lidar com a volatilidade e com as potenciais perdas geradas pelo programa de compra de títulos de dívidas públicas.
Isto acontece depois da Alemanha não ter autorizado um aumento do Fundo de Estabilização de Dívida Soberana obrigando, assim, o BCE a ter que tomar medidas por ele próprio, com vista a estabilizar o mercado de dívidas públicas periféricas.
Hoje e amanhã teremos um decisivo Conselho Europeu, onde o mercado espera novas medidas, mais firmes, na defesa do Euro.
Entretanto vamos já ouvindo notícias de um certo descontentamento por parte de alguns líderes europeus acerca da forma como Merkel está a querer lidar com toda esta crise, nomeadamente no que se refere à falta de empenhamento da líder Alemã na defesa do Euro.
Claramente, uma das vozes mais discordantes sobre todo o processo é Jean Paul Trichet, tendo já várias vezes dito em público que não concordava com as medidas propostas, mas que “quem decide é o Conselho Europeu”.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Compromissos

Referimos recentemente neste blog o road show que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças promoveram nos principais centros financeiros para cativar os investidores internacionais.
Inesperadamente, esta segunda-feira fomos surpreendidos com a notícia do cancelamento, feito em cima da hora, da presença de José Sócrates num pequeno-almoço de trabalho em Nova Iorque organizado pelo Financial Times e o Diário Económico.
O objectivo seria discutir, na maior praça financeira do mundo, o que Portugal está a fazer para corrigir os seus desequilíbrios. O encontro contaria ainda com a presença de vários banqueiros e empresários portugueses e, do lado americano, com altos quadros dos principais bancos de investimento, fundos e agências de rating.
Depois do gabinete do primeiro-ministro ter escolhido a data e confirmado a presença de Sócrates, o cancelamento surpreendeu ainda mais a organização. Segundo o Financial Times, nunca sucedera um primeiro-ministro cancelar uma participação a este nível em cima da sua realização.
A justificação dada foi a realização do Conselho Europeu desta quinta-feira e a necessidade de serem tomadas decisões até lá que exigiam a presença de José Sócrates em Lisboa.
O cancelamento foi feito dois dias antes do encontro, quando a agenda europeia estava definida há vários meses, bem como a necessidade de tomar decisões, neste caso, há anos!
Este episódio lamentável demonstra o descrédito completo deste governo com um comportamento na cena internacional que vai descredibilizando ainda mais o nosso país.
Imaginemos um alto executivo de um banco ou de um fundo de investimento que foi convidado e aceitou participar neste encontro porque queria avaliar as nossas soluções directamente com o primeiro-ministro de Portugal que é o principal responsável pelas medidas que estão a ser tomadas.
Com tudo assente e confirmado, Sócrates não apareceu e a conferência foi cancelada. A conclusão dele é simples. Se os portugueses não conseguem cumprir compromissos de agenda, quanto mais pagar a dívida. Investimento zero!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Compras do Banco Central Europeu

Hoje saíram os números relativos à compra de títulos de dívida pública comprados pelo BCE. Deixo aqui para vossa análise:

Verificámos um incremento de compras relativamente à última semana, o que se reflectiu no juro da nossa dívida. Não assistimos a uma correcção no custo da dívida por via de uma maior confiança dos mercados, mas sim, por uma intervenção do BCE.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Vende-se

Ao longo das últimas semanas, temos visto o nosso Primeiro-ministro e o Ministro das Finanças a fazerem um road show para tentar cativar mais compradores de dívida Portuguesa.
Passaram por muitos países e muitos mostraram-se disponíveis para ajudar. Mas aqueles que demonstraram mais disponibilidade e maior interesse foram, curiosamente, as nossas antigas colónias.
No passado éramos nós que tínhamos o poder sobre as colónias. Trinta e cinco anos depois do 25 de Abril somos nós quem lhes pede dinheiro, passando a ser eles a ter o poder sobre nós…

sábado, 11 de dezembro de 2010

Simulação do BCE

Dado que é fim-de-semana, e também para desanuviar um pouco, sugiro dois jogos acabados de lançar por parte do Banco Central Europeu no seu site oficial – www.ecb.int. Chamam-se €conomia e Inflation Island e são totalmente gratuitos. Basta irem ao site do BCE. Boa Sorte!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Plano de Poupança e Reforma

Um seguidor deste blog disse aqui que “o sistema nacional de segurança social é falível e os PPR´s dos bancos nacionais ainda mais”. Pois bem, é caso para dizer que os vossos comentários já se antecipam aos meus.
Eu ia abordar exactamente esse ponto porque realmente o que foi dito é verdade.
É que todas as sociedades gestoras de PPR´s estão ligados aos bancos nacionais ou às seguradoras dos bancos… Já repararam que não existe gestora independente que não esteja associada a um banco ou seguradora, ou seja, associada aos vícios dos bancos e à sua pouca transparência na gestão de fundos?
Eu apenas conheço uma sociedade gestora que escapa a esta avaliação negativa, a Optimize Investment Partners. Para quem não conhece, é uma pequena gestora de fundos que tem neste momento apenas cerca de 35 milhões de euros sobre gestão e é especializada na gestão de PPR´s. Foi fundada há dois anos por um emigrante português em França, José Santos Teixeira, que a seguir a uma viagem que o filho fez a Portugal verificou que aqui nenhuma gestora de fundos de PPR’s era totalmente independente de outras sociedades financeiras.
Atenção, gostaria de dizer que não tenho nenhuma ligação, participação ou investimento na Optimize Investment Partners. Apenas participei numa conferência onde apresentaram o seu modelo e onde José Santos Teixeira explicou muito bem a nossa realidade e para onde vamos evoluir nesta área de negócios.
Acredito que é neste nicho de mercado que se devem fazer todas as apostas, ao criar sociedades gestoras de PPR´s competentes, muito profissionais a trabalharem para assegurar melhores reformas para todos.
Sobretudo, afastados da banca e do risco da gestão pouco transparente que algumas sociedades gestoras de fundos partilham com as suas casas mãe.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Intoxicação Interna II

Esta semana, ouvi o Dr. Carlos Costa Pina, Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, e o Professor Dr. João Cantiga Esteves defenderem uma maior facilidade de acesso, por parte dos privados, aos títulos de dívida pública portuguesa.
Assim, de repente, a proposta parece ser muito simples e aliciante mas nesta conjuntura poderia ter consequências devastadoras.
Em primeiro lugar, sabemos que as taxas elevadas que os títulos de dívida pública estão agora a pagar oferecem uma evidente vantagem sobre muitos depósitos bancários nas nossas instituições financeiras. Assim, iríamos ter um inevitável êxodo dos depósitos para os títulos de dívida pública com aumento do custo de financiamento dos bancos.
Ora, isso seria neste momento matar os bancos!
Em segundo lugar, será que as pessoas têm consciência do risco que estão a correr? É que, antes, já foram enganadas com os famosos produtos Capital Garantido, agora só faltava cairem no erro de pensar que os títulos de dívida pública são risk free.
Finalmente, nós não somos o Japão!
Quando aconteceu a grande crise japonesa, os investidores internacionais deixaram de querer estar expostos ao risco nesse país e venderam todas as suas posições que acabaram por ser compradas pelo mercado interno. Mas isso só foi possível devido aos grandes excedentes de capital detidos pelos japoneses e aos seus elevados índices de poupança.
Concluindo, nós não somos o Japão. Bem pelo contrário, estamos altamente endividados e ainda com muito pouca capacidade de poupança.
Por isso, acho que não devemos incentivar práticas de investimento que só levarão a que o Estado insista nas suas políticas erradas, connosco a sustentar este engano até que chegue o dia em que iremos todos pagar a factura.
Entendam que essa prática só irá contribuir para uma ainda maior concentração de risco de Portugal, em Portugal.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Risco de Longevidade

Ontem participei numa conferência sobre investimento mas um dos temas mais debatido foi o envelhecimento da nossa população e as suas consequências.
Portugal foi um dos primeiros países europeus a fazer uma reforma no sistema de pensões no tempo dos governos de António Gueterres e o seu autor foi o actual Ministro da Economia quando da sua passagem pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social.
O objectivo seria garantir a sustentabilidade do nosso sistema de segurança social nos próximos 50 anos. Infelizmente, a triste realidade é que essa proclamada sustentabilidade não vai durar mais de 10 anos.
Porque é que isso aconteceu? Talvez porque o modelo em que continuamos a insistir simplesmente não funciona. O modelo social onde o Estado é o único garante das nossas reformas.
Para ser mais concreto, vou apenas apresentar duas curiosidades sobre o nosso futuro:
- Segundo um estudo da União Europeia, em 2028 haverá em Portugal mais pensionistas que contribuintes da população activa.
- As despesas provenientes do envelhecimento da população portuguesa ascenderão, no futuro, a 3,4% do nosso PIB.
Perante este cenário de colapso do sistema de segurança social, qual é o modelo que pode funcionar e garantir o futuro de todos? Sem dúvida, o que já existe em grande parte da Europa e que consiste nos nossos descontos para a segurança social estatal serem complementados com Planos de Poupança Reforma geridos por entidades privadas.
De facto, no futuro o Estado apenas garantirá uma reforma para assegurar a sobrevivência e as necessidades básicas de cada contribuinte. Por isso, a qualidade de vida de cada pensionista dependerá dos níveis de poupança que foi capaz de gerar, ou seja, o que pela sua iniciativa amealhou nos seus PPRs.
É essencial incutir um novo espírito de poupança e responsabilidade na nossa população e explicar aos portugueses que, como cada um gere o seu dinheiro, influencia o seu futuro individual e o bem-estar de todos.
Muitos não gostam desta solução e vão criticá-la. São aqueles que ainda acreditam que o Estado Social vai sobreviver e tudo ficará igual. Para esses, deixo aqui um aviso. Acordem do vosso sonho porque essa não é a realidade dos números e as vossas escolhas estão a levar o nosso país à bancarrota.
Outros dirão que a minha proposta não é nova. Alguém já falou nisso antes.
Sim, é verdade. Tudo o que eu estou aqui a falar não é novo e foi proposto pela Manuela Ferreira Leite. E o que é que aconteceu? Foi o fim do mundo e desabou tudo em cima dela. Disseram que queria privatizar a segurança social, acabar com as pensões e com o Estado Social. Enfim, colocar tudo nas mãos dos malandros dos privados!
A realidade é dura, mas ela está aqui mesmo à porta e não temos para onde fugir. Queiramos ou não, este vai ser o modelo das nossas pensões no futuro. Infelizmente, não fizemos estas opções no momento certo e estamos a passar por toda esta crise. Infelizmente, as medidas são agora impostas por outros, não fomos capazes de perceber o que estava a acontecer à nossa volta e as inevitáveis consequências para o nosso futuro e o bem-estar de cada um.
Portugal viveu todos estes anos embriagado pelos ideais do Estado Social. Agora vamos ter a ressaca.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tudo isto é Espanha

Temos assistido nos últimos tempos à desvalorização do euro em relação às principais moedas, nomeadamente ao dólar. Essa desvalorização justifica-se pela preocupação dos mercados relativamente à incerteza em Espanha.
Como já disse antes, a situação do país vizinho é bastante grave.
A confirmar-se a necessidade de uma intervenção, esta terá um custo incalculável e vai colocar, pela sua dimensão, o euro verdadeiramente à prova.
É esta realidade que está reflectida na cotação do euro. Vejamos o gráfico do EUR/USD nos últimos 30 dias:

E vamos agora comparar o spread dos juros da dívida a 5 anos entre a Alemanha e Espanha nos últimos 30 dias:

O que verificamos é uma alta correlação entre o spread dos juros e a cotação do EUR/USD no mesmo período.
Agora vamos ver o gráfico que nos permite analisar Portugal seguindo os mesmos critérios:

Em relação ao nosso país, verificamos que existe uma baixa correlação entre o spread dos juros da dívida a 5 anos de Portugal e da Alemanha com a cotação do euro em relação ao dólar.
O que quer, então, isto dizer?
A atenção prioritária dos mercados já não se vira para Portugal porque para eles é evidente que, mais cedo ou mais tarde, vamos necessitar de ajuda. Tudo isto já está “descontado” no mercado e as variações que vemos nos juros da nossa dívida são agora maioritariamente provenientes das intervenções do BCE a comprar títulos da dívida portuguesa.
Espanha é diferente. A incerteza e o risco são enormes e é nisso que o mercado se concentra.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Líder Europeu

Existe uma discussão dentro da zona Euro relativamente à emissão ou não de Eurobonds – Títulos de dívida da Zona Euro – onde todos os países serão solidários no pagamento dessas obrigações.
Para variar, a Alemanha já se mostrou contra enquanto os outros países (periféricos) querem que seja estudada esta solução.
Os discursos são, mais uma vez, muito diferentes o que demonstra uma completa desunião dentro da Zona Euro. Hoje vimos, quase em simultâneo, comentários sobre este tema por parte de responsáveis da Zona Euro:
Merkel – European treaties “don´t allow eurobonds as far as we´re concerned”
EU´S Rehn – Eurobond is “Intellectually Attractive”
Spain´s Salgado says Eurobond is possibility to be explored
Greece´s Papandreou – Need to seriously discuss Eurobonds
Pessoalmente, acho que esta solução não se enquadra no contexto actual. Existem muitas questões sem resposta que, para mim, são fundamentais: Quem é que gere o dinheiro obtido na emissão das obrigações? Qual será o critério de disponibilidade de fundos? Como é que será repartido o custo dos juros? Esta solução só funcionará num quadro de políticas orçamentais comuns, num contexto de políticas económicas e fiscais comuns, coisa que ainda não acontece. Acredito que no médio / longo prazo esta solução, após uma maior integração económica dos países da Zona Euro, poderá funcionar.
Até lá, continuaremos a ouvir a Europa em várias vozes, muitas vezes discordantes. Pegando no comentário de ontem e nas palavras de Horta Osório:
Em situações de grande crise um líder deve ser "militar", ou seja, ter mão firme nas exigências e pôr a equipa a participar na gestão da crise, aconselhou. Nessas alturas, "as equipas mais do que esperar o que a empresa pode fazer por elas, devem reunir-se em torno do líder".
Mas será que a Europa tem um líder?

domingo, 5 de dezembro de 2010

Um exemplo de Sucesso

Notícia do Diário Económico Online:

António Horta Osório partilhou, com uma plateia de gestores, os factores críticos de sucesso de uma boa liderança.

"O mundo é global e está em constante e acelerada mudança. É fundamental prever a direcção dessa mudança: onde estamos e para onde o mercado vai, para onde se dirigem as grandes tendências macro antes do mercado lá chegar. As empresas que lá chegam primeiro conseguem vencer as batalhas". É desta forma que António Horta Osório começou a sua intervenção no debate subordinado ao tema 'Os novos desafios da liderança e gestão de talento', na terceira edição da conferência CEO Experience, organizada pelo Diário Económico e pela Accenture.

O indigitado presidente executivo do britânico Lloyds Banking Group, partilhou com uma plateia de gestores a sua visão de uma boa liderança, que requer "uma equipa em que o todo é maior que a soma das partes", uma inspiração da psicologia da Gestalt. Como é que isso se faz? Através de cinco tipos de valores: o exemplo dos gestores; a capacidade, ou seja não ter receio de atrair os melhores (em detrimento da escolha de ‘yes men'), frisa. "Compete ao líder ter um foco constante no desenvolvimento das pessoas. Apostar na cultura da exigência, e do mérito e na excelência. Potenciar ao máximo as potencialidades de cada um e reconhecer os êxitos das pessoas. Numa equipa bem gerida é fácil fazer acreditar que o ‘impossible is nothing'", enumerou Horta Osório.

Defensor do trabalho em equipa, Horta Osório destaca a importância do carácter, dos valores e da comunicação para fomentar a competência da equipa."É fundamental escolher as melhores pessoas para os melhores lugares", disse o banqueiro, aproveitando para elogiar estratégia e a equipa do Santander Totta, de onde veio.

"Fomentar o debate e a qualidade da decisão para depois as implementar de forma irreversível e sem segundos pensamentos", é o que deve ser um líder, diz Horta Osório.

Em situações de grande crise um líder deve ser "militar", ou seja, ter mão firme nas exigências e pôr a equipa a participar na gestão da crise, aconselhou. Nessas alturas, "as equipas mais do que esperar o que a empresa pode fazer por elas, devem reunir-se em torno do líder".

Ao contrário, em momentos positivos "o líder deve apagar-se mais e ser a equipa a sugerir os projectos e a realizar projectos em que esta acredite", acrescentou.

António Horta Osório aconselhou ainda as empresas a definirem a direcção correcta para avançar e ter as pessoas conscientes de para onde a empresa vai. "Isto é crucial para que a empresa possa crescer mais depressa e sustentadamente na direcção certa em relação aos concorrentes". E conclui que um factor crítico de sucesso de um líder é ter uma boa capacidade de comunicação porque "não há uma segunda oportunidade de criar uma boa primeira impressão".

Horta Osório devia ser um exemplo para todos nós, pois é o exemplo do que nós, Portugueses, somos capazes de fazer, quando queremos. Posso dizer que conheço muito bem a realidade Santander, a cultura da empresa (mais do que Banco, é uma empresa) é única e quase inexplicável. Todos são motivados para trabalhar, sentem os valores e a cultura da empresa como ninguém. Uma Cultura de excelência. O que não falta nos nossos bancos e empresas nacionais são os “yes men” que de competência têm muito pouco!

Para quem não sabe quem é Horta Osório, ou acham que foi por sorte que ele lá chegou, vejam o curriculum dele. Depois venham-me dizer “Se eu tivesse o que ele teve, também estava no lugar onde ele está.”

Deixo aqui outra notícia que conta um pouco do seu curriculum:

Nadar com tubarões tornou-se uma anedota. Quando António Horta Osório, presidente do conselho executivo do Abbey National, guiou o banco inglês através da crise financeira e conquistou um crescimento de dois dígitos, todos os jornalistas recuperavam o passatempo do português e repetiam a piada: habituado a tubarões está ele. Este ano, a INSEAD (considerada a melhor escola de negócios do mundo) comemora o seu 50º aniversário e decidiu comemorar a data distinguindo cinquenta antigos alunos. O banqueiro de 45 anos foi um dos escolhidos. Recebeu o prémio este domingo, em Abu Dhabi, terra firme.

A escola não facilitou nos critérios: "Indivíduos que não só tenham tido uma carreira excepcional e grande impacto no mundo, mas também tenham tocado vidas e incorporado os valores do INSEAD". Um antigo professor não fica surpreendido com a distinção. "Foi o melhor aluno que tive", diz.

Horta Osório licenciou-se em Economia e Gestão na Universidade Católica, à qual ficou ligado como professor, mas integrou imediatamente os quadros do Citibank. "Mostrou, desde muito cedo, um gosto especial pelas áreas da banca e do marketing", explica o professor. "Não era alguém que estudasse muito, mas era extremamente inteligente, acompanhava as aulas com muita atenção e sobretudo é muito focado." Por duas vezes foi a exame na faculdade, para subir um 18 para um 19.

É este método que o amigo Fernando Adão Da Fonseca, presidente do Banco Privado Português (BPP), lhe reconhece. "Porta-se nos negócios como no mergulho. O mergulho é um desporto que pode ser perigoso se é feito de forma amadora. Nos bancos, a falta de profissionalismo também pode ser fatal." Adão da Fonseca assegura que Horta Osório tem "uma postura moral irrepreensivel" e confirma que o amigo nunca sobe o tom de voz quando se zanga. "Tem uma postura épica."

Passou quatro anos no Citybank, mas, como diz numa entrevista disponível no site da INSEAD, "sempre quis aprofundar o background académico". Quando termina o MBA, recebe o prémio Henry Ford II, atribuído ao melhor aluno.

Parte depois para o Goldman Sachs e é ao serviço do banco de investimento que o espanhol Santander o recruta, quando tem 28 anos. Passado um ano, recebe o prémio "Euromoney" para o melhor banco estrangeiro a operar em Portugal. Depois de uma passagem no Brasil, torna-se o primeiro Presidente do Conselho Executivo do Santander Totta, quanto a instituição bancária compra o terceiro maior banco privado português. Emilio Botín, chairman do Santander, distingue o valor ibérico e chama-o para liderar a recuperação do Abbey, no Reino Unido.

Em 2008, enquanto os bancos ingleses se afundam nas águas de tempestade económica, coordena a aquisição do Bradford & Bingley's, do Alliance & Leicester e outras 197 filiais. Dá entrevistas, aparece nos jornais, nas televisões e nasce a anedota dos tubarões.

Como balança a tendência esquizofrénica da vida de um português a trabalhar para um banco espanhol no Reino Unido? "O facto de não ser espanhol ajuda na questão Espanha-Reino Unido. Tens coisas boas em cada cultura, o meu objectivo é conseguir reunir o melhor das duas", explica numa entrevista ao "Telegraph". É critico dos bónus à americana, mas defende que não são responsáveis pela crise financeira. "Precisa-se de boa governação, não é suficiente nomear um comité. É preciso uma cultura que promova o debate e promova os melhores".

Casado com uma maratonista, tem três filhos e fala com a certeza de quem tem no currículo 850 mergulhos, 100 deles com tubarões: "Rangiroa [na Polinésia Francesa] é o melhor lugar do mundo para tubarões". No Natal de 2008, semanas depois da falência da Lehman Brothers, estava na África do Sul, fechado numa jaula debaixo de água, com três tubarões brancos.

Continua a regressar a Portugal, mas 15 anos depois da partida habituou-se à vida na capital do Reino Unido. "A comida é muito melhor e o tempo está a melhorar, com o aquecimento global."

Horta Osório, presidente do banco Abbey

sábado, 4 de dezembro de 2010

Subsídio de Desemprego

Como já deu para perceber sou muito céptico relativamente ao modelo actual de subsídios existentes no nosso país. Eles têm que existir, o Estado não pode lavar as mãos das suas responsabilidades, mas tem que ser justo na ajuda que proporciona.
Relativamente ao subsídio de desemprego, apesar de apenas representar cerca de 2.2 mil milhões de euros no nosso orçamento (previsto para 2010), acarreta uma profunda injustiça social. Todos nós sabemos de casos de pessoas que não trabalham porque preferem receber o subsídio, mas também conhecemos casos de quem realmente está dependente dessa ajuda pois não consegue arranjar trabalho.
Para quem não sabe, o prémio Nobel da Economia de 2010 foi entregue a três Economistas que estudaram exactamente este fenómeno. Os estudos basearam-se na análise dos fundamentos dos mercados de busca e aplicaram a análise no mercado de trabalho.
A sua conclusão foi muito interessante: maiores benefícios para os desempregados e um mercado de trabalho menos flexível contribuem para o aumento de desemprego e do seu tempo.
Concluindo, existe uma forte correlação entre o valor dos subsídios e o nível de desemprego. Maior o valor, maior a taxa de desemprego.
Então acabamos com o subsídio de desemprego? Não, isso não seria justo. Mas temos formas de tornar o contributo mais justo, além de flexibilizar o mercado.
Do meu ponto de vista, bastaria alterar a forma de cálculo do montante do subsídio de desemprego que ambos os objectivos seriam conseguidos, mantendo à mesma uma justiça social.
Actualmente a regra é:
O subsídio será 65% do salário bruto mas com máximo de 75% do salário líquido, não podendo ultrapassar 3 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS) – O que equivale neste momento a 1.257,66€.
A minha proposta seria:
O subsídio será 65% do salário bruto mas com máximo de 75% do salário líquido, multiplicado pelo coeficiente entre 0,0333 vezes os anos completos de descontos feitos pelo trabalhador até ao limite máximo de 30 anos. Não podendo ultrapassar 3 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS) o que equivale neste momento a 1.257,66€.
O salário a considerar para o cálculo do subsídio passaria a ser a média de todos os salários da carreira contributiva do desempregado.
O período máximo de subsídio de desemprego a quem tem menos de 10 anos de descontos completos passaria a ser de 6 meses. Para quem tiver até 20 anos passaria a 12 meses. A partir dos 20 anos de carreira contributiva, o desempregado teria direito a 24 meses de subsídio.
Esta medida podia significar uma poupança do Estado entre os 500 a 750 milhões de Euros.
O resultado seria favorecer as pessoas que ficaram desempregadas mas que já tiveram uma longa carreira contributiva e que, obviamente, terão já alguma idade sendo por isso mais difícil arranjar um novo emprego. Seria sim mais gravoso para pessoas que têm uma carreira contributiva mais pequena, mas que são provavelmente mais jovens, logo têm mais capacidade e disponibilidade para obter novos trabalhos e trazendo assim mais flexibilidade para o mercado de trabalho.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Boys Controlam Boys

Então vamos ter agora uma empresa pública que vai servir para controlar as outras empresas públicas. Traduzindo para linguagem corrente: Vamos ter mais Boys a controlar os Boys!
Este caso é apenas mais um do nosso Estado burocrático, onde a criação de leis e de regras só tornam a máquina mais pesada e lenta. É como nas empresas, quando aprendemos os vários tipos de liderança: um líder burocrático torna as decisões mais lentas, é mais controlador e centraliza todas as decisões nele.
Mas então é necessária uma empresa para controlar empresas? Isso só significa uma coisa: quem gere essas empresas não gere bem! Não seria mais fácil mudar a gestão das empresas, passando a ter pessoas mais qualificadas, mais profissionais e com mais ética? Ficaria com certeza mais barato e menos burocrático.
Há casos de boa gestão nas Empresas Públicas e são esses que vão ser mais prejudicados (uma vez mais). Terão que lidar com ainda mais papelada, maior dificuldade de optimização dos seus recursos, maior dificuldade em atingir os seus objectivos.  
No final do dia, teremos sempre os mesmos incumpridores, os mesmos abusadores, os mesmos aproveitadores. E será que a Burocracia os consegue limitar? Não, porque são Boys!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Sucesso Garantido

Ontem houve mais um leilão de Bilhetes do Tesouro, o que, de acordo com alguns, foi mais um sucesso! Vamos, então, analisar o quadro de resultados do leilão:

Vamos já desmistificar o mito (desculpem a redundância) que muitos usam para enganar quem não sabe: Quando se diz que a procura supera a oferta (Bid to Cover Ratio) em 2.5 vezes isso não é sinónimo de procura “real”. Passo a explicar, eu posso chegar ao leilão do IGCP e fazer um bid de 100 milhões de Euros a 6% de taxa. Isso aumentará o montante da procura mas eu sei que, realisticamente, só se houver uma desgraça, é que fico com o papel. E é isso que muitas vezes acontece, a pedido do IGCP às instituições financeiras nacionais e internacionais…
Agora vejamos, o leilão era de 500 milhões de Euros, o IGCP não quis pagar mais que 5.40%. Se repararmos, 237 milhões de Euros (47,4%) da emissão foi emitida na taxa mais alta. O restante ficou entre os 5% e os 5.39%. Os restantes bids (753 milhões de Euros que equivale 1.5 vezes o valor a emitir) eram todos entre 5.40% para cima. Onde deve estar lá os meus 100 milhões de Euros a 6%, a pedido do IGCP para dar um ar de sucesso à emissão!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Plano de Resgate da Irlanda

Este fim-de-semana ficámos a saber os detalhes do plano de resgate da Irlanda. Genericamente são os seguintes:
- Pacote de Resgate de 85 mil milhões de Euros
- Taxa média do empréstimo de 5,83%.
- Prazo dos empréstimos entre 4 anos e meio a 10 anos.
- Extensão do prazo médio do empréstimo à Grécia para 7 anos e meio.
- 22,5 mil milhões de Euros são empréstimos do Reino Unido, Dinamarca e Suécia.
- Serão utilizados 10 mil milhões de Euros já para recapitalizar os bancos.
-  Até 2013 continuará em funcionamento o EFSF (European Financial Stability Fund). A partir dessa data passaremos a ter o European Stability Mechanism (ESM). Não ficou definido nenhum montante para o novo fundo e também não ficou definido se a utilização do fundo implicará reestruturação.
-  Introdução do CAC (Collective Action Clauses) em 2013 – Cláusulas que permitem a reestruturação das obrigações emitidas. Segundo o que se apurou, terá numa fase inicial um carácter experimental, com uma reavaliação em 2015, esperando que apenas em 2018/2019 se tornem as mais utilizadas.
Na minha opinião, este plano é um bom ínicio, a extenção dos prazos médios (Grécia e Irlanda) é muito favorável, mas falta o resto:
- Aumento de fundos disponíveis no EFSF (suficiente para acolher um socorro a Espanha).
- Enquanto se falar em reestruturação de dívida – nada feito!
- E por fim, ponham as máquinas a funcionar e comprem dívida periférica! Se elas já estão a funcionar, então digam claramente!